São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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FUTEBOL

Time é goleado pelo América em pleno Parque Antarctica, e saída de Edmundo desperta ira da torcida contra técnico

Palmeiras desaba, e Leão amarga "burro"

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi por terra ontem todo o chamado "novo Palmeiras". O "fator Edmundo" e uma goleada por 4 a 1 aplicada pelo América em pleno Parque Antarctica fizeram a torcida transformar o que era para ser o início de uma trégua após o revés num clássico em protesto que há tempos não se via no clube.
Atletas, diretoria e até mesmo o técnico Emerson Leão. Ninguém foi poupado da raiva dos torcedores que foram ao jogo e viram o time de São José de Rio Preto vencer o da capital pela primeira vez na história na casa palmeirense.
À medida em que o América ia construindo o resultado -uma virada concretizada no segundo tempo-, os palmeirenses se enfureciam com o futebol apresentado pelo time de Leão.
A explosão de fúria, que pôs um fim no clima de armistício entre os torcedores e a diretoria -vigente desde que Affonso della Monica assumira a presidência no lugar do Mustafá Contursi, em janeiro de 2005-, aconteceu quando o treinador tirou o xodó Edmundo, colocou o contestado Gioino em campo e, pouco depois, levou o 2 a 1.
Nesse momento, a insatisfação limitava-se a uma pequena porção dos torcedores das cadeiras cobertas, os primeiros a gritar "burro" para Leão. Os berros de protesto ainda eram dissonantes da maioria do estádio, que gritava o nome do técnico, como sinal de desaprovação à "turma do amendoim" e apoio ao treinador.
Mas a discordância entre torcedores logo deu lugar a um coro uníssono, após dois fatos subseqüentes durante a partida.
O primeiro deles foi mais uma substituição promovida pelo técnico. Ele sacou o lateral-esquerdo Márcio Careca e colocou Lúcio. Logo depois, o América fez 3 a 1.
Foi a partir de então que, das arquibancadas, que contribuíram para formar o pior público palmeirense no ano -6.600 pessoas pagaram para assistir ao jogo-, os gritos não pouparam ninguém.
Leão passou então a ser xingado de "burro" pela ampla maioria dos torcedores palmeirenses.
Entre os atletas, o principal alvo foi Correa. Entre os coros de "time medíocre" e "time sem-vergonha", os torcedores hostilizavam o volante, que era o único em campo entre os jogadores que atualmente fazem parte da lista de rejeições dos palmeirenses -os outros são Alceu e Washington.
À diretoria, que desde o ano passado promete montar uma equipe competitiva, com nomes "de peso", foram reservadas as cobranças. Além dos gritos de "diretoria, vai se f..., o meu Palmeiras não precisa de você", a torcida, inclusive na saída do estádio, pedia a contratação de jogadores.
Ao passarem em frente aos camarotes reservados à cúpula do clube, torcedores repetiam um ritual de xingar os diretores, comum na época de Mustafá, mas que havia cessado desde a contratação de Leão, em julho de 2005.
A tentativa de se recuperar no Paulista -está em terceiro, com 26 pontos- e de ao menos estancar a crise deflagrada ontem será sábado, quando o Palmeiras pega a Portuguesa, no Canindé.


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