São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Australianos radicalizam treinamento do Brasil

Sessões realizadas em campos reduzidos viram mania entre equipes do Grupo F

Holandês Guus Hiddink, treinador dos australianos, divide o grupo em times de cinco atletas, semelhante a jogos de futebol soçaite


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A ÖHRINGEN

Os treinos em campo reduzido, quase sempre em metade dele, estão em alta na Copa, pelo menos no Grupo F. Assim como o técnico Carlos Alberto Parreira, que transformou esse tipo de treino em mania na preparação da seleção brasileira para o Mundial, o badalado treinador holandês Guus Hiddink faz algo semelhante na seleção australiana, mas com um toque mais moderno. No treinamento da Austrália ontem, na cidade alemã de Öhringen, o técnico que levou Holanda e Coréia do Sul às semifinais nas duas últimas Copas colocou duas traves nas intermediárias do campo. Mas botou para jogar equipes com só cinco atletas na linha, deixando ""times de fora", como nas peladas. "Mantenham o trabalho ofensivo e defensivo", pedia aos jogadores, que em poucos minutos davam lugares às equipes que esperavam na beira do gramado. A disputa lembrou bastante o futebol soçaite. A prática sucedeu treinos de passes rápidos, curtos e longos, tabelinhas e corridas com a bola. ""Ele [Hiddink] é um grande motivador, mas sabe cuidar muito bem da organização do time. É um grande treinador", disse Harry Kewell, um dos poucos destaques individuais da seleção australiana. Só após quase uma hora de treino os jogadores foram liberados para ensaiar cobranças de escanteio e saídas do gol. Parreira, técnico de geração diferente da de Hiddink, faz algumas restrições ao método que utiliza apenas meio campo nos treinamentos. ""Você não pode avaliar o julgamento de uma equipe, de um jogador, em um treinamento de campo reduzido, situação bem diferente da que a gente vai encontrar em uma partida", disse o técnico, que não fez mais do que três coletivos na Europa. Esse tipo de trabalho ainda não foi dado desde que o Brasil chegou à Alemanha. Na Arena Zagallo, em Königstein, os períodos de treino têm sido usados para ensaiar jogadas, acertar posicionamento defensivo e ofensivo e moldar fisicamente a equipe. Tudo em metade do gramado -e com 22 atletas. Os "rachões" também são disputados em metade do campo. É uma forma de descontração, mas normalmente os jogadores são orientados a dar só um ou dois toques na bola. "Eu acho que poucas equipes ousarão enfrentar o Brasil de peito aberto. Sempre a gente vai ter um bloqueio de oito, nove jogadores atrás", diz Parreira ao justificar sua opção. Hiddink enfrentou de igual para igual o Brasil na semifinal da Copa-98 com a Holanda. Em jogo eletrizante, em que os times jogaram abertos, a seleção brasileira triunfou apenas nos pênaltis após um empate por 1 a 1. "Sem dúvida, fica mais fácil quando você consegue jogar com espaço", afirmou.


Colaboraram EDUARDO ARRUDA , PAULO COBOS , RICARDO PERRONE e SÉRGIO RANGEL , enviados especiais a Königstein

Texto Anterior: Tostão: A bola vai rolar
Próximo Texto: Treinadores endossam a estratégia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.