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TOSTÃO
Desaprender e aprender
No estilo brasileiro, a Espanha mostrou o óbvio: o futebol mais cadenciado e bonito pode ser eficiente
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A ESPANHA , com vários baixinhos bons de bola e com bom
conjunto, mostrou ao mundo
o óbvio, para surpresa de tantos,
de que o estilo mais cadenciado,
habilidoso e bonito pode ser também eficiente.
Muitos espanhóis disseram que a
sua seleção jogou no estilo brasileiro. Evidentemente, falavam de outras épocas. Os europeus copiam o
estilo brasileiro e o Brasil copia o dos
europeus.
Para uma equipe brilhar, seja no
estilo espanhol (ou brasileiro) mais
cadenciado ou no estilo inglês, com
poucos toques de bola para chegar
ao gol, é essencial, principalmente,
ter ótimos jogadores, além de um
bom conjunto.
Sempre defendi coisas ditas modernas, como uma boa organização
tática, jogadas treinadas de bolas paradas, jogadores que fazem mais de
uma função, que têm velocidade e
mobilidade, e a marcação mais de
perto, por pressão, pelo menos em
parte do jogo, que pode começar no
campo rival ou no meio-campo.
Mas há também espaço para o estilo mais cadenciado, bonito, para
jogadores mais baixos, leves, lentos,
criativos, especialistas e até para os
transgressores, que não seguem
muito a prancheta dos técnicos. Tudo vai depender do momento.
Só não há lugar para jogadores
apáticos, mal preparados fisicamente, violentos, medíocres e times desorganizados, com qualquer estilo.
Muitos treinadores, jornalistas e
torcedores, principalmente os mais
jovens e que não conhecem a história do futebol brasileiro, deveriam
desaprender para depois aprender
sobre o que é jogar um bom futebol
no Brasil.
Procura-se
Procura-se, desesperadamente,
com grandes chances de não achar,
jogando no Brasil ou no exterior,
um volante que saiba se posicionar
defensivamente, sem ser um volante-zagueiro, que desarme bem sem
fazer muitas faltas, que saiba driblar quando for necessário, que tenha um passe rápido e eficiente para iniciar as jogadas ofensivas e que
não seja somente curto e para os
lados.
Esse volante não precisa chegar
com freqüência ao ataque. Isso fica
por conta dos outros armadores.
Toda equipe precisa de, pelo menos, um volante mais recuado.
Desde 2002, o melhor e único excelente volante com essas características foi Gilberto Silva, que caiu
muito de produção. Os jovens convocados para a seleção olímpica,
Anderson, Hernanes e Lucas, além
de Ramires, são armadores ofensivos e ainda promessas para a seleção principal.
O único jovem e bom volante que
atua mais recuado, Charles, do
Cruzeiro, não foi chamado.
Nessa urgência de descobrir um
substituto para Gilberto Silva, pensei em Martinez. Ele nunca foi
meia ou volante ofensivo, como jogou tantas vezes. Martinez tem um
excelente passe. Mas é lento e desarma pouco. Será difícil dar certo.
Será que ele não aprende a marcar
como Pierre? Ou Pierre poderia
aprender a passar bem a bola? Esse
volante deveria ser uma mistura
dos dois.
Procura-se, desesperadamente,
um volante com essas características. Quem souber de um, avise logo
Dunga ou o próximo treinador. Será bem recompensado.
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