São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2010

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De saída, Lula prevê Copa "inesquecível"

"É um compromisso, podem cobrar", diz presidente, que está no último ano no cargo e não levou Dilma à África

DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

O presidente Lula prometeu ontem em Johannesburgo, no lançamento da Copa- -2014 no Brasil, um Mundial "inesquecível". "É um compromisso, podem cobrar." A cobrança, porém, não será sobre ele. Lula deixará o cargo no final deste ano. Na viagem que faz pela África, ele não levou em sua comitiva a candidata petista à sua sucessão, Dilma Rousseff. "Eu não serei mais presidente, mas continuo brasileiro e podem contar comigo para fazer a melhor Copa da história", declarou ele, prometendo também "o máximo de transparência".
"Todos os gastos públicos serão acompanhados pela internet por qualquer cidadão brasileiro ou do mundo todo", afirmou Lula, referindo-se ao Portal da Transparência criado pelo governo federal para divulgar o dinheiro gasto com o Mundial.
Lula defendeu uma renovação na seleção brasileira e disse ser um bom palpiteiro, mas não se arriscou a sugerir um treinador para a seleção. Talvez para apagar o mal-estar com o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira.
Dois dias antes de chegar à África do Sul, Lula defendeu uma renovação de mandato na CBF. Afirmou que, quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, estipulou o limite de dois mandatos. "Eu respeito democraticamente o presidente Lula, mas discordo", afirmou Teixeira ontem pela manhã.
À tarde, Lula recuou. "O presidente da República tem problemas demais para se meter na eleição da CBF." Durante a festa de ontem, o presidente chamou Teixeira de "companheiro", arrancando um sorriso do dirigente, quase sempre sisudo. Depois, os dois se abraçaram.
Lula confirmou que não irá à decisão do Mundial, no próximo domingo. Afirmou estar "cansado" da viagem que realiza pela África.
"Amanhã [hoje] eu tenho uma agenda duríssima, que vai terminar às 23h numa reunião com o presidente [Jacob] Zuma [da África do Sul]. Eu tenho 64 anos e preciso descansar um pouco."
O presidente afirmou a pessoas próximas que iria ao jogo se ao menos o Uruguai estivesse classificado para a final. "Eu estava imaginando que teríamos uma final do Mercosul. Lamentavelmente, isso não aconteceu."
Mesmo assim, elogiou a seleção brasileira, eliminada nas quartas de final pela Holanda, e o treinador Dunga, demitido nesta semana. "Ele foi duro com a imprensa, mas a verdade é que fez um trabalho bom", declarou Lula, que defendeu uma renovação para 2014.
"Jogadores que atuaram em duas ou três Copas têm de dar lugar àqueles com 22, 23 anos." (EDUARDO ARRUDA)


Colaboraram FÁBIO ZANINI, MARTÍN FERNANDEZ e SÉRGIO RANGEL, enviados especiais a Johannesburgo



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