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FUTEBOL
A esperança dos desesperados
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Dos oito times com esperanças de se livrarem da segunda divisão, três serão rebaixados.
Se o Grêmio tivesse escalado o zagueiro Baloy de centroavante, teria tido mais chances. Baloy fez
gols nos últimos dois jogos.
A esperança do Guarani é a certeza de que o time melhorou após
as radicais mudanças. Para seus
torcedores, não é difícil ganhar do
Paysandu. O outro jogo será em
Campinas, contra o desanimado
e já condenado Grêmio. Seriam
suficientes 52 pontos.
A esperança do Atlético-MG é
que vai enfrentar o Grêmio e depois, em casa, o São Caetano, que
poderá não ter mais nenhuma
pretensão. Os dirigentes, o técnico
e até os jogadores do Atlético confiam muito mais na força de sua
torcida. Ela poderá ser a grande
esperança, já que nem os atletas
acreditam neles e nos próprios
companheiros.
A esperança do Vitória, além
dos santos da Bahia, é que o Cruzeiro, mesmo no Mineirão, não
ganha mais de ninguém. Como
afirmou o Telmo Zanini, a torcida do Cruzeiro vai torcer para o
Vitória e a do Atlético-MG vai
torcer pelo Cruzeiro. Entendeu?
Na última partida, o Vitória, em
casa, terá grandes chances de ganhar da Ponte Preta.
A esperança do Criciúma é decidir em casa contra o Coritiba,
que não deverá lutar por mais
nada. Como o Palmeiras tem jogado mal e parte do time já está
de férias, o Criciúma sonha também com um bom resultado no
Parque Antarctica.
A esperança do Paysandu é precisar apenas de uma vitória em
Belém, contra o Guarani, um adversário teoricamente inferior.
A esperança do Botafogo são as
últimas vitórias em seu campo.
Mas, se o time precisar de pontos
no último jogo, fora de casa, contra o Atlético-PR, as chances serão mínimas, a não ser que o time
paranaense já tenha sido campeão.
A esperança do Flamengo é a de
também ganhar em casa do Cruzeiro, hoje um adversário mais fácil do que o Corinthians para o
Botafogo. Como o Flamengo tem
jogado melhor contra fortes equipes, o time sonha ainda com um
bom resultado diante do São
Paulo. As esperanças aumentaram com a suspensão de Felipe.
Mas com Dill e Dimba será difícil.
Uma solução seria colocar Júnior
Baiano de centroavante. Falo sério. Porém pioraria a defesa.
A esperança do Vasco não é
tanto conseguir pontos contra
Atlético-PR e Santos, e sim se livrar com 51 pontos, já que tem 13
vitórias. Apesar de ter um ponto a
mais do que Flamengo e Botafogo
e mais vitórias, as possibilidades
de o Vasco ser rebaixado são,
mais ou menos, as mesmas dos rivais cariocas. A qualidade do adversário não entra na avaliação
estatística.
As previsões matemáticas correm risco de darem errado. Os
computadores não observam os
detalhes subjetivos nem têm intuições; somente associam as informações.
Apesar dos fatores negativos serem mais fortes do que os positivos, todas as oito equipes têm
grandes esperanças, motivos e
certeza de que não vão cair. "A esperança é a última que mata."
(Millôr Fernandes).
Teoria e prática
Agradeço ao Parreira o convite
para participar do 1º Fórum Internacional de Futebol no Rio,
mas não pude comparecer. Dois
técnicos estrangeiros elogiaram a
postura do Parreira de valorizar
a posse de bola, um antigo estilo
brasileiro. Concordo, porém isso
aconteceu quando o técnico dirigiu a seleção na Copa do Mundo
de 1994, o Corinthians e outras
equipes, mas não na atual seleção, que pouco toca a bola no
campo adversário.
No time atual, os três volantes
recebem no seu campo a bola dos
zagueiros e dos laterais, tocam
para o Kaká e pouco avançam. Aí
Kaká dispara com a bola em direção ao gol. Há pouca troca de passes. A arrancada do Kaká é a sua
principal qualidade e o seu principal defeito. Podem ocorrer espetaculares jogadas ofensivas ou ele
perder a bola e ceder o contra-ataque.
Parreira precisa ajustar a teoria
com a prática.
Punição
Se a legislação esportiva for clara sobre a perda de 24 pontos do
São Caetano, a lei terá de ser
cumprida, mesmo sendo injusta
do ponto de vista esportivo.
Será que não há dúvidas sobre a
interpretação da lei? O São Caetano não deveria ser punido de
outra forma?
Penso que sim.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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