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ANÁLISE
Red Bull enfrenta o maior dilema da história da F-1
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE MUNDO
Eram 16h23 de ontem
quando Christian Horner deixou o escritório da Red Bull,
camisa ensopada de champanhe, e andou até os boxes
para acompanhar a desmontagem dos equipamentos
que iriam para Abu Dhabi.
Apesar do champanhe, do
"We are the Champions" nas
caixas de som, da conquista
do Mundial de Construtores,
o sentimento que sua passagem por ali despertava era de
quase pena. Os comentários,
todos na linha do "não queria estar na pele dele".
Horner é inglês, 36 anos,
piloto frustrado que virou dirigente. É chefe da Red Bull.
E virou figura central do
maior dilema da história da
F-1, uma escolha de Sofia.
Ok, em 76 Lauda deve ter
sofrido para decidir que não
correria no dilúvio de Fuji,
entregando o título para
Hunt. Em 86, a Williams deu
o Mundial para o rival Prost,
mas não tinha muito o que
fazer: Mansell e Piquet não
aceitariam ordem nenhuma.
Mas nunca, neste esporte
que é tão confundido com
negócio, o esporte se confundiu tanto com negócio.
A Red Bull é, antes que tudo, uma marca. Uma marca
com vida própria. Vi, tempos
atrás, uma pesquisa: muita
gente que não sabe que existe o energético, que nunca
experimentou ou que provou
e não gostou, admira a imagem de modernidade, ação,
irreverência e esportividade
que a empresa construiu.
Valores que a equipe evocou ao criticar a postura da
Ferrari em Hockenheim, invertendo as posições de
Alonso e Massa. Que reforçou nos últimos GPs, ao ver
seus pontos divididos entre
seus pilotos enquanto Alonso avançava. E que estarão
em jogo em Abu Dhabi.
Uma dobradinha Vettel-
-Webber não é coisa rara. Já
ocorreu três vezes neste ano
-contra uma na mão oposta.
Se acontecer em Abu Dhabi,
significa o tricampeonato de
Alonso. Significa a equipe
dos carros mais velozes e
equilibrados perder o ano.
A não ser, claro, que Horner aperte o botão do rádio.
Se acontecer, significa rasgar os valores da marca, dar
margem para ser chamado
de antiesportivo. Um prejuízo midiático que pode demorar a ser recuperado.
Horner faz 37 na terça, dia
16. Até lá, vive este inferno
astral.
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