|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Federação detona crise e se cala
Antes de falar com a CBF, Marco Polo Del Nero alerta promotor sobre tentativa de manipulação
Na conversa com Ministério Público, cartola aventou a possibilidade de o São Paulo enviar ingresso de show para o juiz Wagner Tardelli
DOS ENVIADOS A BRASÍLIA
DO PAINEL FC
Depois de lançar suspeita sobre a decisão do Campeonato
Brasileiro, Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, calou-se.
Enquanto outros envolvidos
ou interessados manifestaram-se, o cartola disse, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
só vai se pronunciar após ser
esclarecida a suposta tentativa
de manipulação do resultado
de Goiás x São Paulo.
Del Nero tinha uma tribuna
reservada para a sua comitiva
no Bezerrão, mas não assistiu à
partida, que teve o árbitro Wagner Tardelli trocado após o dirigente alertar a CBF. Falou de
uma situação estranha envolvendo o São Paulo e o juiz.
Até agora, nenhuma prova
concreta foi apresentada. E o
dirigente terá de dar explicações ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
A área reservada para Del
Nero no estádio acabou ocupada justamente por dirigentes
do São Paulo, que romperam
relações com a entidade por
causa do imbróglio.
A confusão começou na sexta. Pouco antes da meia-noite,
Del Nero telefonou para José
Reinaldo Guimarães Carneiro,
promotor do Gaeco, grupo que
combate o crime organizado no
Ministério Público paulista.
O cartola da FPF afirmou que
foi avisado por sua secretária
de que a secretária de Juvenal
Juvêncio, presidente do São
Paulo, tinha vários envelopes
para entregar à federação.
As duas começaram a conferir os nomes e descobriram que
o de Tardelli estava lá. A lista
teria sido elaborada por Reinaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da federação. Del Nero
disse ao promotor, um dos responsáveis pela investigação da
máfia do apito em 2005, que o
envelope não foi entregue.
Não sabia o que ele continha,
mas imaginou que poderiam
ser ingressos para o show de
Madonna no Morumbi.
Disse ao promotor ser hábito
do São Paulo dar convites ao
pessoal da federação.
O cartola afirmou ainda que
estava procurando o Ministério
Público porque queria dividir o
caso com as autoridades. Ouviu
a sugestão de pedir à CBF que
trocasse o juiz. Foi feito.
O promotor também disse a
Del Nero que não há motivos,
pelo menos por enquanto, para
o Ministério Público começar
uma investigação. Cabe ao
STJD apurar o que houve.
Inicialmente, a confederação
achou fantasiosa a versão dos
ingressos. Agora já começa a
acreditar que seja verdadeira.
O STJD já foi comunicado informalmente sobre esse caso. E
o procurador Paulo Schmitt deve comparecer hoje pela manhã ao órgão para começar a tomar as primeiras providências.
A confederação também não
sabe nada sobre a suspeita de o
envelope conter ingressos para
o show de Madonna.
O São Paulo nega tentar enviar algo para o árbitro.
"É absurdo acreditar que alguém pudesse colocar dinheiro
num envelope para comprar o
juiz e mandar para a federação.
Só se for normal a federação receber esses envelopes", afirmou João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol são-paulino.
(PAULO GALDIERI, PAULO COBOS, TONI ASSIS E RICARDO PERRONE)
Colaborou EDUARDO SCOLESE
da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Soninha: Os vários triunfos Próximo Texto: Frase Índice
|