São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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FÁBIO SEIXAS

Paixão de infância

Única certeza dos testes pré-temporada, que terminam em um mês, Kubica só espera Melbourne para deslanchar

SEXTA-FEIRA , dia 9. Não esta, não hoje, mas a próxima sexta, 9. Daqui a um mês, será encerrada a pré-temporada da F-1. As equipes estarão proibidas de testar, alguns pilotos já rodarão a Austrália envolvidos em promoções, apenas um ou outro reserva ficará pela Europa para um ou outro shakedown.
E, como sempre, haverá pouco o que deduzir dos resultados dos treinos. Até porque o clima neste ano parece mais impiedoso que nos anteriores -ontem, de novo, o aguaceiro arruinou os esforços em Jerez. Sim, alguns times irão para o Bahrein, onde chove menos e não neva. Mas não serão todos... Enfim, a maioria das verdades sobre a temporada só começará a ser revelada em 16 de março, no Albert Park. Há uma verdade, porém, já conhecida. Há uma constante nos testes. Há uma realidade esperando o início do campeonato para deslanchar. Kubica. Robert Kubica. Polonês, 22 anos, apenas seis GPs no currículo, mas dono de um talento gigantesco, nato, e de uma história que inevitavelmente remete a casos famosos.
Tome os resultados dos testes até agora. Kubica está invariavelmente entre os primeiros. Anteontem, um dos dias mais proveitosos até agora na pré-temporada, colocou a BMW em terceiro, só atrás da Ferrari de Massa e do McLaren de Hamilton. Ele não conquistará o campeonato. Não ficará entre os três ou quatro na classificação. Mas não se surpreenda se, ao fim do Mundial, estiver à frente do mesmo Hamilton ou de Fisichella, e que isso o catapulte para uma das grandes já em 2008.
Comparar algo tão impalpável como o talento é sempre arriscado. Comparar trajetórias parece algo menos leviano. Principalmente quando há repetição de padrões. E o padrão em voga parece ser: jovem piloto de origem humilde vindo de país marginal para a F-1 recebe uma oportunidade, agarra-a com todas as forças e se torna campeão. Aconteceu com os dois últimos campeões, Schumacher e Alonso. Pode não se repetir com Kubica. Mas ele se encaixa direitinho.
Filho de zelador, o alemão teve como primeira paixão um kart construído pelo pai, calçado com pneus usados e empurrado pelo motor de uma motocicleta encontrada submersa em um rio. Na F-1, teve uma chance com a Jordan e fez o que fez. Filho de um especialista em explosivos, o espanhol apaixonou-se por um kart que deveria ser de sua irmã, Lorena. Encantou Briatore, foi testado na Minardi e fez o que fez.
O polonês veio de uma família classe média. O que não adiantou muito. Ele ganhou um buggy, caiu em paixões pelo carrinho, mas não tinha onde andar -não havia kartódromos em Cracóvia. A solução, aprender a dirigir num parque. Talvez seja coincidência. Talvez não, e o sucesso tenha ligação com as dificuldades iniciais na carreira. O palpite? Kubica não só começou como terminará sua história da mesma forma que os últimos campeões.


Alonso teve um piti ontem e saiu falando grosso. "Não sei muito o que dizer. Estamos conseguindo bons tempos, mas nem de longe estamos no ponto em que precisamos estar na Austrália." Questionado sobre o que mais gostou no MP4-22, foi sarcástico. "Das cores."

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Começa neste fim de semana, em Interlagos, o Paulista de automobilismo. Que inclui a (agora) principal categoria de monopostos do país, a Fórmula São Paulo. A intenção até é boa, mas o campeonato, sem apoio de nenhuma montadora, é de uma pobreza só. E a CBA? Não liga. A Stock, afinal, floresce.

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O Santander, que patrocina a McLaren, anunciou ontem acordo com Bruno Senna. Coincidência?

fseixas@folhasp.com.br


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