FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Em Imola, há duas semanas, eles se estranharam nas primeiras curvas. No pódio, lado a lado, festejaram com frieza. Na entrevista coletiva, Juan Pablo Montoya acusou Michael Schumacher de "desleal, cego ou estúpido".
Hoje, estarão novamente lado a lado. No grid do GP da Espanha.
O alemão sairá na pole pela quarta vez no ano. Montoya larga em segundo, sua melhor posição no grid nesta temporada. A largada para a quinta etapa do Mundial de F-1 acontece às 9h, com TV.
Ontem, após o treino oficial, o clima entre ambos foi de uma cordialidade pouco convincente. Encenação que pode durar poucos metros hoje: as primeiras curvas são das mais complicadas.
"Estou feliz, é claro, mas admito que estou também um pouco surpreso por ninguém ter alcançado meu tempo", disse Schumacher, que não foi bem nos treinos livres e que na pré-classificação conseguiu apenas o nono tempo.
Na hora em que valia, porém, o hexacampeão fez 1min15s022 e assegurou a 59ª pole da carreira -faltam apenas sete para superar o recorde de Ayrton Senna, a última marca importante que o alemão ainda não tem no currículo.
"Meu carro estava escapando um pouco de traseira no final da volta e perdi algum tempo com isso. Mas tudo bem. É bom voltar à primeira fila", disse Montoya, que não largava tão bem desde o GP do Japão do ano passado.
A BAR, até ontem tida por Schumacher como sua maior rival em Barcelona, falhou na sessão oficial. Jenson Button errou, foi para a grama e larga em 14º. Takuma Sato, que fez 1min14s836 no último treino livre, não repetiu o desempenho e sai em terceiro.
Embora diga não se importar com isso, Schumacher corre hoje cercado por estatísticas. O GP da Espanha será, segundo cálculos da Ferrari, o 200º do alemão -na verdade, ele só largou para 198.
Caso vença, a Alemanha vai superar o Brasil em número de vitórias. Até hoje, cada país soma 86.
De quebra, igualará o recorde de vitórias consecutivas em um início de temporada: cinco, do inglês Nigel Mansell, em 1992.