São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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Futebol respeita a lei, mas exige contrapartida

DA REPORTAGEM LOCAL

Se as confederações esportivas não seguiram o que manda a lei, o mesmo não se pode dizer dos clubes de futebol. Dos 24 times que disputam a Série A do Brasileiro, 22 disseram que publicaram o balanço de 2003, 21 dos quais dentro do prazo estabelecido por lei.
Até o Vasco, cujo presidente, Eurico Miranda, passou o ano passado dizendo-se contrário à publicação -""as contas do Vasco só interessam aos nossos sócios"-, mudou de idéia e resolveu tornar público seu balanço.
É que, se não o fizesse, correria o risco de ficar sem as verbas da Loteria Esportiva e sem o auxílio da Prefeitura do Rio. O prefeito Cesar Maia decidiu ajudar os grandes cariocas, que, em troca de R$ 2 milhões, ostentam o logo do Pan de 2007, que será na cidade.
Outra possível penalização para os clubes que não publicaram o balanço é serem retirados do Refis -programa de parcelamento de débitos tributários.
Segundo o Clube dos 13, entidade que reúne 20 dos principais times do país, o fato de 22 dos 24 clubes da Série A do Nacional terem publicado balanço -no ano passado tinham sido 12- significa que o futebol está no caminho certo. ""Estamos dispostos a cooperar", disse Fábio Koff, presidente do C13, por intermédio de sua assessoria. ""Mas também queremos uma contrapartida."
Liderados por Márcio Braga, presidente do Flamengo, Eurico Miranda, do Vasco, Marcelo Portugal Gouvêa, do São Paulo, e Alberto Dualib, do Corinthians, os clubes querem abocanhar parte da verba da Lei Piva. Estudam ainda com o Ministério do Esporte a criação de uma nova loteria do futebol -a Timemania.
Dos clubes da Série A, apenas Botafogo e Juventude afirmaram que não publicaram o balanço.
O time do Rio alega que não tinha a documentação necessária para fazê-lo, já que a diretoria anterior teria se desfeito de documentos essenciais antes de Bebeto de Freitas assumir a presidência.
O dirigente, à frente do Botafogo desde o ano passado, diz que pretende publicar o balanço do exercício de 2004 no ano que vem, pois aí o clube terá os dados necessários em mãos para fazê-lo.
Já o clube de Caxias do Sul explica que publicará o balanço com atraso, provavelmente até o final do mês. A justificativa: problemas com a auditoria externa.
Dos outros 22 clubes que disseram ter publicado o balanço, apenas o Internacional o fez fora do prazo. A diretoria do clube gaúcho afirma que tornou públicos os demonstrativos financeiros apenas no último dia 4, porque houve atraso em sua aprovação pelo conselho.
Apesar de a grande maioria ter cumprido a lei, os balanços dos clubes apresentam um problema: não têm um critério definido. Cada qual segue uma linha própria para fazer seu balanço, fato que já aconteceu no ano passado.
Não há consenso sobre como contabilizar os atletas, direitos de imagem dos jogadores, receitas antecipadas de TV e até mesmo os estádios de futebol.
Antes da Lei Pelé, responsável pelo fim do passe no país em 2001, os atletas podiam ser contabilizados simplesmente como ativos. Agora, no entanto, vale tudo. Há clubes que calculam a multa que receberiam se seus jogadores decidissem se transferir para outros times, há os que contabilizam os atletas como ativo imobilizado, ao lado de edificações, móveis e utensílios, e há os que os contabilizam pelo que chamam de "valor de mercado".
Para o ano que vem, a Comissão de Marketing e Futebol do Ministério do Esporte, que é comandada por José Carlos Brunoro, tem como um dos objetivos adotar um padrão comum.
Já entrou em contato com um grupo de contadores que estão estudando o assunto. O mesmo fez o Clube dos 13, que deve apresentar sua proposta de padronização ao ministério até o final do mês que vem. (JCA E LF)


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