Co-Rio dará conjuntos para confederação após o Pan; um deles ficou dois anos em depósito do COB

Surpresa ao saber da notícia, CBG já planeja estabelecer centro de treinamento no Rio com os aparelhos, que custaram mais de R$ 550 mil

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Graças ao Pan, a ginástica artística brasileira ganhará dois novos conjuntos de aparelhos da melhor qualidade para desenvolver o esporte no país. E a confederação brasileira pretende usar um deles em um novo centro de treinamento, a ser instalado no Rio de Janeiro. Os dois sets de aparelhos do Pan, que custaram 213 mil (mais de R$ 550 mil), estavam guardados em um depósito do Comitê Olímpico Brasileiro. E não irão voltar para lá.
Indagada pela Folha se havia o risco de a aparelhagem, depois dos Jogos, ser armazenada novamente no depósito, a organização do Pan foi enfática. "Nenhum. Todos os aparelhos serão utilizados para o desenvolvimento do esporte no país", informou o Co-Rio (comitê organizador do Pan), entidade encarregada de dar um destino aos aparelhos depois dos Jogos, segundo o COB. Os organizadores destacam que não tomarão a decisão de forma unilateral. "A Confederação Brasileira de Ginástica vai opinar sobre a utilização desses equipamentos."
Ao saber pela reportagem da resolução sobre os aparelhos, Vicélia Florenzano, presidente da CBG, inicialmente fez uma expressão de descrédito e disse que não havia sido informada da possibilidade de contar com os dois novos sets.
Mas, quando ouviu que o Co-Rio havia exposto, por escrito, sua intenção à Folha, Vicélia vibrou. "Fico contente em saber disso. Na hora [em que recebê-los], vamos fazer um centro de treinamento. O primeiro set deve ficar aqui [no Rio].
Quanto ao outro, vamos conversar com quem dá o equipamento, para encontrar o melhor local", disse a dirigente. Ela contou que um dos conjuntos de aparelhos em questão chegou até a sofrer deterioração pelo excessivo tempo em que passou no depósito. "Um dos sets passou dois anos guardado e teve pequenas avarias dentro do contêiner. Algumas madeiras tiveram fungos. Mas isso já foi completamente recuperado pela CBG, e ele está em plena condição de uso." Segundo a principal dirigente da ginástica nacional, nos últimos três anos, o Brasil recebeu sete novos conjuntos de aparelhos de primeira linha.
"É sinal de que, no futuro, muito mais jovens vão ter acesso à modalidade. O país tem dimensões continentais e não pode ter um centro de treinamento em apenas uma cidade [Curitiba]", falou Vicélia, para quem a meta de espalhar novos centros de excelência pelo país é um projeto antigo. Só no Rio, prefeitura e a federação local estudam há mais de um ano locais para fazer um CT.
Victor Rosa, ginasta do Flamengo que integra a seleção, qualificou a novidade como algo "bastante ótimo". "Moro no Rio e é bom receber esta notícia, porque mostra como a ginástica cresce pelo país." Mosiah Rodrigues, seu colega de seleção, atestou a qualidade da aparelhagem. "São iguais aos do Mundial."