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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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FUTEBOL

Uma das maravilhas do mundo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Maracanã lotado vendo um belíssimo jogo de futebol. O que mais se pode esperar de um domingão?
A primeira partida da final da Copa do Brasil foi um confronto de múltiplas faces. No primeiro tempo, o Flamengo - por estratégia ou porque o forçou a isso o maior volume de jogo do Cruzeiro- recuou para o seu campo e buscou os contra-ataques.
O time de Wanderley Luxemburgo, por sua vez, cadenciou o jogo e não encontrou muitas chances de penetração na área rubro-negra, bem policiada por seus três zagueiros.
Os armadores de cada uma das equipes, Alex e Felipe, ambos bem marcados, pouco conseguiam em termos de criar jogadas de gol.
O segundo tempo começou mais ou menos do mesmo jeito, só que em velocidade muito mais acelerada e com muito mais disposição de parte a parte. Nesse tipo de jogo, parecia que o Flamengo levaria alguma vantagem.
Foi aí que a maleabilidade do Cruzeiro se fez presente. O time voltou a cadenciar o jogo, procurando errar menos passes e esperando o momento de dar o bote.
Esse momento enfim chegou quando, depois de uma tabela rápida com Aristizábal na ponta direita, Deivid chegou à linha de fundo e cruzou para Alex concluir de letra.
Foi um gol maravilhoso pela junção de ação coletiva e talento individual, e também porque a mesma jogada poderia ser feita com os três jogadores intercambiando suas funções. Ou seja, Alex poderia tabelar com Aristizábal e cruzar para Deivid, ou com Deivid para cruzar para Ari. É, com certeza, a trinca mais mortal do futebol brasileiro.
Mas o Flamengo não estava morto. Pelo contrário: deixou de lado a formação com três zagueiros, colocou em campo dois atacantes sedentos de gol (Jean e Fernando Baiano) e partiu para o abafa. Gomes se agigantou, Luxemburgo lançou mão de mais um zagueiro, mas a represa azul rachou nos últimos segundos dos acréscimos.
Não sei se o empate foi justo (o que é um resultado justo, afinal?), mas foi lindo ver a massa flamenguista botando para fora o grito engasgado. O Maracanã em festa é uma das maravilhas do mundo.
O empate também deixa mais quente a partida de volta, quarta-feira no Mineirão. Fazia tempo que a Copa do Brasil não via uma final tão empolgante.


O Campeonato Brasileiro, em contraste, vai entrar numa fase complicada, com vários times desfalcados devido às convocações para a seleção. A meu ver, o Corinthians, apesar de ter cedido três jogadores importantes, será menos prejudicado que Cruzeiro, o Atlético-PR e o São Paulo.
Os atletas que estes três últimos vão perder são mais fundamentais para seu esquema de jogo. Alex, Kléberson e Ricardinho são o ponto de equilíbrio de seus respectivos times. E o tricolor ainda perde Luís Fabiano, o artilheiro do campeonato e seu jogador mais efetivo nos últimos tempos.

Triste tricolor
O que acontece com o São Paulo? Ontem, contra o Bahia, até fez um bom primeiro tempo: atacou, criou várias chances, perdeu gols. No segundo, voltou apático, chegou a ser pressionado e mereceu o castigo do empate e as vaias da torcida.

Hora de crescer
Quem viu a suada vitória do Santos sobre o bom time do Guarani confirmou uma suspeita: Robinho, dono de talento e habilidade raros, precisa evoluir, aprimorar o passe, fortalecer o chute, aprender a sair da marcação. Quando enfrenta jogadores que já conhecem seu estilo, tende a ser inoperante, dando pedaladas no vazio e perdendo a bola com facilidade. Chegou a hora (aliás, faz tempo) de aprender que futebol não é malabarismo.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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