São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

EUA>>SÉRGIO DÁVILA

A cerimônia censurada

HOUVE CENSURA na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos da China. Não, não é ideológica nem veio do Partido Comunista chinês: foi econômica, e veio do comando das agências de publicidade norte-americanas.
No momento em que estimados 4 bilhões de telespectadores do mundo inteiro assistiam ao espetáculo ao vivo pela TV, 300 milhões de norte-americanos viam um chef de cozinha ensinar culinária chinesa na NBC, a emissora detentora dos direitos de transmissão.
O motivo? Não há apenas um, mas 894 milhões. Foi essa a quantia em dólares que a empresa pagou pela exclusividade de exibir os Jogos nos EUA. Só em venda de publicidade a NBC já faturou US$ 1 bilhão (mais de R$ 1,6 bilhão). Mas os anunciantes pagaram por um produto inédito e em horário nobre. Daí a decisão de atrasar a transmissão para as 20h locais de ontem (21h de Brasília), quase 12 horas depois do fato.
E danem-se os telespectadores matinais dos EUA, como este colunista. Aos poucos, porém, uma comunidade de milhares passou a se comunicar em fóruns virtuais públicos e dar dicas de onde assistir ao evento ao vivo pela internet.
O site da CBC canadense está exibindo! (Era verdade, mas com qualidade baixa.) O da alemã pública Das Erste -"a primeira"- tem uma tela maior! (Tinha mesmo, e eu acabei assistindo nessa, interrompido por dezenas de "wunderbar", "maravilhoso", dos âncoras.)
E não é que foi "wunderbar" mesmo? Especialmente o veterano ginasta olímpico Li Ning suspenso no ar, "correndo" com a tocha sobre uma tela gigantesca que se desenrolava no topo das arquibancadas, até acender a pira gigante.
Foi um momento mais Steven Spielberg -que ia dirigir a cerimônia, mas desistiu por motivos de consciência- que Zhang Yimou, o cineasta chinês que comandou a festa de abertura. Ainda assim, "wunderbar". Será isso a globalização?


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