São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Red Bull enfrenta o maior dilema da história da F-1

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE MUNDO

Eram 16h23 de ontem quando Christian Horner deixou o escritório da Red Bull, camisa ensopada de champanhe, e andou até os boxes para acompanhar a desmontagem dos equipamentos que iriam para Abu Dhabi.
Apesar do champanhe, do "We are the Champions" nas caixas de som, da conquista do Mundial de Construtores, o sentimento que sua passagem por ali despertava era de quase pena. Os comentários, todos na linha do "não queria estar na pele dele".
Horner é inglês, 36 anos, piloto frustrado que virou dirigente. É chefe da Red Bull.
E virou figura central do maior dilema da história da F-1, uma escolha de Sofia.
Ok, em 76 Lauda deve ter sofrido para decidir que não correria no dilúvio de Fuji, entregando o título para Hunt. Em 86, a Williams deu o Mundial para o rival Prost, mas não tinha muito o que fazer: Mansell e Piquet não aceitariam ordem nenhuma.
Mas nunca, neste esporte que é tão confundido com negócio, o esporte se confundiu tanto com negócio.
A Red Bull é, antes que tudo, uma marca. Uma marca com vida própria. Vi, tempos atrás, uma pesquisa: muita gente que não sabe que existe o energético, que nunca experimentou ou que provou e não gostou, admira a imagem de modernidade, ação, irreverência e esportividade que a empresa construiu.
Valores que a equipe evocou ao criticar a postura da Ferrari em Hockenheim, invertendo as posições de Alonso e Massa. Que reforçou nos últimos GPs, ao ver seus pontos divididos entre seus pilotos enquanto Alonso avançava. E que estarão em jogo em Abu Dhabi.
Uma dobradinha Vettel- -Webber não é coisa rara. Já ocorreu três vezes neste ano -contra uma na mão oposta. Se acontecer em Abu Dhabi, significa o tricampeonato de Alonso. Significa a equipe dos carros mais velozes e equilibrados perder o ano.
A não ser, claro, que Horner aperte o botão do rádio.
Se acontecer, significa rasgar os valores da marca, dar margem para ser chamado de antiesportivo. Um prejuízo midiático que pode demorar a ser recuperado.
Horner faz 37 na terça, dia 16. Até lá, vive este inferno astral.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Rotina
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.