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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br
O Corinthians foi Ronaldo
FAÇA um esforço e reveja mentalmente o
primeiro tempo do
clássico de ontem. Agora,
imagine que Ronaldo estivesse em campo. O sol fenomenal
certamente não permitiria
ver o melhor camisa 9 do
mundo na segunda metade da
partida. Ou melhor, não permitiria vê-lo no jogo, que só
teve uma metade. Durante
três dias, muita gente perguntou se Ronaldo poderia ou não
atuar por 90 minutos. Mais
uma vez, somente uma boca
corintiana respondeu com lucidez: Mano Menezes.
Até Ronaldo falou que se
sentiria melhor jogando desde o início. Que se sentia
atuando em La Paz, ao entrar
na segunda etapa. O segundo
tempo, com brisa e bom futebol, era o único cenário para
ver Ronaldo no clássico.
E há coincidências que tornam a vida ainda mais misteriosa. No final de semana inteiro, o vento não soprou em
Presidente Prudente. Às 17h,
começou a ventar. Por encanto, a tarde ficou fresca, como
se estivesse preparando o terreno para o Fenômeno.
E, então, ele jogou. Antes,
era o clássico da posse de bola
inútil do Corinthians versus o
contra-ataque do Palmeiras.
Ronaldo deixou tudo diferente. Souza, um centroavante
que não tem ambição do gol,
sai da área para fazer o passe.
Nunca chuta. Aos 33min, Ronaldo saiu da área numa região do gramado em que qualquer jogador comum só poderia fazer o passe. Ele chutou. A
bola subiu... E então caiu feito
uma folha seca pelo sol de
Prudente. Parecia querer beijar a rede. Mas tocou a trave.
Aos 42min, um drible em
Maurício Ramos e, no último
minuto, o gol iluminado. O
Corinthians passou 465 minutos sem marcar no Palmeiras. Não fazia gol no rival desde 2006. O time de Mano Menezes, que depende das bolas
paradas e fez 12 dos 25 gols do
ano em jogadas assim, precisava do escanteio. Mas, mesmo assim, faltava alguma coisa. Faltava um centroavante.
Ronaldo é mais do que isso,
claro. Seu caso pede o artigo
definido "o": O CENTROAVANTE. Até os 45min, o Corinthians sofria a quinta derrota seguida para o Palmeiras,
fato inédito nos últimos 75
anos. Mas havia Ronaldo.
O Corinthians, versão
2009, é um time que toca de
lado e não chuta em gol.
O Corinthians com Ronaldo será diferente.
LUXEMBURGO FOI BEM
O técnico renunciou à velocidade e tomou a decisão
certa. Guardou Willams para
o 2º tempo, ganhava o jogo
no contra-ataque e poderia
ter ampliado em outra jogada de velocidade. O Corinthians trocaria passes inúteis e isso só serviria para levar contra-ataques. Mas havia ingrediente diferente.
MENINO ILUMINADO
Neymar foi o maior salário
das bases do Santos nos últimos três anos. Na Vila, não
havia quem não o visse jogando aos 15 anos, contra
meninos de 17, e arrebentando. Neymar foi a campo aos
14min do 2º tempo, ante o
Oeste. Cinco minutos depois, o Santos fez 1 a 0. Vem
aí um garoto que sabe jogar.
PÉ-DE-COELHO TRICOLOR
Carlos Alberto Parreira já viveu alegrias e tristezas no
futebol. Sagrou-se campeão e fracassou em Copa do Mundo. Fez o Corinthians 2002 e o fez fiasco no Internacional, no Santos e no São Paulo, em terras brasileiras. No
Fluminense, sempre foi campeão: carioca, em 1975, brasileiro, em 1984, da Série C do campeonato nacional, em
1999. O Fluminense precisa mais do que a grife, precisa
de trabalho e mais coerência. Mas Parreira pode ajudar.
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