São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

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Correria

Intervalo curto entre GPs obriga times a correrem para desmontar circo em Interlagos, cancelarem festa e viajarem sem descanso

CAROLINA ARAÚJO
DE SÃO PAULO

Eram 14h16, e o GP Brasil havia começado só 13 minutos antes. Nos paddocks de Interlagos, porém, funcionários da Virgin já desmontavam os boxes da equipe.
Ao mesmo tempo, um carrinho da Toro Rosso trazia compartimentos de metal, rapidamente enchidos com equipamentos do time.
Às 14h30, as três mesas do restaurante improvisado da Force India haviam desaparecido. A placa que indicava a entrada dos boxes da Renault, também. Até as catracas que controlavam o acesso à área dos paddocks já tinham sido retiradas.
Enquanto Sebastian Vettel cruzava a linha de chegada em primeiro lugar, às 15h17, funcionários da McLaren enchiam grandes caixas de metal com objetos diversos, de cadeiras a uma geladeira.
Uma hora após o fim da corrida, as pilhas de caixas eram os maiores vestígios de que as equipes ergueram ali, por cinco dias, seu quartel- -general em Interlagos.
Não dava tempo de esperar a bandeirada final. Todos tinham de correr, têm apenas uma semana de intervalo entre o GP Brasil e o de Abu Dhabi, no próximo domingo.
A tradicional noite de festas das equipes da F-1 após a prova paulistana teve de ser adiada para 2011.
No lugar das celebrações, o que se viu foi correria para desmontar e empacotar toda a estrutura armada em Interlagos -cerca de 30 toneladas por equipe- e embarcá-la para os Emirados Árabes.
E não apenas os equipamentos deixaram São Paulo logo após o fim do GP. A maior parte dos membros das equipes também saiu do Brasil entre a noite de ontem e a madrugada de hoje.
"Tentamos dar opção, mas, desta vez, ninguém vai descansar. É desmontar tudo, ir para o hotel, tomar banho e correr para o aeroporto", disse Geoff Simmonds, coordenador da Renault.
Neste ano, outras duas provas foram realizadas em dois fins de semana consecutivos: Austrália (28 de março) e Malásia (4 de abril), e Alemanha (25 de julho) e Hungria (1º de agosto).
Mas, nos dois casos, as distâncias entre as cidades que abrigaram as disputas eram muito menores do que a que separa São Paulo de Abu Dhabi -12.103 km. Os voos duram cerca de 14 horas.
"O problema nem é de custo, que não é diferente do que gastamos em outras viagens. O problema mesmo é o tempo escasso", disse Massimo Balocchi, responsável pela logística da Ferrari.
"Também tivemos pouco tempo para ir de Barcelona para Mônaco. Foi difícil, mas desta vez é mais porque a viagem é muito longa", concordou Simon Roberts, diretor operacional da McLaren, que, há três meses, começou a planejar a estratégia do time para chegar a Abu Dhabi.
"As equipes ficam sabendo do calendário muito tempo antes. Por isso, tivemos tempo para planejar esta viagem", explicou Simmonds.
O plano das escuderias é que, na quarta de manhã, os funcionários já estejam trabalhando na montagem de boxes e paddocks.
Mas a restrita quantidade de voos para Abu Dhabi foi apontada como um dos obstáculos para que esse cronograma seja cumprido.
Paul Singlehurst, coordenador da Williams, disse que a maior parte dos mecânicos iria na madrugada de hoje para Doha, outro dos Emirados, porque não havia mais lugares em voos diretos.
A viagem entre Doha e o circuito de Yas Marina está prevista para amanhã.
Para acelerar o trabalho, a Virgin também enviou para Abu Dhabi funcionários de sua base no Reino Unido.
São eles que irão receber os primeiros caminhões com os equipamentos, até que os trabalhadores que estiveram na corrida em São Paulo desembarquem.


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