São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O Corinthians foi Ronaldo

FAÇA um esforço e reveja mentalmente o primeiro tempo do clássico de ontem. Agora, imagine que Ronaldo estivesse em campo. O sol fenomenal certamente não permitiria ver o melhor camisa 9 do mundo na segunda metade da partida. Ou melhor, não permitiria vê-lo no jogo, que só teve uma metade. Durante três dias, muita gente perguntou se Ronaldo poderia ou não atuar por 90 minutos. Mais uma vez, somente uma boca corintiana respondeu com lucidez: Mano Menezes.
Até Ronaldo falou que se sentiria melhor jogando desde o início. Que se sentia atuando em La Paz, ao entrar na segunda etapa. O segundo tempo, com brisa e bom futebol, era o único cenário para ver Ronaldo no clássico.
E há coincidências que tornam a vida ainda mais misteriosa. No final de semana inteiro, o vento não soprou em Presidente Prudente. Às 17h, começou a ventar. Por encanto, a tarde ficou fresca, como se estivesse preparando o terreno para o Fenômeno.
E, então, ele jogou. Antes, era o clássico da posse de bola inútil do Corinthians versus o contra-ataque do Palmeiras. Ronaldo deixou tudo diferente. Souza, um centroavante que não tem ambição do gol, sai da área para fazer o passe. Nunca chuta. Aos 33min, Ronaldo saiu da área numa região do gramado em que qualquer jogador comum só poderia fazer o passe. Ele chutou. A bola subiu... E então caiu feito uma folha seca pelo sol de Prudente. Parecia querer beijar a rede. Mas tocou a trave.
Aos 42min, um drible em Maurício Ramos e, no último minuto, o gol iluminado. O Corinthians passou 465 minutos sem marcar no Palmeiras. Não fazia gol no rival desde 2006. O time de Mano Menezes, que depende das bolas paradas e fez 12 dos 25 gols do ano em jogadas assim, precisava do escanteio. Mas, mesmo assim, faltava alguma coisa. Faltava um centroavante.
Ronaldo é mais do que isso, claro. Seu caso pede o artigo definido "o": O CENTROAVANTE. Até os 45min, o Corinthians sofria a quinta derrota seguida para o Palmeiras, fato inédito nos últimos 75 anos. Mas havia Ronaldo.
O Corinthians, versão 2009, é um time que toca de lado e não chuta em gol.
O Corinthians com Ronaldo será diferente.

LUXEMBURGO FOI BEM
O técnico renunciou à velocidade e tomou a decisão certa. Guardou Willams para o 2º tempo, ganhava o jogo no contra-ataque e poderia ter ampliado em outra jogada de velocidade. O Corinthians trocaria passes inúteis e isso só serviria para levar contra-ataques. Mas havia ingrediente diferente.

MENINO ILUMINADO
Neymar foi o maior salário das bases do Santos nos últimos três anos. Na Vila, não havia quem não o visse jogando aos 15 anos, contra meninos de 17, e arrebentando. Neymar foi a campo aos 14min do 2º tempo, ante o Oeste. Cinco minutos depois, o Santos fez 1 a 0. Vem aí um garoto que sabe jogar.

PÉ-DE-COELHO TRICOLOR
Carlos Alberto Parreira já viveu alegrias e tristezas no futebol. Sagrou-se campeão e fracassou em Copa do Mundo. Fez o Corinthians 2002 e o fez fiasco no Internacional, no Santos e no São Paulo, em terras brasileiras. No Fluminense, sempre foi campeão: carioca, em 1975, brasileiro, em 1984, da Série C do campeonato nacional, em 1999. O Fluminense precisa mais do que a grife, precisa de trabalho e mais coerência. Mas Parreira pode ajudar.


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