São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Desaprender e aprender


No estilo brasileiro, a Espanha mostrou o óbvio: o futebol mais cadenciado e bonito pode ser eficiente

A ESPANHA , com vários baixinhos bons de bola e com bom conjunto, mostrou ao mundo o óbvio, para surpresa de tantos, de que o estilo mais cadenciado, habilidoso e bonito pode ser também eficiente.
Muitos espanhóis disseram que a sua seleção jogou no estilo brasileiro. Evidentemente, falavam de outras épocas. Os europeus copiam o estilo brasileiro e o Brasil copia o dos europeus.
Para uma equipe brilhar, seja no estilo espanhol (ou brasileiro) mais cadenciado ou no estilo inglês, com poucos toques de bola para chegar ao gol, é essencial, principalmente, ter ótimos jogadores, além de um bom conjunto.
Sempre defendi coisas ditas modernas, como uma boa organização tática, jogadas treinadas de bolas paradas, jogadores que fazem mais de uma função, que têm velocidade e mobilidade, e a marcação mais de perto, por pressão, pelo menos em parte do jogo, que pode começar no campo rival ou no meio-campo.
Mas há também espaço para o estilo mais cadenciado, bonito, para jogadores mais baixos, leves, lentos, criativos, especialistas e até para os transgressores, que não seguem muito a prancheta dos técnicos. Tudo vai depender do momento.
Só não há lugar para jogadores apáticos, mal preparados fisicamente, violentos, medíocres e times desorganizados, com qualquer estilo.
Muitos treinadores, jornalistas e torcedores, principalmente os mais jovens e que não conhecem a história do futebol brasileiro, deveriam desaprender para depois aprender sobre o que é jogar um bom futebol no Brasil.

Procura-se
Procura-se, desesperadamente, com grandes chances de não achar, jogando no Brasil ou no exterior, um volante que saiba se posicionar defensivamente, sem ser um volante-zagueiro, que desarme bem sem fazer muitas faltas, que saiba driblar quando for necessário, que tenha um passe rápido e eficiente para iniciar as jogadas ofensivas e que não seja somente curto e para os lados.
Esse volante não precisa chegar com freqüência ao ataque. Isso fica por conta dos outros armadores. Toda equipe precisa de, pelo menos, um volante mais recuado.
Desde 2002, o melhor e único excelente volante com essas características foi Gilberto Silva, que caiu muito de produção. Os jovens convocados para a seleção olímpica, Anderson, Hernanes e Lucas, além de Ramires, são armadores ofensivos e ainda promessas para a seleção principal.
O único jovem e bom volante que atua mais recuado, Charles, do Cruzeiro, não foi chamado.
Nessa urgência de descobrir um substituto para Gilberto Silva, pensei em Martinez. Ele nunca foi meia ou volante ofensivo, como jogou tantas vezes. Martinez tem um excelente passe. Mas é lento e desarma pouco. Será difícil dar certo. Será que ele não aprende a marcar como Pierre? Ou Pierre poderia aprender a passar bem a bola? Esse volante deveria ser uma mistura dos dois.
Procura-se, desesperadamente, um volante com essas características. Quem souber de um, avise logo Dunga ou o próximo treinador. Será bem recompensado.


Texto Anterior: Tênis: Persistência e alegria
Próximo Texto: Jade está sem salário, afirma pai da ginasta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.