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BASQUETE
Detalhes
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Ele tem 19 anos e deve assinar um contrato que vai lhe
render US$ 6,7 milhões até 2005.
Mas completou um trimestre sem
participar de uma partida oficial.
Seu time, o Denver, ainda não
tem técnico. Ele não sabe, portanto, como vai jogar. Ora, não sabe
nem onde vai morar. Não sabe
uma palavra de inglês. E, não podemos culpá-lo, o ala-pivô Nenê
também não sabe quando poderá
se afastar da NBA e se juntar à seleção brasileira.
Ele é o melhor armador do basquete nacional. Aos 25 anos, atingiu a maturidade em quadra.
Combina velocidade, drible e visão de jogo. Um Mundial pode
não ser o palco ideal para experiências. Mas os próprios colegas
de esporte não hesitavam em
apontá-lo como o novo titular.
Na semana passada, contudo,
Valtinho abortou o futuro. Alegou misteriosos problemas "físicos e pessoais" e pediu dispensa.
Há tempos, ele é considerado o
mais versátil jogador do país. Infiltra bem, chuta bem, passa bem,
vai bem nos rebotes. Porém, cansado de levar calote dos patrões
ao final de todo mês, resolveu ampliar os horizontes profissionais.
Nesta semana, embarca para os
EUA. Marcelinho, 27, trocará os
treinos da seleção por um torneio
de verão em Salt Lake City, pela
chance de mostrar sua habilidade
para os "olheiros" do basquete
norte-americano e europeu.
Assim, sem os três principais titulares, sem a espinha dorsal força-cérebro-talento, o Brasil engata em Uberlândia (MG) a rotina
de treinamentos para o Mundial.
Não param aí os problemas da
comissão técnica para o torneio,
que começa em 29 de agosto em
Indianápolis e é fundamental para a seleção retomar o seu espaço
na elite da bola laranja.
O próprio treinador se apresentou com alguns dias de atraso. É
que, até a quinta-feira passada,
quando renovou por R$ 50 mil
mensais com o Vasco, Hélio Rubens estava simplesmente à procura de emprego.
Boa parte dos selecionados passa pelo mesmo apuro.
Leandrinho, por exemplo, não
tem a menor idéia de onde jogará
depois do Mundial. A grande revelação do primeiro semestre, o
armador de 19 anos viu a equipe
do Bauru se dissolver enquanto a
cidade ainda festejava a conquista do inédito título nacional. É isso mesmo: hoje, no basquete, os
patrocinadores abandonam até o
campeão brasileiro.
Vanderlei, companheiro de
Leandrinho no Bauru e na seleção, parece ter acertado com o
Ajax, de Goiás. Dizem que pode
ser o mesmo destino de Rogério,
ex-Vasco. Demétrius, Helinho,
Michel, Sandro Varejão, enfim,
vai longe a lista dos convocados
que precisam conciliar os treinos
em Uberlândia com a negociação
de novos contratos.
Um deles, o pivô Luís Fernando,
24, estuda tomar a mesma atitude de Marcelinho: abandonar os
treinos para arriscar a sorte na
pré-temporada norte-americana.
Leitores otimistas relevam as
tristes coincidências dessa largada. Lembram o futebol, que saiu
desacreditado e se arrumou em
plena Copa do Mundo. E Hélio
Rubens, indagam, não tem o mesmo carisma, a mesma ascendência sobre o grupo, o mesmo cartel
de vitórias, não tem até o mesmo
bigode do Felipão? Ok, a superação faz mesmo parte da história
do basquete nacional. Mas Scolari tinha o lastro dos Ronaldos, de
Rivaldo. A serviço de Hélio Rubens nos EUA, só o "R" de raça.
Seleção 1
A comissão técnica teve o mérito de sepultar a tradição de convocar dezenas de jogadores à beira de uma competição importante.
Desta vez, a lista já nasceu enxuta, com 17 atletas (cinco serão cortados antes do embarque). E a atitude de Valtinho e a desafortunada contusão de Estevam podem resolver as únicas injustiças da relação: as ausências de Arnaldinho (Araraquara) e Janjão (Ajax).
Seleção 2
O Brasil vai medir forças três vezes contra a seleção de Cuba, que
não se classificou para o Mundial. O primeiro confronto é neste
domingo em Uberlândia, com transmissão da Bandeirantes. Os
outros dois, terça e quinta em Goiás, serão exibidos pela Sportv.
Seleção 3
Ainda que transparente, preocupa o papel ativo da Universo, parceira de equipes do Nacional, no esquema de treinos da seleção.
E-mail melk@uol.com.br
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