São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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cinderelas

Mulheres voltam à vida real com fim da Copa do Brasil

Estrutura, bancada quase que exclusivamente pela CBF, funciona, mas falta de retorno põe continuidade em xeque

Mato Grosso do Sul/Saad e Botucatu decidem hoje título da competição que não tirou o futebol feminino do anonimato


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Elas conseguiram fazer a CBF, sempre econômica quando se trata de clubes, abrir o cofre, mas o futuro parece estar longe se ser promissor. A primeira Copa do Brasil feminina acaba hoje, às 18h10, em Brasília, com a decisão entre Mato Grosso do Sul/Saad e Botucatu, com um "conforto" nunca antes visto no país no futebol das mulheres. O torneio foi lançado às pressas logo depois do vice-campeonato mundial da seleção, na China, marcado pelo protesto das atletas em busca de mais apoio para a modalidade.
Pressionada, a CBF concebeu a Copa do Brasil esperando que verbas do governo e de estatais a bancassem. O dinheiro não chegou, e a entidade teve que gastar recursos próprios.
No mesmo ano em que anunciou que não vai mais ajudar qualquer time da Série C masculina, a CBF é elogiada pelos 32 clubes que participaram da Copa do Brasil feminina. Viagens aéreas e hospedagem para 23 pessoas foram pagas pela confederação, que também bancou despesas com arbitragem e seguro dos torcedores.
"Nunca no Brasil um torneio feminino teve essa organização", elogia Romeu de Castro, o presidente do Saad, clube que há mais de duas décadas está na modalidade, mas que precisou fazer uma parceria com a federação de Mato Grosso do Sul para disputar o certame.
Como os jogos tiveram portões abertos, cada partida teve um prejuízo mínimo de quase R$ 2.000, que na maioria dos casos só não foi maior pelo desinteresse dos torcedores, o que evitou gastos maiores. Nas semifinais, em Brasília, cerca de cem torcedores estiveram presentes no Mané Garrincha.
As televisões abertas e os grandes jornais também fizeram pouco da Copa do Brasil. Dessa forma, a CBF, que ainda não calculou quando gastou com o evento, afirma que a segunda edição do torneio ainda não foi planejada e que ela não está garantida para 2008.
Assim, dá mais motivos para jogadoras e cartolas aumentarem sua preocupação com relação ao futuro do esporte. "O campeonato acaba amanhã [hoje]. Ninguém sabe o calendário do ano que vem, o que tem, o que não tem, o que há de concreto, se vai haver patrocinadores", afirma Daniela Alves, um dos destaques da seleção brasileira e que defende o time do Mato Grosso do Sul/Saad.
"O medo [de a CBF não dar continuidade ao torneio] sempre existe. O receio de que morra aqui existe", declara Marcelo Marcolin, supervisor do Botucatu. Ele espera torneios estaduais fortes para turbinar as esperadas próximas edições da competição nacional.


Colaborou SÉRGIO RANGEL, enviado especial a Teresópolis


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