São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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PAN-AMERICANO
Modalidades com menos tradição no Brasil buscam classificação automática para Jogos de Sydney-2000
Winnipeg vira atalho para "menores"

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

Desprezado pelas ""estrelas" do esporte brasileiro, o Pan-Americano de Winnipeg, que acontece de 23 de julho a 8 de agosto, está sendo priorizado por atletas de modalidades com menos tradição no país, que vêem a competição como um ""atalho" para a Olimpíada.
A competição funciona como classificatória olímpica para sete esportes: triatlo, pólo aquático, handebol, beisebol, hipismo, tiro e hóquei sobre grama. Destas, só o time brasileiro de hóquei sobre grama não irá a Winnipeg.
Juntos, os representantes desses seis esportes no Pan-Americano (115 atletas) constituirão mais de 25% do total do contingente brasileiro que se apresentará em Winnipeg. O Comitê Olímpico Brasileiro calcula que 450 brasileiros competirão no Pan-Americano.
Caso não assegurem vagas por meio da competição continental, os atletas terão de competir em provas do circuito mundial -opção mais competitiva e onerosa -para assegurar os pontos necessários para ir à Olimpíada.
No caso do beisebol e do time feminino de pólo aquático, que pode estrear em Olimpíadas, esse será o único caminho de acesso a Sydney.
No triatlo, os dois sul-americanos mais bem colocados em Winnipeg (um homem e uma mulher) asseguram vagas nos Jogos.
""É mais confortável do que correr o circuito mundial, composto de 11 provas em vários países, para acumular pontos que possam garantir a participação na Olimpíada", diz Sandra Soldan, do grupo de triatletas que irão ao Pan-Americano e a brasileira mais bem colocada no ranking feminino (60ª).
Se conseguir assegurar participação nos Jogos Olímpicos, Soldan será a primeira atleta brasileira a competir em Sydney-2000. ""Isso seria uma honra muito grande. E como via Pan-Americano tudo seria mais fácil, meu planejamento está totalmente voltado a ele."
Segundo o ranqueamento por países realizado pela União Internacional de Triatlo, critério adotado para decidir quantas vagas cada país terá direito na Olimpíada, o Brasil teria, no momento, garantidas duas vagas em Sydney.
No caso dos atiradores, disputar o circuito internacional seria a única opção restante aos 20 atiradores que irão a Winnipeg, caso não consigam a classificação por meio do Pan-Americano.
Outro motivo pelo qual o Pan-Americano está sendo priorizado por confederações que podem obter passagem para a Olimpíada por meio da competição é o fato de a qualidade dos rivais ser mais fraca que àquela encontrada em outros torneios classificatórios.
No pólo aquático masculino, os adversários mais difíceis no Pan-Americano, que classificará uma seleção masculina e uma feminina para a Olimpíada, serão Cuba, EUA e Canadá. A seleção brasileira já foi campeã continental.
Uma vantagem adicional é o fato de caso os EUA serem campeões em Winnipeg, o vice-campeão no masculino teria a chance de ganhar a vaga dos norte-americanos. Bastaria que os EUA subissem ao pódio na Copa da Federação Internacional de Natação, o que também os classificariam para Sydney.
""E essa (segunda) foi a colocação do time masculino brasileiro de pólo aquático no último Pan-Americano (em Mar del Plata)", diz Ricardo Cabral, supervisor de pólo aquático da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Se o Brasil falhar em Winnipeg e tiver de se classificar via pré-olímpico, outra competição internacional classificatória para a Olimpíada, que será disputada posteriormente ao Pan-Americano, o Brasil teria de enfrentar os melhores times europeus, que constituem atualmente a nata da modalidade.
O handebol também se beneficia da fraca qualidade de oposição que encontrará em Winnipeg.
""No masculino, fomos vice-campeões no Pan-Americano de Mar del Plata", explica Manoel Luiz Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol. ""E em Winnipeg são oito times no masculino e seis no feminino. Nos Mundiais, serão 24 equipes."
O Pan-Americano será a única classificatória olímpica para o beisebol. A competição, que tem como grandes favoritos Cuba e EUA, classificará duas equipes para Sydney. ""Sabemos que a classificação é quase impossível", analisa Jorge Otsuka, presidente da confederação nacional da modalidade.
A participação do hipismo, já classificado para a Olimpíada por haver registrado a quinta colocação nos Jogos Mundiais Equestres, servirá para os dirigentes observarem os atletas, o que ajudará a definir a equipe que irá a Sydney.


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