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PAN-AMERICANO
Modalidades com menos tradição no Brasil buscam classificação automática para Jogos de Sydney-2000
Winnipeg vira atalho para "menores"
EDUARDO OHATA
da Reportagem Local
Desprezado pelas ""estrelas" do
esporte brasileiro, o Pan-Americano de Winnipeg, que acontece de
23 de julho a 8 de agosto, está sendo priorizado por atletas de modalidades com menos tradição no
país, que vêem a competição como
um ""atalho" para a Olimpíada.
A competição funciona como
classificatória olímpica para sete
esportes: triatlo, pólo aquático,
handebol, beisebol, hipismo, tiro e
hóquei sobre grama. Destas, só o
time brasileiro de hóquei sobre
grama não irá a Winnipeg.
Juntos, os representantes desses
seis esportes no Pan-Americano
(115 atletas) constituirão mais de
25% do total do contingente brasileiro que se apresentará em Winnipeg. O Comitê Olímpico Brasileiro
calcula que 450 brasileiros competirão no Pan-Americano.
Caso não assegurem vagas por
meio da competição continental,
os atletas terão de competir em
provas do circuito mundial -opção mais competitiva e onerosa
-para assegurar os pontos necessários para ir à Olimpíada.
No caso do beisebol e do time feminino de pólo aquático, que pode
estrear em Olimpíadas, esse será o
único caminho de acesso a Sydney.
No triatlo, os dois sul-americanos mais bem colocados em Winnipeg (um homem e uma mulher)
asseguram vagas nos Jogos.
""É mais confortável do que correr o circuito mundial, composto
de 11 provas em vários países, para
acumular pontos que possam garantir a participação na Olimpíada", diz Sandra Soldan, do grupo
de triatletas que irão ao Pan-Americano e a brasileira mais bem colocada no ranking feminino (60ª).
Se conseguir assegurar participação nos Jogos Olímpicos, Soldan
será a primeira atleta brasileira a
competir em Sydney-2000. ""Isso
seria uma honra muito grande. E
como via Pan-Americano tudo seria mais fácil, meu planejamento
está totalmente voltado a ele."
Segundo o ranqueamento por
países realizado pela União Internacional de Triatlo, critério adotado para decidir quantas vagas cada
país terá direito na Olimpíada, o
Brasil teria, no momento, garantidas duas vagas em Sydney.
No caso dos atiradores, disputar
o circuito internacional seria a única opção restante aos 20 atiradores
que irão a Winnipeg, caso não consigam a classificação por meio do
Pan-Americano.
Outro motivo pelo qual o Pan-Americano está sendo priorizado
por confederações que podem obter passagem para a Olimpíada por
meio da competição é o fato de a
qualidade dos rivais ser mais fraca
que àquela encontrada em outros
torneios classificatórios.
No pólo aquático masculino, os
adversários mais difíceis no Pan-Americano, que classificará uma
seleção masculina e uma feminina
para a Olimpíada, serão Cuba,
EUA e Canadá. A seleção brasileira
já foi campeã continental.
Uma vantagem adicional é o fato
de caso os EUA serem campeões
em Winnipeg, o vice-campeão no
masculino teria a chance de ganhar
a vaga dos norte-americanos. Bastaria que os EUA subissem ao pódio na Copa da Federação Internacional de Natação, o que também
os classificariam para Sydney.
""E essa (segunda) foi a colocação
do time masculino brasileiro de
pólo aquático no último Pan-Americano (em Mar del Plata)", diz Ricardo Cabral, supervisor de pólo
aquático da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Se o Brasil falhar em Winnipeg e
tiver de se classificar via pré-olímpico, outra competição internacional classificatória para a Olimpíada, que será disputada posteriormente ao Pan-Americano, o Brasil
teria de enfrentar os melhores times europeus, que constituem
atualmente a nata da modalidade.
O handebol também se beneficia
da fraca qualidade de oposição que
encontrará em Winnipeg.
""No masculino, fomos vice-campeões no Pan-Americano de Mar
del Plata", explica Manoel Luiz
Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol. ""E em
Winnipeg são oito times no masculino e seis no feminino. Nos
Mundiais, serão 24 equipes."
O Pan-Americano será a única
classificatória olímpica para o beisebol. A competição, que tem como grandes favoritos Cuba e EUA,
classificará duas equipes para
Sydney. ""Sabemos que a classificação é quase impossível", analisa
Jorge Otsuka, presidente da confederação nacional da modalidade.
A participação do hipismo, já
classificado para a Olimpíada por
haver registrado a quinta colocação nos Jogos Mundiais Equestres,
servirá para os dirigentes observarem os atletas, o que ajudará a definir a equipe que irá a Sydney.
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