São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Esmero no passe dita semifinais

Grandes de SP são os 4 melhores nas trocas de bola tanto na quantidade quanto no aproveitamento

Em nenhum Paulista ou Brasileiro desta década os top 4 na classificação foram também os mais eficientes nesse fundamento básico

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os quatro grandes voltaram às semifinais do Paulista, depois de nove anos, com uma característica comum e que anda em baixa no futebol brasileiro.
Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos são, em diferentes ordens, os quatro melhores times, segundo levantamentos do Datafolha, tanto na quantidade de passes quanto no aproveitamento no fundamento. Essas são as únicas listas em que os top 4 são todos grandes.
Em nenhum Estadual de São Paulo ou no Brasileiro disputados nesta década os quatro primeiros colocados também dividiram as quatro primeiras posições nesses dois rankings.
Os quatro semifinalistas são os únicos a superar as 300 trocas de bola por jogo, marca que há dez anos era até comum, mas hoje virou raridade -no último Brasileiro, só o Palmeiras ultrapassou esse patamar.
Na média, os grandes trocam 40 bolas a mais por jogo do que o resto do Paulista. Esses clubes foram os únicos a superar os 83% de acerto nos passes.
O desprezo pela excelência no passe é tamanho no país que times de desempenho sofrível na competição foram campeões de torneios importantes.
Em 2005, por exemplo, o São Paulo triunfou no Paulista trocando, em média, só 259 bolas por jogo. No mesmo ano, o Corinthians foi o vencedor do Nacional com acerto inferior a 82% nos passes, apenas o oitavo melhor naquela edição.
A principal vantagem de tratar a bola com esmero é que quem faz isso normalmente fica mais tempo com ela.
Esse era o desejo de Dunga para a seleção brasileira no jogo contra o Equador pelas eliminatórias sul-americanas, no mês passado. Como fracassou (foram só 263 passes e 75% de aproveitamento), o Brasil foi bombardeado, sofrendo 39 finalizações, um recorde.
Não é o que acontece com os grandes no Paulista-2009.
Líder no fundamento, tanto em quantidade como em qualidade, o São Paulo foi o segundo time que teve sua meta menos ameaçada na primeira fase -sofreu, em média, 10,5 finalizações por jogo. Só perdeu para o Corinthians, com 10,1. Em terceiro ficou o Santos (12). O Palmeiras foi o quinto (13,3).
A importância do passe é exaltada pelos treinadores.
"O primeiro fundamento do futebol é o passe, e nós temos de melhorar isso. Quando dá tempo, a gente faz o treinamento de acordo com o jogo anterior. Se finaliza mal, treina finalização. Se erra muito passe, treina passe", disse o são-paulino Muricy Ramalho, depois de um jogo em que sua equipe não teve, segundo ele, um bom desempenho no fundamento.
Os quatro melhores do atual Paulista têm volantes como melhores passadores. Mas dois deles, o são-paulino Jean e o corintiano Boquita, são mais ousados, fugindo dos passes laterais e curtos que tanto beneficiam o acerto no fundamento dos jogadores dessa posição.


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