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FUTEBOL
Uma das maravilhas do mundo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Maracanã lotado vendo
um belíssimo jogo de futebol. O que mais se pode esperar de
um domingão?
A primeira partida da final da
Copa do Brasil foi um confronto
de múltiplas faces. No primeiro
tempo, o Flamengo - por estratégia ou porque o forçou a isso o
maior volume de jogo do Cruzeiro- recuou para o seu campo e
buscou os contra-ataques.
O time de Wanderley Luxemburgo, por sua vez, cadenciou o
jogo e não encontrou muitas
chances de penetração na área
rubro-negra, bem policiada por
seus três zagueiros.
Os armadores de cada uma das
equipes, Alex e Felipe, ambos bem
marcados, pouco conseguiam em
termos de criar jogadas de gol.
O segundo tempo começou
mais ou menos do mesmo jeito, só
que em velocidade muito mais
acelerada e com muito mais disposição de parte a parte. Nesse tipo de jogo, parecia que o Flamengo levaria alguma vantagem.
Foi aí que a maleabilidade do
Cruzeiro se fez presente. O time
voltou a cadenciar o jogo, procurando errar menos passes e esperando o momento de dar o bote.
Esse momento enfim chegou
quando, depois de uma tabela rápida com Aristizábal na ponta direita, Deivid chegou à linha de
fundo e cruzou para Alex concluir
de letra.
Foi um gol maravilhoso pela
junção de ação coletiva e talento
individual, e também porque a
mesma jogada poderia ser feita
com os três jogadores intercambiando suas funções. Ou seja,
Alex poderia tabelar com Aristizábal e cruzar para Deivid, ou
com Deivid para cruzar para Ari.
É, com certeza, a trinca mais mortal do futebol brasileiro.
Mas o Flamengo não estava
morto. Pelo contrário: deixou de
lado a formação com três zagueiros, colocou em campo dois atacantes sedentos de gol (Jean e Fernando Baiano) e partiu para o
abafa. Gomes se agigantou, Luxemburgo lançou mão de mais
um zagueiro, mas a represa azul
rachou nos últimos segundos dos
acréscimos.
Não sei se o empate foi justo (o
que é um resultado justo, afinal?),
mas foi lindo ver a massa flamenguista botando para fora o grito
engasgado. O Maracanã em festa
é uma das maravilhas do mundo.
O empate também deixa mais
quente a partida de volta, quarta-feira no Mineirão. Fazia tempo
que a Copa do Brasil não via uma
final tão empolgante.
O Campeonato Brasileiro, em
contraste, vai entrar numa fase
complicada, com vários times
desfalcados devido às convocações para a seleção. A meu ver, o
Corinthians, apesar de ter cedido
três jogadores importantes, será
menos prejudicado que Cruzeiro,
o Atlético-PR e o São Paulo.
Os atletas que estes três últimos
vão perder são mais fundamentais para seu esquema de jogo.
Alex, Kléberson e Ricardinho são
o ponto de equilíbrio de seus respectivos times. E o tricolor ainda
perde Luís Fabiano, o artilheiro
do campeonato e seu jogador
mais efetivo nos últimos tempos.
Triste tricolor
O que acontece com o São Paulo? Ontem, contra o Bahia, até
fez um bom primeiro tempo:
atacou, criou várias chances,
perdeu gols. No segundo, voltou apático, chegou a ser pressionado e mereceu o castigo do
empate e as vaias da torcida.
Hora de crescer
Quem viu a suada vitória do
Santos sobre o bom time do
Guarani confirmou uma suspeita: Robinho, dono de talento
e habilidade raros, precisa evoluir, aprimorar o passe, fortalecer o chute, aprender a sair da
marcação. Quando enfrenta jogadores que já conhecem seu
estilo, tende a ser inoperante,
dando pedaladas no vazio e
perdendo a bola com facilidade. Chegou a hora (aliás, faz
tempo) de aprender que futebol não é malabarismo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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