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Ronaldo cai, Real apaga e casamento desmorona
Time só empata e se despede cedo da Copa dos Campeões, o que virou praxe com obrasileiro
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise de um casamento, que
parece irreversível, exposta no
campeonato que deveria celebrá-lo. Foi o que aconteceu ontem em
Londres, onde o Real Madrid empatou sem gols com o Arsenal e se
despediu mais uma vez de forma
precoce da Copa dos Campeões
da Europa, o que virou regra depois que Ronaldo, 29, chegou ao
clube mais vitorioso do torneio.
A irritação do atacante após a
partida era evidente. Sobrou até
para Pelé, que dias antes dissera
que coisas extra-campo estavam
atrapalhando o futebol de Ronaldo. "Não devemos dar atenção a
ele", rebateu o atacante madridista. "Quando me aposentar, não
vou dizendo coisas estúpidas."
O ataque a Pelé
Mais uma vez sem mobilidade,
o atacante brasileiro encerrou de
forma melancólica sua participação -não marcou nem sequer
uma vez, o que nunca havia acontecido antes no mais importante
torneio de clubes do planeta.
Desde que Ronaldo desembarcou em Madri, o Real acumula
fracassos na Copa dos Campeões.
E, para uma torcida que adora
bradar seu domínio na Europa, isso é determinante para a cada vez
mais iminente separação entre as
partes que juraram amor há quatro anos (o contrato do atacante
com o clube vai até 2008) e hoje
não escondem o desejo de tomar
rumos diferentes.
Ontem, como no primeiro jogo
da série (vitória do Arsenal por 1 a
0 na Espanha), ele foi muito mal.
Logo no início, teve uma chance
clara com a cabeça, mas sua histórica deficiência nesse tipo de lance
mais uma vez o atrapalhou. Depois, pouco participou e viu sua
equipe ser eliminada nas oitavas-de-final por um rival que faz campanha ruim no Campeonato Inglês e nunca ganhou a Europa.
A escalação de Ronaldo era colocada em dúvida depois de uma
semana conturbada -ele foi sacado da equipe que enfrentou o
Atlético de Madri, ouviu críticas
de Platini e Pelé e viu pipocarem
notícias sobre uma briga no vestiário com o companheiro Guti.
E a pressão sobre ele deve aumentar. Logo após o jogo, os sites
dos jornais espanhóis davam
manchetes contando que o Real
foi eliminado mesmo com Ronaldo. O tratamento era até jocoso.
No site oficial do Real, o esforço
dos jogadores era destacado junto
com uma foto do brasileiro caindo depois de um choque.
Fracasso brasileiro
Com Ronaldo, afundou o Real
que apostou tudo no estilo brasileiro que consagra o grande rival
Barcelona.
Contra o Arsenal, Cicinho, Robinho e Júlio Baptista começaram
no banco -só os dois últimos entraram no decorrer da partida.
O Real, que já foi eliminado
também da Copa do Rei e está a
dez pontos do Barcelona no Espanhol, foi montado por Vanderlei
Luxemburgo, demitido no final
do ano passado junto com todos
os auxiliares que levou para a capital espanhola.
A péssima fase fez até cair Florentino Pérez, o presidente que tinha relação íntima com Ronaldo
e fez do clube uma máquina de
produzir milhões e fracassos dentro de campo.
Com problemas no elenco, criticado por grande parte da torcida e
sem o apoio de Pérez, Ronaldo,
que só marcou dois gols pelo Real
em 2006, tem boas chances de ficar na reserva, situação que preocupa o técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira.
Com o mercado europeu já fechado, ele tem poucas opções de
transferência no momento. A
multa rescisória, superior a 100
milhões (R$ 260 milhões) é outro
obstáculo.
Nas últimas semanas, Ronaldo
disse que só após o fim da temporada européia iria decidir o seu
destino nos próximos anos.
Para um clube já eliminado em
duas competições e com chances
remotas na única que resta, ele
pode antecipar seu veredicto.
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