São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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SONINHA

Os vários triunfos


O São Paulo pode ter sido o campeão do Brasileiro, entretanto não é o único vencedor nesta temporada

FIM DE SEMANA passado, Alemanha. Neste, Tibete. Ao menos, parece...
Vim para Três Coroas participar da cerimônia de consagração de um templo budista conduzida segundo tradições mantidas há séculos. Éramos centenas de alunos de quatro continentes e dezenas de lamas (professores) e monges vindos da Índia, do Nepal e do Butão.
O Tibete, terra natal de muitos deles, não existe mais no mapa -a não ser como "território da China". A prosseguir a devastação/colonização das últimas décadas, a cultura tibetana (inclusive o idioma) só conseguirá mesmo sobreviver em terra estrangeira.
Quer dizer então que fiquei dias longe do futebol? Como se fosse possível. Nos intervalos, perguntas e comentários sobre Fluminense, Cruzeiro, São Paulo e, principalmente, Inter e Grêmio. "Tu vieste até aqui para ficar mais perto do campeão?" (Três Coroas fica a 95 km de Porto Alegre).
O mestre regente da cerimônia gosta tanto de futebol e é tão fascinado por suas implicações na sociedade que dirigiu o longa-metragem "A Copa", no qual pequenos monges butaneses fazem das tripas coração para conseguir assistir aos jogos do adorado Ronaldo -que, além de tudo, era careca como eles.
Anos atrás, permitiu que assistíssemos à final da Libertadores (Boca x Santos) em uma TV trazida de última hora para o templo. Aliás, assistiu junto.
Alguns gremistas acalentaram a esperança de convencê-lo a ir até o Olímpico -pensar que estava tão perto o palco que poderia "consagrar" o campeão de 2008... Mas a esperança é desaconselhada pelos ensinamentos budistas. O certo é agir de modo a criar causas e condições para que o melhor aconteça. E, ainda assim, pode dar errado.
O "deus dos estádios", disse Juca Kfouri, não permitiu que o São Paulo fosse campeão antecipadamente.
De fato, não seria justo com quem o perseguiu tão de perto. E tiraria parte da graça da última rodada para gremistas, colorados, corintianos, santistas, atleticanos, são-paulinos...
A graça maior foi mesmo dos últimos, que novamente foram os primeiros -mas não os únicos. Foram vencedores na temporada a organização, a estrutura, o planejamento, a paciência, a persistência e a constância. E a "teimosia". Parabéns aos dois técnicos tricolores -e aos que os mantiveram no emprego.
(Diga-se de passagem, parabéns também ao técnico do tricolor carioca. Pelo 14º lugar? Claro que não! Ele foi muito além disso).
Foram vitoriosos neste ano o entrosamento, a qualidade no passe. E um brilhozinho, um que seja, de talento. Para cruzamentos (como Jorge Wagner), marcação (André Dias), conclusões (Borges) e organização (Hernanes). Talentos tão diversos como os de Victor, Rafael Carioca, Ramires e Wagner. Alex e D'Alessandro. Thiago Silva e Conca. Edno.
Às vezes, Ibson e Kleber. (ok, nem sempre um brilhozinho resolve).
O Grêmio e o Cruzeiro (e o Inter) não foram campeões, mas triunfaram em 2008. O Palmeiras foi G4, mas fracassou. O Flamengo, então...
Pena, pena mesmo que o "gol do título" tenha sido irregular. Mas vamos combinar: falamos de arbitragem na semana que vem.

soninha.folha@uol.com.br


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