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Tubos de Noronha perdem forasteiros
Crise econômica e queda na pontuação afastam atletas estrangeiros do mais tradicional campeonato de surfe do país
Na competição que começa hoje, apenas 18 surfistas de outros países buscarão o título; em 2007, eles eram 95 na Cacimba do Padre
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Campeonato que espalhou a
fama das ondas tubulares do arquipélago e levou à praia da Cacimba do Padre uma horda de
surfistas estrangeiros nos últimos dez anos, o WQS de Fernando de Noronha, competição
mais tradicional do calendário
do surfe no país, começa hoje,
mais brasileiro do que nunca.
Americanos, sul-africanos,
franceses, australianos e havaianos, que costumavam representar número significativo
do total de participantes e travar disputas acirradas com os
brasileiros nas baterias do campeonato, quase que desapareceram da lista de inscritos.
Neste ano, apenas 18 surfistas do exterior haviam confirmado presença até ontem. No
ano passado, foram 41. Em
2007, eles eram 95.
Para a debandada estrangeira, o idealizador do campeonato, Alfio Lagnado, apresenta
três justificativas.
"Primeiro, muitos surfistas
perderam patrocínio com a crise. Depois, a etapa se tornou
isolada no calendário, já que
um campeonato seis estrelas
que acontecia em Florianópolis
na sequência, não existe mais.
E, por último, perdemos o status de "prime", o que diminuiu a
pontuação do evento", diz.
Entre 2005 e 2008, a competição em Fernando de Noronha, apesar de não ser seis estrelas (a qualificação máxima
para uma etapa da divisão de
acesso do surfe mundial), distribuiu a pontuação como tal.
Os campeões somaram 2.500
pontos no ranking mundial.
Porém, a ASP (Associação
dos Surfistas Profissionais), entidade que regula o circuito, estabeleceu que a indicação "prime", a partir de 2009, seria exclusiva das etapas seis estrelas.
Noronha, cinco estrelas, voltou, portanto, a oferecer 2.000
pontos ao vencedor. Piorando o
cenário, a etapa da Praia do
Santinho (SC), que acontecia
logo em seguida, foi extinta.
"Eu tive a proposta de tornar
o campeonato seis estrelas,
mas o momento econômico
não é adequado", afirmou Lagnado, que distribui US$ 120 mil
(R$ 271,5 mil). Numa etapa seis
estrelas a premiação é de US$
145 mil (cerca de R$ 328 mil).
Para o surfista Danilo Gryllo,
que esteve em todas as edições
e se prepara para, mais uma
vez, cair na água em busca dos
melhores tubos, a diminuição
dos estrangeiros não significa
vida fácil para os brasileiros.
"Isso não vai influenciar
muito, nem garantir que vamos
ter mais chances de ficar com o
título, pois um dos fatores decisivos na Cacimba é estar bem
posicionado quando surge bom
tubo, e mesmo sendo poucos na
competição, os estrangeiros
podem conseguir isso", disse.
O rebaixamento da pontuação do evento não apenas fez
despencar a participação de outros países, como tirou muito
do brilho da competição.
Nomes badalados do circuito
mundial não darão o ar da graça
no arquipélago pernambucano.
Diferentemente dos anos anteriores, quando os integrantes
do WCT, o circuito que reúne a
elite do surfe mundial, eram os
cabeças-de-chave nas águas de
Noronha, nesta edição, o posto
de cabeça-de-chave número
um do evento pertence ao paulista Hizunomê Bettero.
Na temporada passada, ele
foi apenas o 19º na lista do
WQS, o circuito que classifica
os 15 primeiros para o WCT.
Sem briga de "peixe grande",
a expectativa em Noronha gira
em torno da nova geração de
brasileiros, que tem nomes como Ian Gouveia, 16, filho do veterano Fábio Gouveia, 39.
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