São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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FUTEBOL

Técnico ganha campeonato

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa dos Campeões não deixa dúvida. Técnico ganha jogo (e campeonato).
A disputa terá como seu maior vencedor um homem do banco de reservas. As bolsas de apostas conspiravam contra o Porto de José Mourinho e o Monaco de Didier Deschamps. Mesmo com elencos limitados (padrões europeus), eles suplantaram o favoritismo dos estelares rivais de Espanha, Itália e Inglaterra.
Sorte? Não, competência.
O Porto, único do G14 que alcançou as semifinais, já figurava como um dos mais acertados times da Europa na temporada passada. A "Tríplice Coroa" não foi por acaso. O time de Mourinho sobrou na Copa da Uefa, torneio que ficou pequeno para a única potência atual do futebol português. Quis o destino que os grandes favoritos ao título europeu deste ano caíssem antes de duelo crucial com o Porto.
Porém esse tinha e tem força suficiente para eliminar um gigante. Na primeira fase, empatou com o Real Madrid no Santiago Bernabéu. Fora de casa, está invicto, o que atesta a "personalidade" da equipe (geralmente, o time que está pronto mostra essa condição no campo rival).
O Monaco não teve a sorte (ou o azar) do Porto de fugir do desafio maior. Encarou o Real Madrid em grande desvantagem e contornou situação que parecia perdida para quase todos. O ataque feroz do time monegasco atraiu luzes já na primeira fase, quando um 8 a 3 sobre o La Coruña estabeleceu a nova goleada recorde da fase moderna da Champions League. O sucesso ofensivo da equipe passa curiosamente pelo ex-volante que ergueu a Taça Fifa em 1998.
Quais são as estrelas da Copa dos Campeões? Morientes, Deco, Giuly, Vitor Baía, Prso, Derlei, Ibarra, Costinha... Quase todos os destaques dos finalistas atravessaram momento obscuro não faz muito tempo. Integram aquela classe de jogadores que, por uma razão ou outra, chegam a um limite e não progridem, não viram craques incontestáveis. Pois bem.
Com Mourinho e Deschamps, corresponderam mais do que o esperado. Os técnicos usaram bem suas armas. Nos jogos que renderam as vagas na final, são apontados como "nós táticos" a marcação de Costinha em Valerón, do La Coruña, e o adiantamento de Ibarra (com o ex-lateral-esquerdo Givet na direita) contra o Chelsea. Obras dos mais promissores técnicos da atualidade.
Ambos preenchem o perfil do treinador de grupo, mas não são alheios a experimentos táticos, sistemas de jogo e ao estudo do adversário. "Descobrem" talentos, como o ala-direito Paulo Ferreira (Porto) e o volante Bernardi (Monaco), atuam como psicólogos para recuperar ou "turbinar" craques (Vitor Baía e Giuly não são devidamente aproveitados em suas seleções) e encaixam rapidamente peças nas "máquinas" (Carlos Alberto e Morientes).
Eles ainda não são um Carlos Bianchi, que não precisa provar mais nada, mas terminam a temporada como galácticos. Basta ver quem os excluídos da final querem. O Chelsea namora Mourinho. Real Madrid e Juventus acenam para Deschamps.

Os números da final
Um charme nas camisas dos goleiros. Vitor Baía usa o 99. Roma, do Monaco, mostra o 30 em seu uniforme.

Os traíras da final
Costinha já teve passagem pelo Monaco. Ibarra já foi do Porto.

Os apelidos da final
O nome de Maniche (Porto) é Nuno. O apelido é homenagem a Manniche, ex-atacante dinamarquês do Benfica. Squillaci (Monaco) é chamado de "Toto" por causa do ex-atacante da Azzurra Schillaci.

As roupas da final
Mourinho curte uma roupa social. Deschamps gosta mais de casual.

E-mail: rbueno@folhasp.com.br

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