São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2009

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Tubos de Noronha perdem forasteiros

Crise econômica e queda na pontuação afastam atletas estrangeiros do mais tradicional campeonato de surfe do país

Na competição que começa hoje, apenas 18 surfistas de outros países buscarão o título; em 2007, eles eram 95 na Cacimba do Padre

GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Campeonato que espalhou a fama das ondas tubulares do arquipélago e levou à praia da Cacimba do Padre uma horda de surfistas estrangeiros nos últimos dez anos, o WQS de Fernando de Noronha, competição mais tradicional do calendário do surfe no país, começa hoje, mais brasileiro do que nunca.
Americanos, sul-africanos, franceses, australianos e havaianos, que costumavam representar número significativo do total de participantes e travar disputas acirradas com os brasileiros nas baterias do campeonato, quase que desapareceram da lista de inscritos.
Neste ano, apenas 18 surfistas do exterior haviam confirmado presença até ontem. No ano passado, foram 41. Em 2007, eles eram 95.
Para a debandada estrangeira, o idealizador do campeonato, Alfio Lagnado, apresenta três justificativas.
"Primeiro, muitos surfistas perderam patrocínio com a crise. Depois, a etapa se tornou isolada no calendário, já que um campeonato seis estrelas que acontecia em Florianópolis na sequência, não existe mais. E, por último, perdemos o status de "prime", o que diminuiu a pontuação do evento", diz.
Entre 2005 e 2008, a competição em Fernando de Noronha, apesar de não ser seis estrelas (a qualificação máxima para uma etapa da divisão de acesso do surfe mundial), distribuiu a pontuação como tal. Os campeões somaram 2.500 pontos no ranking mundial.
Porém, a ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), entidade que regula o circuito, estabeleceu que a indicação "prime", a partir de 2009, seria exclusiva das etapas seis estrelas.
Noronha, cinco estrelas, voltou, portanto, a oferecer 2.000 pontos ao vencedor. Piorando o cenário, a etapa da Praia do Santinho (SC), que acontecia logo em seguida, foi extinta.
"Eu tive a proposta de tornar o campeonato seis estrelas, mas o momento econômico não é adequado", afirmou Lagnado, que distribui US$ 120 mil (R$ 271,5 mil). Numa etapa seis estrelas a premiação é de US$ 145 mil (cerca de R$ 328 mil).
Para o surfista Danilo Gryllo, que esteve em todas as edições e se prepara para, mais uma vez, cair na água em busca dos melhores tubos, a diminuição dos estrangeiros não significa vida fácil para os brasileiros.
"Isso não vai influenciar muito, nem garantir que vamos ter mais chances de ficar com o título, pois um dos fatores decisivos na Cacimba é estar bem posicionado quando surge bom tubo, e mesmo sendo poucos na competição, os estrangeiros podem conseguir isso", disse.
O rebaixamento da pontuação do evento não apenas fez despencar a participação de outros países, como tirou muito do brilho da competição.
Nomes badalados do circuito mundial não darão o ar da graça no arquipélago pernambucano.
Diferentemente dos anos anteriores, quando os integrantes do WCT, o circuito que reúne a elite do surfe mundial, eram os cabeças-de-chave nas águas de Noronha, nesta edição, o posto de cabeça-de-chave número um do evento pertence ao paulista Hizunomê Bettero.
Na temporada passada, ele foi apenas o 19º na lista do WQS, o circuito que classifica os 15 primeiros para o WCT.
Sem briga de "peixe grande", a expectativa em Noronha gira em torno da nova geração de brasileiros, que tem nomes como Ian Gouveia, 16, filho do veterano Fábio Gouveia, 39.

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