São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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Com medo, Dualib foge da torcida corintiana

Cartola põe clássico contra São Paulo no Morumbi para poder ir ao estádio

Decisão irrita Carpegiani e seus atletas, que queriam jogo no Pacaembu, onde presidente acredita que sua segurança corre risco

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não bastasse o isolamento político, o presidente Alberto Dualib agora se indispôs com o técnico Paulo César Carpegiani e os jogadores do Corinthians.
Foi ordem do cartola a marcação do clássico de sábado, contra o São Paulo, para o estádio do Morumbi, que pertence ao rival. A decisão irritou o treinador e seus comandados, que queriam o jogo no Pacaembu, considerada a casa do clube, mandante do confronto.
Segundo a Folha apurou, a preferência de Dualib pelo Morumbi diz respeito a sua segurança pessoal. Explica-se: o presidente deseja comparecer ao estádio no clássico.
Se a partida fosse na arena municipal, ele acredita que correria risco de ser agredido pelos torcedores. Anteontem, no Pacaembu, torcedores do movimento "Fora Dualib", que exige a saída do octagenário dirigente, realizaram protestos.
Distribuíram aos corintianos cartazes com o logotipo do grupo e até colocaram um carro de som na praça Charles Müller, em frente ao estádio, que durante horas ficou narrando fatos desabonadores da atual gestão corintiana.
No próximo dia 24, em reunião do Conselho Deliberativo, Dualib pode ser afastado do cargo por causa da reprovação das contas do clube.
O cartola, desde que chegou de Londres, há quase duas semanas, vem perdendo apoio de seus aliados. Ele também tem evitado as entrevistas.
Ir ao Morumbi, no clássico, poderia representar uma tentativa do cartola de mostrar que está próximo do time, conduta já adotada por ele em outras ocasiões de crise política.
A medida de levar o clássico para o estádio são-paulino, porém, foi impopular. Carpegiani, por exemplo, tem repetido neste Brasileiro que o time tem de jogar mais no Pacaembu -ontem, contra o Fluminense, foi o primeiro confronto corintiano no estádio. O técnico, aliás, já disse em algumas ocasiões que o Corinthians jogará 38 vezes fora de casa no Nacional.
Até agora, das cinco partidas do time em São Paulo, os alvinegros só ganharam uma -a da estréia contra o Juventude, no Morumbi, mesmo local de outros três duelos (dois empates e uma derrota).
Um dos argumentos de Dualib, porém, é o de que o time ficou muito exposto aos ataques dos torcedores em fracassos recentes, como na eliminação da Libertadores em 2006 para o River Plate ou na goleada (5 a 1) sofrida diante do próprio São Paulo, em 2005, que culminou com a demissão do técnico argentino Daniel Passarella.
Esse, aliás, é um dos 12 duelos que formam o tabu de quatro anos sem vitórias corintianas sobre os são-paulinos.
Com o clássico no Morumbi, na avaliação de Carpegiani, o São Paulo leva ampla vantagem, não só no aspecto técnico, como no aspecto psicológico.
Segundo o treinador, seus comandados estão abalados com a má fase do time.
Para atuar no estádio tricolor, os corintianos também terão de gastar mais. O aluguel custa R$ 70 mil. No Pacaembu, dificilmente superaria os R$ 35 mil. A confirmação do clássico para o Morumbi agrada à Polícia Militar, que considera maior o risco de confronto entre torcedores rivais no estádio municipal. No entanto, para escolher o local da partida, o Corinthians nem chegou a consultar a polícia.


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