Seis meses após prazo inicialmente fixado, Senasp ainda não informou ao Co-Rio resultado da análise do histórico dos candidatos

SERGIO RANGEL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos do Rio) começou a treinar os voluntários para o Pan-Americano sem que o governo federal tenha concluído a investigação sobre os antecedentes criminais dos 47 mil candidatos.
A análise dos órgãos federais -a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública)- deveria ter se encerrado em outubro de 2006.
Com medo de não ter tempo para treinar o pessoal, já que o atraso alcança os seis meses e o Pan começa em julho, o Co-Rio decidiu iniciar os treinos sem saber, de fato, quem é quem.
Na prática, sem a conclusão da análise da vida pregressa dos candidatos, qualquer criminoso pode estar sendo preparado para trabalhar no evento.
Na última reunião entre os responsáveis pela segurança dos Jogos, os representantes do Co-Rio cobraram do pessoal da Senasp mais agilidade.
Já os representantes da Senasp reclamaram que o Co-Rio começou a treinar o pessoal sem a sua liberação.
Para agravar a situação, o Co-Rio tem ainda a incumbência de credenciar, além dos voluntários, cerca de 30 mil prestadores de serviço terceirizados, mais jornalistas e membros das delegações dos 42 países presentes às competições.
No total, haverá cerca de 100 mil credenciamentos. Todos teriam que passar pelo crivo da Senasp e da Abin.
Embora a orientação no Co-Rio seja para não tornar o problema público, os dirigentes do comitê já manifestam reservadamente a certeza de que, diante da morosidade do governo federal, não haverá tempo útil para a pesquisa individual de cada um dos credenciados.
Oficialmente, o Co-Rio informou à Folha que "mantém constante comunicação com a Senasp, que informou que a situação estará regularizada até o fim do corrente mês de abril".
"Não há nenhum risco ou prejuízo detectado em relação ao programa de treinamento de voluntários ou em relação a quaisquer outras atividades que dependam da checagem em questão", anunciou o comitê em comunicado oficial.
Gerente de Voluntariado do Pan-07, a ex-jogadora de vôlei Paula Hernandez contou em entrevista ao site www.portaldovoluntario.org.br que voluntários passarão por "três ou quatro tipos de treinamento".
"No geral, aprenderão sobre os Jogos, esportes, política, primeiros socorros (...) Haverá o treinamento destinado aos líderes dos voluntários, que serão definidos durante as dinâmicas de grupo, quando serão analisadas as competências."
Durante os Jogos, os voluntários terão 44 atividades funcionais para atuarem, entre outras, credenciamento, transporte, logística, administração e os setores médico, esportivo e tecnológico.
Eles terão transporte gratuito até os locais de trabalho e alimentação, mas os de fora do Rio de Janeiro deverão arcar com as despesas de viagem e de estadia. Os voluntários não serão remunerados.


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