São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na abertura, Fifa espera Maradona para reconciliação

Após parte de seus pedidos ser atendida, ex-desafeto ganha vaga na cerimônia e é aguardado para desfile em Munique

Entidade anuncia que irá investir 90 milhões e cria comissão de ética para evitar novos problemas de corrupção a partir de 2007


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

Maradona nunca mediu palavras para criticar a Fifa. Já atacou a busca exagerada por lucros, o descaso com atletas e seleções, a falta de incentivo a programas sociais e até o regulamento de alguns torneios.
Não por acaso, suas aparições nos eventos da entidade que comanda o futebol são raríssimas, especialmente se comparadas com o onipresente Pelé.
Hoje, contudo, o argentino é esperado no Estádio de Munique para, ao lado do brasileiro e de de outros 168 ex-campeões mundiais, desfilar na cerimônia de abertura da Copa -na última edição, co-organizada pelo Japão e pela Coréia, o ex-craque recebeu até negativas ao tentar um visto para viajar.
Coincidência ou não, sua aparente reconciliação com a Fifa ocorre justamente quando vários de seus antigos protestos estão sendo atendidos.
Ontem, no encerramento do 56º Congresso da Fifa, o presidente Joseph Blatter anunciou que dará verba recorde -R$ 12 milhões- a cada uma das 32 seleções na fase inicial do torneio.
Mais: divulgou apoio a novos programas contra a pobreza e foi elogiado pela chanceler alemã Angela Merkel por atuar no esporte com "responsabilidade social". Mas o presidente nega que a aproximação de Maradona esteja ligada a tais eventos.
"Sempre o convidamos para os nossos compromissos oficiais. Não falo com o Maradona desde 2001. É um homem que teve sérios problemas de saúde e se recuperou. Será uma honra tê-lo conosco, mas definitivamente não mudamos nossa filosofia ou nosso modo de pensar por causa dele", diz Blatter.
A expectativa é que o ex-atleta argentino entre em campo hoje ao lado de outros vencedores da edição de 1986. Só que ele consegue deixar os organizadores preocupados até quando não está criticando a Fifa.
Tudo porque Maradona era esperado ontem no dia final do congresso. Não apareceu. "Não recebemos notícias, mas quero crer que ele estará na festa amanhã [hoje]", falou Blatter.
O encontro da Fifa, que reuniu presidentes das federações nacionais, referendou a criação da comissão de ética, que visa evitar escândalos de arbitragem e corrupção no futebol.
Os juízes, aliás, receberão mais atenção a partir de 2007. Blatter disse que vai investir R$ 90 milhões em um programa de profissionalização da classe. Parece um gasto amplo, mas a quantia é quase irrisória para os padrões da entidade. Mesmo com os gastos na Copa-06, a Fifa registra superávit de R$ 1 bilhão no ano. "Não quero falar sobre nosso caixa. Se temos muito, vocês vão dizer que estamos gastando mal, se temos pouco, também", disse Blatter.


Texto Anterior: Celebridades: 170 ex-craques são aposta da festa
Próximo Texto: Análise: Na Alemanha, o oba-oba é contido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.