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SONINHA
Não custa caprichar
Não espero treinos superpuxados, mas acho que tudo está frouxo demais
SE A CONFIANÇA é excessiva ou apenas razoável, eu não sei.
Mas é inegável que a seleção brasileira está bem
confiante.
Os treinos são leves e
descontraídos. Alguns jogadores são mais aplicados e concentrados do que
outros, é normal, e ninguém espera semblantes
carregados em um mero
treinamento só porque é
Copa do Mundo. É até
bom que eles consigam
abstrair a presença de mil
jornalistas do mundo todo
na arquibancada e fazer
seu trabalho sem se preocupar com nossas expectativas e apreensões.
Ainda assim, às vezes
sinto falta de um pouco
mais de rigor, de exigência. Não espero treinos superpuxados, que exponham os jogadores a riscos
e os estressem antes do
que realmente importa.
Mas acho tudo um pouco
frouxo demais...
Um exemplo: Parreira
faz alguns exercícios que
terminam com a oportunidade de chutar em gol. O
objetivo é treinar o passe,
o domínio e a movimentação, mas no fim está lá o
goleiro debaixo da trave
esperando a conclusão da
jogada. E 80% das tentativas (sem nenhum rigor
"Datafolha") vão para fora.
É sério, eu me lembro de
mais gols de cabeça do
Luisão do que de chutes
certos do Adriano. É só canudo para fora, bem longe
da trave. Eu sei, não é treino de finalização. Mas será
que Parreira não deveria
dizer firmemente "é para
chutar no gol"?
Fiquei imaginando um
treino do Dream Team em
que os jogadores fizessem
toda aquela movimentação maravilhosa até o garrafão e quase sempre errassem a cesta... Seria
meio escandaloso, até.
Mas ninguém se dirige aos
homens de frente do Brasil para dizer "chutem como se estivesse valendo!".
Alguém pode dizer:
"Que bobagem, que frescura, que implicância. É
claro que o jogador não vai
chutar no jogo com a mesma displicência com que
chuta no treino". Claro
que não. Mas pontaria não
é algo que dependa só de
talento e experiência; ela
pode (ou tem de ser) automatizada, reforçada, "calibrada". Chutar certo no
gol não é algo que canse ou
desgaste ninguém.
@ - soninha.folha@uol.com.br
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