São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA

Às pressas, confederações fazem projetos para crianças carentes a fim de se adequar ao pensamento do novo governo

Por verbas, olímpicos investem no social

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI

DA REPORTAGEM LOCAL

A sinalização do governo eleito, de que o provável Ministério do Esporte e Lazer irá priorizar investimentos em projetos sociais, já começa a fazer com que as confederações olímpicas se mexam.
Visando conseguir verbas oficiais a partir do próximo ano, entidades que comandam algumas das principais modalidades do país, como o judô, os esportes aquáticos e o basquete, pretendem lançar seus projetos em 2003.
A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) aproveita a disputa de competição em Salvador neste fim de semana para discutir, entre outros assuntos, a viabilidade da realização de um projeto social.
""Várias federações estaduais já trabalham com comunidades carentes. Vamos aproveitar a reunião para ouvi-las. Mas isso [a organização de programas sociais" não é para ontem, necessita estudos", afirma Paulo Wanderley Teixeira, 52, presidente da CBJ.
O dirigente reconhece que tal iniciativa foi incentivada pelo fato de Lula ter sinalizado na direção de investimentos na área social.
""Não acho que o novo governo irá privilegiar o lado social em detrimento do esporte de alto rendimento. Acredito que o novo presidente vai estar bem assessorado e agir com equilíbrio", afirma.
A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) pretende lançar o seu em maio do ano que vem. A idéia do presidente Gerasime Bozikis, o Grego, é implantar núcleos de formação de atletas em comunidades carentes. O projeto começará em dez Estados, mas sonha atingir 27 unidades da federação. Para 2003, o orçamento deve ser de cerca de R$ 750 mil.
"A idéia é buscarmos parcerias com os governos federal, estadual e municipal. Vamos aproveitar os programas já existentes de diversas federações. Além disso, utilizaremos nossos parceiros, como a Penalty, que forneceria bolas e material esportivo", disse Grego.
Apoiada pelos Correios desde 1991 -é uma das parcerias mais longas do esporte amador-, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) também preparou um projeto social para se adequar ao novo governo.
Batizado pelo presidente da entidade, Coaracy Nunes, de "Projeto Brasil Natação", o programa prevê o atendimento a 600 mil crianças carentes, que seriam orientadas em 400 piscinas de unidades do Sesi e do Sesc.
"Podemos iniciar o programa a qualquer momento. Se depender de projetos sociais, tenho certeza de que ficaremos com o patrocínio", disse Nunes, que recebe R$ 4,5 milhões anuais dos Correios.
Outras federações pretendem assumir a coordenação de programas já existentes. Esse é o caso da FBVM (Federação Brasileira de Vela e Motor), que não possui um projeto social, mas quer encampar o "Navegar", que ensina crianças de baixa renda a velejar e é coordenado pelo secretário nacional do Esporte, Lars Grael.
"Se já temos uma iniciativa boa, não há necessidade de se quebrar a cabeça e se pensar em outra", afirmou Walcles de Alencar Osório, presidente da FBVM.
Alguns empreendimentos são antigos, mas ainda não foram viabilizados por questões burocráticas. Os dirigentes da CBC (Confederação Brasileira de Canoagem) tentam, há dois anos, pôr em prática o seu programa.
""Nosso projeto "Canoagem Solidária" ainda depende da aprovação do Conanda [Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente] para que possamos arrecadar recursos com empresas mediante abatimento no Imposto de Renda", queixa-se o diretor técnico da CBC, Paul Justin Imbriaco, 27.
O projeto prevê o favorecimento a 9.000 crianças, que seriam atendidas em 64 núcleos espalhados por 16 Estados. As prefeituras, forneceriam estrutura física, transporte e alimentação.
""É preciso seis meses para fazer um projeto pequeno, com até 30 unidades. Sem contar os problemas burocráticos", diz Imbriaco.



Texto Anterior: Futebol: Federação Alemã pede à Fifa fim do impedimento
Próximo Texto: Exceções, vôlei e atletismo têm projetos antigos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.