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Brasileiros esperam blitz antidoping em Berlim
Após escândalo, atletas acreditam que serão mais requisitados para exames
Diretor da confederação diz que 30 dos 42 atletas do país que vão ao Mundial devem ser testados até o início da competição, no sábado
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nuvem negra paira sobre a delegação brasileira de
atletismo que disputará o Mundial de Berlim a partir do dia 15.
Após o estouro do maior escândalo de doping da história
do país, com sete casos revelados em apenas uma semana, a
rotina dos atletas que já estão
na Alemanha mudou.
"O clima ficou bem pesado. A
segunda-feira [quando cinco
integrantes tiveram revelados
os exames de doping positivo
para a substância EPO] foi o dia
mais estranho da minha vida",
disse o velocista Sandro Viana,
que competirá nos 200 m e no
revezamento 4 x 100 m.
Apesar de a confederação
brasileira não se mostrar preocupada, os atletas acreditam
que o número de exames antidoping feitos pela Iaaf (entidade que gerencia o atletismo
mundial) pode aumentar.
"Tradicionalmente, sempre
são feitos muitos testes. Toda a
equipe foi testada fora de competição. Até o momento, ainda
não foi realizado nenhum teste
na Alemanha. Mas 30 dos 42
atletas devem ser testados",
disse Martinho Nobre, diretor
da confederação brasileira.
Nesta semana, seis atletas retornaram da Alemanha após
terem seus nomes envolvidos
com o doping sistemático de
EPO (eritropoietina): Bruno
Lins (200 m e 4 x 100 m), Jorge
Célio (200 m e 4 x 100 m), Josiane Tito (4 x 400 m), Luciana
França (400 m com barreiras),
Lucimara Silvestre (heptatlo) e
Evelyn Santos (4 x 100 m).
A substância é utilizada para
aumentar o número de glóbulos vermelhos e, consequentemente, a resistência dos atletas.
Todos eram treinados por
Jayme Netto Jr., da equipe Rede Atletismo, em Presidente
Prudente, e alegaram não saber
qual substância era injetada.
Na versão de Jayme, os atletas pensavam que as injeções
eram de aminoácidos. O treinador e o assistente Inaldo Sena
também afirmaram ter recebido orientação e a substância de
Pedro Balikian, fisiologista da
universidade Unesp.
Como reflexo, agora, os integrantes da delegação brasileira
ficaram mais desconfiados.
"O certo é um atleta desse nível verificar até se o copo de
água dele veio lacrado. Sempre
fizemos campanhas elucidativas nesse sentido", afirmou Roberto Gesta de Melo, presidente da confederação nacional.
A entidade abriu um inquérito para apurar o caso. O veredicto deve sair até setembro.
Os cinco atletas que não pediram a contraprova dos exames realizados no dia 15 de junho, em Presidente Prudente,
foram suspensos por dois anos.
Já Evelyn e o sub-23 Rodrigo
Bargas, que não tiveram testes
positivos mas confessaram participação no esquema, estão
afastados preventivamente enquanto aguardam julgamento.
Dos classificados para o
Mundial, seis foram flagrados
no antidoping. Lucimar Teodoro (400 m com barreiras), também da Rede, teve exame positivo para um estimulante durante o Troféu Brasil.
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