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cinderelas
Mulheres voltam à vida real com fim da Copa do Brasil
Estrutura, bancada quase que exclusivamente pela CBF, funciona, mas falta de retorno põe continuidade em xeque
Mato Grosso do Sul/Saad e Botucatu decidem hoje título da competição que não tirou o futebol
feminino do anonimato
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Elas conseguiram fazer a
CBF, sempre econômica quando se trata de clubes, abrir o cofre, mas o futuro parece estar
longe se ser promissor.
A primeira Copa do Brasil feminina acaba hoje, às 18h10, em
Brasília, com a decisão entre
Mato Grosso do Sul/Saad e Botucatu, com um "conforto"
nunca antes visto no país no futebol das mulheres.
O torneio foi lançado às pressas logo depois do vice-campeonato mundial da seleção, na
China, marcado pelo protesto
das atletas em busca de mais
apoio para a modalidade.
Pressionada, a CBF concebeu a Copa do Brasil esperando
que verbas do governo e de estatais a bancassem. O dinheiro
não chegou, e a entidade teve
que gastar recursos próprios.
No mesmo ano em que anunciou que não vai mais ajudar
qualquer time da Série C masculina, a CBF é elogiada pelos
32 clubes que participaram da
Copa do Brasil feminina. Viagens aéreas e hospedagem para
23 pessoas foram pagas pela
confederação, que também
bancou despesas com arbitragem e seguro dos torcedores.
"Nunca no Brasil um torneio
feminino teve essa organização", elogia Romeu de Castro, o
presidente do Saad, clube que
há mais de duas décadas está na
modalidade, mas que precisou
fazer uma parceria com a federação de Mato Grosso do Sul
para disputar o certame.
Como os jogos tiveram portões abertos, cada partida teve
um prejuízo mínimo de quase
R$ 2.000, que na maioria dos
casos só não foi maior pelo desinteresse dos torcedores, o
que evitou gastos maiores. Nas
semifinais, em Brasília, cerca
de cem torcedores estiveram
presentes no Mané Garrincha.
As televisões abertas e os
grandes jornais também fizeram pouco da Copa do Brasil.
Dessa forma, a CBF, que ainda não calculou quando gastou
com o evento, afirma que a segunda edição do torneio ainda
não foi planejada e que ela não
está garantida para 2008.
Assim, dá mais motivos para
jogadoras e cartolas aumentarem sua preocupação com relação ao futuro do esporte.
"O campeonato acaba amanhã [hoje]. Ninguém sabe o calendário do ano que vem, o que
tem, o que não tem, o que há de
concreto, se vai haver patrocinadores", afirma Daniela Alves,
um dos destaques da seleção
brasileira e que defende o time
do Mato Grosso do Sul/Saad.
"O medo [de a CBF não dar
continuidade ao torneio] sempre existe. O receio de que morra aqui existe", declara Marcelo
Marcolin, supervisor do Botucatu. Ele espera torneios estaduais fortes para turbinar as esperadas próximas edições da
competição nacional.
Colaborou SÉRGIO RANGEL, enviado especial a Teresópolis
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