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BASQUETE
V de vingança
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Isiah Thomas não brilhava
apenas dentro das quadras,
com a conquista do bicampeonato da NBA, mas fora, como presidente do sindicato dos jogadores.
A gestão do armador do Detroit
Pistons, no final da década de 80,
criou um subdepartamento para
garantir o cumprimento dos contratos dos associados e abriu um
fundo de amparo a ex-atletas.
Para bancar os benefícios, Isiah
decretou um limite (abaixo do
praticado pelo mercado) para a
comissão dos empresários de jogadores e absorveu essa polpuda
fatia de massa salarial.
Os agentes das estrelas chiaram,
sobretudo David Falk, que faturava com Michael Jordan, Patrick
Ewing e outros craques.
Na virada da década, saiu a lista dos eleitos para o Dream Team
original, a seleção que levaria à
Olimpíada de Barcelona-92 as
palavras douradas da NBA. Todos os grandes clientes de Falk
emplacaram a convocação. Única
ausência absurda? Isiah.
No vestiário, enquanto o suor
ainda pingava depois de outra
duríssima partida contra os arqui-rivais nos playoffs de 1987,
Isiah soltou a bomba racial. "Não
compreendo tanta festa. Se Larry
Bird fosse negro, ele seria apenas
mais um jogador." A mídia fez
carnaval; o adorado ala do Boston Celtics engoliu calado.
Quase dezesseis anos depois,
Bird assumiu a direção do Indiana Pacers, equipe treinada por...
Isiah. Tão logo o clube renovou
com o ala-pivô Jermaine O'Neal,
seguramente o mais talentoso jogador do elenco e sabidamente
amigo pessoal do técnico, Bird selou a carta de demissão de Isiah.
Uma vez fechada a contratação,
em 1981, o Detroit passou a temer
que o jovem armador caísse ante
os vícios de um longo e puxado
campeonato. Por que não, pensou
o clube, reproduzir a atmosfera
militar da Universidade de Indiana, que revelou o calouro?
Mas Isiah, novo milionário, não
desejava mais ser vigiado. Atormentou tanto os cartolas que provocou o afastamento da babá que
havia lhe sido imposta: o técnico-assistente Don Chaney.
Ao longo de gloriosos 13 anos,
sempre pelos Pistons, o armador
disputou 1.090 jogos. Ficou fora só
de uma partida por razões técnicas. O torneio 1993/94 se arrastava, e o recém-empossado treinador decidiu prestigiar os arremessos do enigmático Lindsey Hunter. O treinador? Don Chaney.
Em dezembro, os donos do New
York Knicks, inconformados com
os déficits de caixa e as más campanhas, buscaram alguém com
carisma suficiente para amansar
a imprensa e a torcida cricris.
Isiah topou a oferta e agiu.
Fez uma faxina no elenco, afastando os clientes de David Falk
(entre eles, Dikembe Mutombo).
Demitiu toda a comissão técnica, encabeçada por Don Chaney.
E, com o time ressuscitado na
tabela, espera ansioso a chance de
pegar nos playoffs o Indiana de
Larry Bird, de perpetuar as puxadas de tapete que marcam os porões do basquete, aqui e acolá.
Rasteira 1
O Orlando estimula Grant Hill, machucado pela enésima vez, a voltar
o quanto antes. Mas para que o ala se frustre com seu jogo e acelere a
aposentadoria -e o seguro pague o resto do contrato milionário.
Rasteira 2
O Washington julgou que a badalação impedia a evolução do time e
deu um bico em Michael Jordan em 2003. Mas o time "libertado" ganhou só 32,8% dos jogos nesta temporada, contra 45,1% na anterior.
Rasteira 3
Karl Malone, 36.374 pontos e 14.601 rebotes pelo Utah, voltou ontem
pela primeira vez a Salt Lake City. O ala-pivô virou objeto de piada
nos alto-falantes do ginásio desde que se transferiu para o LA Lakers.
E-mail melk@uol.com.br
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