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FÁBIO SEIXAS
Paixão de infância
Única certeza dos testes pré-temporada, que terminam em um mês, Kubica só espera Melbourne para deslanchar
SEXTA-FEIRA , dia 9. Não esta,
não hoje, mas a próxima sexta,
9. Daqui a um mês, será encerrada a pré-temporada da F-1. As
equipes estarão proibidas de testar,
alguns pilotos já rodarão a Austrália
envolvidos em promoções, apenas
um ou outro reserva ficará pela Europa para um ou outro shakedown.
E, como sempre, haverá pouco o
que deduzir dos resultados dos treinos. Até porque o clima neste ano
parece mais impiedoso que nos anteriores -ontem, de novo, o aguaceiro arruinou os esforços em Jerez.
Sim, alguns times irão para o Bahrein, onde chove menos e não neva.
Mas não serão todos... Enfim, a
maioria das verdades sobre a temporada só começará a ser revelada
em 16 de março, no Albert Park.
Há uma verdade, porém, já conhecida. Há uma constante nos testes.
Há uma realidade esperando o início do campeonato para deslanchar.
Kubica. Robert Kubica. Polonês,
22 anos, apenas seis GPs no currículo, mas dono de um talento gigantesco, nato, e de uma história que inevitavelmente remete a casos famosos.
Tome os resultados dos testes até
agora. Kubica está invariavelmente
entre os primeiros. Anteontem, um
dos dias mais proveitosos até agora
na pré-temporada, colocou a BMW
em terceiro, só atrás da Ferrari de
Massa e do McLaren de Hamilton.
Ele não conquistará o campeonato. Não ficará entre os três ou quatro
na classificação. Mas não se surpreenda se, ao fim do Mundial, estiver à frente do mesmo Hamilton ou
de Fisichella, e que isso o catapulte
para uma das grandes já em 2008.
Comparar algo tão impalpável como o talento é sempre arriscado.
Comparar trajetórias parece algo
menos leviano. Principalmente
quando há repetição de padrões.
E o padrão em voga parece ser: jovem piloto de origem humilde vindo
de país marginal para a F-1 recebe
uma oportunidade, agarra-a com todas as forças e se torna campeão.
Aconteceu com os dois últimos
campeões, Schumacher e Alonso.
Pode não se repetir com Kubica.
Mas ele se encaixa direitinho.
Filho de zelador, o alemão teve como primeira paixão um kart construído pelo pai, calçado com pneus
usados e empurrado pelo motor de
uma motocicleta encontrada submersa em um rio. Na F-1, teve uma
chance com a Jordan e fez o que fez.
Filho de um especialista em explosivos, o espanhol apaixonou-se
por um kart que deveria ser de sua
irmã, Lorena. Encantou Briatore, foi
testado na Minardi e fez o que fez.
O polonês veio de uma família
classe média. O que não adiantou
muito. Ele ganhou um buggy, caiu
em paixões pelo carrinho, mas não
tinha onde andar -não havia kartódromos em Cracóvia. A solução,
aprender a dirigir num parque.
Talvez seja coincidência. Talvez
não, e o sucesso tenha ligação com as
dificuldades iniciais na carreira. O
palpite? Kubica não só começou como terminará sua história da mesma forma que os últimos campeões.
LÁ
Alonso teve um piti ontem e saiu
falando grosso. "Não sei muito o
que dizer. Estamos conseguindo
bons tempos, mas nem de longe estamos no ponto em que precisamos
estar na Austrália." Questionado
sobre o que mais gostou no MP4-22, foi sarcástico. "Das cores."
AQUI
Começa neste fim de semana, em
Interlagos, o Paulista de automobilismo. Que inclui a (agora) principal categoria de monopostos do
país, a Fórmula São Paulo. A intenção até é boa, mas o campeonato,
sem apoio de nenhuma montadora, é de uma pobreza só. E a CBA?
Não liga. A Stock, afinal, floresce.
LÁ E AQUI
O Santander, que patrocina a
McLaren, anunciou ontem acordo
com Bruno Senna. Coincidência?
fseixas@folhasp.com.br
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