São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2010 |
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TOSTÃO Passe burocrático
O NÍVEL técnico da Copa está apenas razoável. Melhorou nos últimos jogos. É mais uma Copa do Mundo, mais ainda que as anteriores, do passe burocrático, seguro, tecnicamente correto, para o lado, curto, com a parte interna do pé (de chapa), com a finalidade de manter a posse de bola. O time perde a bola, recua para o seu campo e espera o outro para contra-atacar. Quem tem a bola não quer entregá-la. Toca para um lado, para o outro, até alguém errar o passe. Como o time que recupera a bola está muito recuado e só com um jogador na frente, são raros os contra-ataques. A única seleção que marca por pressão é a Espanha. Quando a Alemanha recuperava a bola na sua intermediária, não conseguia tocá-la ou chegar à frente, porque a Espanha, em vez de recuar, como fazem as outras seleções, pressionava o jogador da Alemanha que estava com a bola. A Espanha, como o Barcelona, foge do padrão globalizado. Estão cada vez mais raros os passes longos, rápidos, para a frente, entre os zagueiros, nos pequenos espaços, e também os passes de curva, de trivela, de rosca, em que a bola contorna o corpo do adversário para chegar ao companheiro. O passe longo, de uma lateral à outra, também está diminuindo. Sneijder é ótimo nesses lançamentos. Felipe Melo também fez isso bem, até fazer o que melhor sabe -pisar no adversário caído no chão. O drible de corpo, a finta, o drible em que o jogador vai para um lado e, depois, vai para o outro, o elástico e todos os tipos de dribles são cada vez menos frequentes. O que ainda mais se vê é o atleta, na lateral do campo, jogar a bola na frente para pegá- -la. É mais um lance de velocidade, de força física, do que um verdadeiro drible. No futuro, o drible vai ser tão raro que poderá ser considerado uma falta, uma atitude antiética. O atual momento me lembra o da Copa de 1990, quando a vitória valia dois pontos. Um time esperava o outro, e nada acontecia. O empate era bom. Os jogos eram chatos e com poucos gols. Foi a menor média de gols de todas as Copas do Mundo (2,21). A atual é quase igual, a segunda menor média (2,24). Após a Copa do Mundo de 1990, a Fifa mudou a regra, e a vitória passou a valer três pontos. Isso levantou o futebol. Agora, houve uma acomodação. É preciso fazer alguma coisa. Texto Anterior: Estilo espanhol é o do azul-grená, defende Cruyff Próximo Texto: Não cabem todos, diz Del Bosque Índice |
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