São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

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Jade está sem salário, afirma pai da ginasta

Cesar Barbosa diz que sua filha não recebe da confederação desde janeiro

CBG afirma que Jade não ganha nenhuma ajuda de custo por opção da família, que a vê como um "produto" com prazo de validade


DA REPORTAGEM LOCAL

Jade Barbosa, principal nome da equipe brasileira de ginástica da atualidade, está sem contrato desde janeiro.
Desde então, ela não recebe salário da CBG, a confederação nacional da modalidade, segundo Cesar Barbosa, pai da atleta.
O vínculo com a entidade venceu no início deste ano. Barbosa disse que Jade recebia R$ 350 e um complemento -de acordo com ele, variável entre as atletas da seleção.
"O que ela recebia não era ruim, mas, no último semestre [do ano passado], reclamei", afirmou Barbosa à Folha.
"No início do ano, pedi para ver a tabela de preços que determinava o complemento de cada ginasta. Queria saber isso antes de assinar o contrato, até para negociar", acrescentou.
O pai de Jade disse que a confederação lhe enviou dois contratos, com valores idênticos, que previam a participação da atleta em oito peças publicitárias da Caixa Econômica Federal, patrocinadora da CBG.
"Não fiquei de acordo com os valores, que estavam abaixo do mercado", disse Barbosa, que não quis informar o montante.
Segundo ele, o contrato foi analisado por um advogado especialista em direito de imagem. E acabou não assinado.
Ele contou não ter sido procurado por ninguém da Caixa. O contato, disse Barbosa, foi feito apenas via CBG. "Desde janeiro, a Jade não recebe da confederação, que não tem jogo de cintura para negociar quando a coisa aperta."
Barbosa afirmou que, neste ano, Jade fez peças publicitárias para uma construtora. "E foi bem remunerada", contou.
O Flamengo, clube onde Jade treinava antes de seguir para o CT da CBG, em Curitiba, já anunciou a renovação do contrato com a ginasta por mais um ano, mas, segundo Barbosa, o documento não foi assinado por discordância com a cláusula sobre direitos de imagem.
"A Jade virou um produto para mim e estou investindo nela, até porque a ginástica é um esporte curto", declarou o pai, referindo-se à aposentadoria precoce das ginastas.
À noite, a CBG divulgou nota em que diz adotar os mesmos contratos para os ginastas. "As cláusulas são comuns a todos. As diferenças são em razão dos resultados obtidos nas provas internacionais nos anos anteriores. Portanto, os valores da ajuda de custo variam em razão dos resultados individuais."
A CBG negou os valores informados por Barbosa. A entidade disse ter sido avisada pelo pai de Jade de que o papel não seria assinado por ele discordar de algumas cláusulas.
"Nos anos de 2005, 2006 e 2007, não tivemos nenhuma contestação do pai a respeito dos contratos. Portanto, a ginasta Jade Barbosa não está recebendo nenhuma ajuda de custo da CBG por opção do pai, senhor Cesar Barbosa."
A assessoria da Caixa informou que Jade e Daiane dos Santos não assinaram contrato. Segundo a estatal, seriam dois acordos separados: um ligado ao programa Atletas de Alto Nível e outro específico para participar de oito filmes publicitários do banco.
Jade não corre risco de não ir à Olimpíada por não assinar com a Caixa. E ela terá garantido o seguro-saúde. O Comitê Olímpico Brasileiro já informou que todos os atletas da delegação nacional em Pequim contarão com o benefício.
A Folha tentou falar com a ginasta por meio da CBG, que informou que Jade não faria declarações sobre o caso -alegou querer preservar a atleta.
Jade começou a despontar em 2007. No Pan do Rio, faturou o ouro no salto, a prata por equipes e o bronze no solo. Na seqüência, levou o bronze no Mundial de Stuttgart (Alemanha) no individual geral.


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