São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009 |
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TOSTÃO Sentimento de culpa já era
NESSA SEMANA, Clóvis Rossi lembrou duas imagens deprimentes da política brasileira. Na primeira, Lula abraça Fernando Collor, que, anos atrás, pagou a uma mulher para dizer, na televisão, que Lula, seu adversário, quis abortar a filha que tiveram. Na segunda, Collor, que faz parte hoje da tropa de choque de Sarney, é o mesmo que chamou até de ladrão o presidente do Senado. Esses e tantos outros fatos lamentáveis, de gravidades variáveis, acontecem em toda sociedade, e também no futebol. Pelé já criticou e abraçou Ricardo Teixeira, afetuosamente, várias vezes. As opiniões mudam com frequência. Ricardo Teixeira disse que não haveria dinheiro público para construção de estádios para a Copa de 2014. Agora, acha isso inevitável. Vão dizer que financiamento do BNDES não é dinheiro público. Como não é? Já imaginou o que vai ocorrer perto da Copa, com obras atrasadas? Por causa da repercussão negativa, o governo, via BNDES, quer agora diminuir os custos dos estádios. Outra conversa fiada. A coerência é uma difícil e rara qualidade. Além disso, muitas pessoas são cobradas pelo que fizeram e disseram 30, 40 anos atrás. É difícil também separar a mudança de opinião, que pode ser uma virtude, uma evolução, da mudança por outros interesses, às vezes indecorosos. Sei que não é fácil ser um observador neutro. Quando analisamos um fato, com frequência, mesmo sem perceber, utilizamos pré-conceitos e, às vezes, preconceitos que nem imaginamos ter. O ser humano vive dividido entre o desejo e a ética. Uma disputa esportiva, por carregar emoção e uma obsessiva busca pela glória e pelo dinheiro, não é um bom lugar para se ver condutas educadas e éticas. Se não houvesse fiscalização e punição, haveria muito mais coisas graves, antiéticas e ilegais, como o doping no atletismo brasileiro. Freud dizia que o ser humano é muito mais imoral do que se imagina, pois deseja, mesmo se não fizer, muitas coisas perversas, e muito mais moral que se pensa, por ter muitos sentimentos de culpa. Isso mudou. O sentimento de culpa está fora de moda. Choque de gerações Fernandão disse que um dos motivos de ele ter ido para o Goiás, e não para o Internacional, um clube de mais prestígio, foi não ter sido bem tratado pelo time gaúcho, clube em que teve ótima convivência e longa e brilhante passagem. O jovem Fernandão queria ter uma conversa afetuosa com os dirigentes. Estes pediram que ele mandasse uma proposta por e-mail. Fernandão não gostou. Os dirigentes estranharam. Foi um choque invertido de gerações. A moda agora é se comunicar por e-mails, blogs e Twitter. Segundo José Saramago, que possui blog, o Twitter, com poucas palavras, é mais uma evidência de que o ser humano caminha para o grunhido. Coerência Para tentar ser coerente e corrigir um erro, deveria ter escrito na coluna anterior que Muricy, por fazer bem o óbvio, o essencial, se diferencia de outros treinadores, e não dos outros treinadores. Ele não é o único que faz bem o óbvio, as coisas essenciais. Texto Anterior: Alemão: Desfalcado, Bayern estreia com empate Próximo Texto: Brasileiros esperam blitz antidoping em Berlim Índice |
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