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Seleção não sabe quem lutará por vaga olímpica
Jogo único contra rivais africanas em abril vai decidir ida do país a Pequim
Times europeus ameaçam não liberar estrelas ou só fazer isso em cima da hora,
o que, segundo treinador, comprometerá preparação
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-campeonato mundial
no ano passado, na China, e a
superioridade na América do
Sul dão a clara percepção de
que a seleção feminina de futebol está garantida em Pequim.
Mas, sob o tradicional esquecimento que o futebol feminino
é condenado no país, o clima na
equipe é de angústia e apreensão a pouco mais de um mês do
jogo único que vai decidir se o
Brasil vai ou não defender a
medalha de prata conquistada
na Olimpíada de Atenas, há
quase quatro anos.
O técnico Jorge Barcellos
ainda não sabe com quem vai
poder contar no confronto
diante de Gana ou Nigéria, provavelmente a segunda, que no
dia 19 de abril, na China, vai indicar um time para os Jogos. O
Brasil não está classificado ainda porque perdeu o último Sul-Americano para a frágil Argentina, quando não teve Marta.
É aí que a porca torce o rabo.
O confronto acontece na
mesma época em que o futebol
europeu, onde estão hoje quase
todas as estrelas nacionais
(Marta, Cristiane e Daniela Alves, por exemplo), está a pleno
vapor. E seus clubes já enviaram recados à CBF dizendo que
não pretendem liberar suas jogadoras ou, se o fizerem, irão se
amparar em decisão da Fifa,
respeitando no máximo uma
semana de antecedência para o
duelo decisivo do mês que vem.
"Vamos fazer de tudo para
nos classificarmos, mas a preparação está comprometida",
admite Barcellos, que usaria este final de semana para fazer
contatos antes de anunciar a
primeira convocação para o
confronto decisivo, amanhã, no
Rio de Janeiro.
O treinador enumera vários
problemas causados pelo problema no calendário.
"Pode sobrar condição técnica, mas ninguém consegue dar
padrão tático e físico para um
time em só três dias", diz o treinador, que comandou a seleção
no vice mundial. "Ainda existe
a questão da adaptação ao fuso
horário, ao clima", completa.
Ele também calcula o impacto no elenco pelo fato de estrelas chegarem em cima da hora e
tomarem o lugar de novatas.
"Imagine uma jogadora roer o
osso por semanas e, depois,
perder o lugar na hora mais importante. É difícil saber qual será a reação delas", afirma Barcellos, que diz ter ouvido das jogadoras que atuam no exterior
a vontade de atuar pela seleção,
mas que praticamente todas
colocaram obstáculos de seus
clubes a esse desejo.
Marta, Cristiane e Daniela
Alves estão hoje na Suécia. A
primeira, por meio de sua assessoria, diz vai estar em campo no dia 19 de abril, mas sua
apresentação só vai acontecer
na semana do duelo contra as
africanas. Barcellos diz que ter
as outras duas juntas é difícil.
"Elas atuam no mesmo clube, que terá jogos pelo Sueco.
Liberar as duas é complicado",
afirma o treinador, que terá um
time mal preparado contra um
rival que está longe de ser uma
moleza. A Nigéria, por exemplo, esteve na Olimpíada de
Atenas e foi eliminada nas
quartas-de-final em um jogo
apertado (2 a 1) pela Alemanha,
atual campeã mundial.
"É uma equipe tradicional,
forte e que está disputando
agora a Copa da África", declara
o técnico Barcellos.
As jogadoras que estão no
Brasil lamentam mais uma vez
as condições ruins de preparação da seleção. "Sempre deixam tudo para a última hora",
afirma a zagueira Tânia Maranhão, do Saad.
Ela diz ter trocado e-mails
com as colegas que estão na Europa. E que elas relataram a dificuldade de liberação. "Talvez
fosse melhor montar uma base
com as jogadoras que estão
aqui e disputar esse jogo [de
abril] com esse time. Mas, de
qualquer forma, vamos, como
sempre, vencer as dificuldades
e conseguir a vaga", afirma a defensora.
(PAULO COBOS)
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