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Na abertura, Fifa espera Maradona para reconciliação
Após parte de seus pedidos ser atendida, ex-desafeto ganha vaga na cerimônia e é aguardado para desfile em Munique
Entidade anuncia que irá investir 90 milhões e cria comissão de ética para evitar novos problemas de corrupção a partir de 2007
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE
Maradona nunca mediu palavras para criticar a Fifa. Já
atacou a busca exagerada por
lucros, o descaso com atletas e
seleções, a falta de incentivo a
programas sociais e até o regulamento de alguns torneios.
Não por acaso, suas aparições
nos eventos da entidade que
comanda o futebol são raríssimas, especialmente se comparadas com o onipresente Pelé.
Hoje, contudo, o argentino é
esperado no Estádio de Munique para, ao lado do brasileiro e
de de outros 168 ex-campeões
mundiais, desfilar na cerimônia de abertura da Copa -na
última edição, co-organizada
pelo Japão e pela Coréia, o ex-craque recebeu até negativas ao
tentar um visto para viajar.
Coincidência ou não, sua
aparente reconciliação com a
Fifa ocorre justamente quando
vários de seus antigos protestos
estão sendo atendidos.
Ontem, no encerramento do
56º Congresso da Fifa, o presidente Joseph Blatter anunciou
que dará verba recorde -R$ 12
milhões- a cada uma das 32 seleções na fase inicial do torneio.
Mais: divulgou apoio a novos
programas contra a pobreza e
foi elogiado pela chanceler alemã Angela Merkel por atuar no
esporte com "responsabilidade
social". Mas o presidente nega
que a aproximação de Maradona esteja ligada a tais eventos.
"Sempre o convidamos para
os nossos compromissos oficiais. Não falo com o Maradona
desde 2001. É um homem que
teve sérios problemas de saúde
e se recuperou. Será uma honra
tê-lo conosco, mas definitivamente não mudamos nossa filosofia ou nosso modo de pensar por causa dele", diz Blatter.
A expectativa é que o ex-atleta argentino entre em campo
hoje ao lado de outros vencedores da edição de 1986. Só que ele
consegue deixar os organizadores preocupados até quando
não está criticando a Fifa.
Tudo porque Maradona era
esperado ontem no dia final do
congresso. Não apareceu. "Não
recebemos notícias, mas quero
crer que ele estará na festa
amanhã [hoje]", falou Blatter.
O encontro da Fifa, que reuniu presidentes das federações
nacionais, referendou a criação
da comissão de ética, que visa
evitar escândalos de arbitragem e corrupção no futebol.
Os juízes, aliás, receberão
mais atenção a partir de 2007.
Blatter disse que vai investir R$
90 milhões em um programa de
profissionalização da classe.
Parece um gasto amplo, mas a
quantia é quase irrisória para
os padrões da entidade. Mesmo
com os gastos na Copa-06, a Fifa registra superávit de R$ 1 bilhão no ano. "Não quero falar
sobre nosso caixa. Se temos
muito, vocês vão dizer que estamos gastando mal, se temos
pouco, também", disse Blatter.
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