São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2004

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FUTEBOL

A esperança dos desesperados

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Dos oito times com esperanças de se livrarem da segunda divisão, três serão rebaixados. Se o Grêmio tivesse escalado o zagueiro Baloy de centroavante, teria tido mais chances. Baloy fez gols nos últimos dois jogos.
A esperança do Guarani é a certeza de que o time melhorou após as radicais mudanças. Para seus torcedores, não é difícil ganhar do Paysandu. O outro jogo será em Campinas, contra o desanimado e já condenado Grêmio. Seriam suficientes 52 pontos.
A esperança do Atlético-MG é que vai enfrentar o Grêmio e depois, em casa, o São Caetano, que poderá não ter mais nenhuma pretensão. Os dirigentes, o técnico e até os jogadores do Atlético confiam muito mais na força de sua torcida. Ela poderá ser a grande esperança, já que nem os atletas acreditam neles e nos próprios companheiros.
A esperança do Vitória, além dos santos da Bahia, é que o Cruzeiro, mesmo no Mineirão, não ganha mais de ninguém. Como afirmou o Telmo Zanini, a torcida do Cruzeiro vai torcer para o Vitória e a do Atlético-MG vai torcer pelo Cruzeiro. Entendeu? Na última partida, o Vitória, em casa, terá grandes chances de ganhar da Ponte Preta.
A esperança do Criciúma é decidir em casa contra o Coritiba, que não deverá lutar por mais nada. Como o Palmeiras tem jogado mal e parte do time já está de férias, o Criciúma sonha também com um bom resultado no Parque Antarctica.
A esperança do Paysandu é precisar apenas de uma vitória em Belém, contra o Guarani, um adversário teoricamente inferior.
A esperança do Botafogo são as últimas vitórias em seu campo. Mas, se o time precisar de pontos no último jogo, fora de casa, contra o Atlético-PR, as chances serão mínimas, a não ser que o time paranaense já tenha sido campeão.
A esperança do Flamengo é a de também ganhar em casa do Cruzeiro, hoje um adversário mais fácil do que o Corinthians para o Botafogo. Como o Flamengo tem jogado melhor contra fortes equipes, o time sonha ainda com um bom resultado diante do São Paulo. As esperanças aumentaram com a suspensão de Felipe. Mas com Dill e Dimba será difícil. Uma solução seria colocar Júnior Baiano de centroavante. Falo sério. Porém pioraria a defesa.
A esperança do Vasco não é tanto conseguir pontos contra Atlético-PR e Santos, e sim se livrar com 51 pontos, já que tem 13 vitórias. Apesar de ter um ponto a mais do que Flamengo e Botafogo e mais vitórias, as possibilidades de o Vasco ser rebaixado são, mais ou menos, as mesmas dos rivais cariocas. A qualidade do adversário não entra na avaliação estatística.
As previsões matemáticas correm risco de darem errado. Os computadores não observam os detalhes subjetivos nem têm intuições; somente associam as informações.
Apesar dos fatores negativos serem mais fortes do que os positivos, todas as oito equipes têm grandes esperanças, motivos e certeza de que não vão cair. "A esperança é a última que mata." (Millôr Fernandes).

Teoria e prática
Agradeço ao Parreira o convite para participar do 1º Fórum Internacional de Futebol no Rio, mas não pude comparecer. Dois técnicos estrangeiros elogiaram a postura do Parreira de valorizar a posse de bola, um antigo estilo brasileiro. Concordo, porém isso aconteceu quando o técnico dirigiu a seleção na Copa do Mundo de 1994, o Corinthians e outras equipes, mas não na atual seleção, que pouco toca a bola no campo adversário.
No time atual, os três volantes recebem no seu campo a bola dos zagueiros e dos laterais, tocam para o Kaká e pouco avançam. Aí Kaká dispara com a bola em direção ao gol. Há pouca troca de passes. A arrancada do Kaká é a sua principal qualidade e o seu principal defeito. Podem ocorrer espetaculares jogadas ofensivas ou ele perder a bola e ceder o contra-ataque.
Parreira precisa ajustar a teoria com a prática.

Punição
Se a legislação esportiva for clara sobre a perda de 24 pontos do São Caetano, a lei terá de ser cumprida, mesmo sendo injusta do ponto de vista esportivo.
Será que não há dúvidas sobre a interpretação da lei? O São Caetano não deveria ser punido de outra forma?
Penso que sim.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


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