São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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Sem Daniella na platéia, Brasil de Ronaldo empaca

Atacante não repete atuações de gala para noiva, e seleção empata com alemães na revanche da Copa

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Musa inspiradora de Ronaldo, Daniella Cicarelli ontem não estava nas tribunas e, para azar de Carlos Alberto Parreira, o Brasil não passou de um empate sem graça com a Alemanha por 1 a 1, no Estádio Olímpico de Berlim.
A futura mulher do principal astro da seleção parece ter dado novo gás a Ronaldo quando acompanhou in loco suas partidas.
Na primeira vez, quando ainda nem tinham assumido o romance, ela assistiu, das tribunas do Mineirão, ao show particular do atacante, que marcou três na vitória sobre a Argentina, em junho.
Na partida seguinte, Daniella não foi ao Chile, e Ronaldo passou em branco no empate por 1 a 1.
Mas, no último domingo, lá estava ela no Morumbi recebendo homenagem particular do amado após ele ter marcado, contra a Bolívia, seu primeiro gol com a camisa da seleção em São Paulo.
Ontem, sem Daniella, Ronaldo ficou sozinho, não só fora, mas dentro de campo também.
Foi pouco acionado, apenas 20 vezes, segundo o Datafolha, e não conseguiu repetir a atuação da final da última Copa do Mundo, contra a mesma Alemanha, quando marcou os gols da vitória por 2 a 0 que deu o título ao Brasil.
O Ronaldo da "revanche" contra os alemães não transferiu, como disse que desejava, a sua alegria para o gramado. Finalizou só duas vezes, para fora. Nas dez partidas anteriores pela seleção, o atacante deixara o campo com pelo menos um chute certeiro.
O resultado da apresentação pífia do artilheiro pesou contra a seleção de forma relevante. Foi o pior desempenho ofensivo do Brasil na era Parreira, com sete chutes a gol e só dois deles certos.
O primeiro deu uma falsa impressão sobre o comportamento da seleção. Edu foi derrubado na entrada da área, aos 9min.
A falta, cobrada com perfeição por Ronaldinho, acertou o canto direito do goleiro Oliver Kahn, que só ficou observando.
Kahn, que fora apontado como um dos principais responsáveis pela derrota na final da Copa-02, novamente foi vaiado pelos alemães presentes ao estádio, que abrigará a final da Copa-06. Na véspera do amistoso, ele havia sido hostilizado num treino. Ontem, o goleiro, que falhou no primeiro gol de Ronaldo na decisão da Copa, foi quase um espectador.
Após sofrer com Ronaldinho, ele não foi mais incomodado no primeiro tempo. Mas seu colega Júlio César teve trabalho.
Primeiro, viu a defesa falhar e o brasileiro naturalizado alemão Kevin Kuranyi dominar a bola no peito na área e tocar com categoria, no canto direito, para empatar o jogo, aos 17min.
Com toques rápidos, os alemães conseguiam envolver o lento time brasileiro e poderiam ter saído da primeira etapa com a vantagem no placar, não fossem três boas intervenções de Júlio César.
"Vamos ter de mudar muitas coisas, senão teremos problemas", declarou um irritado Parreira no intervalo da partida.
Na etapa final, o técnico reforçou a marcação no meio-campo. Tirou Adriano e pôs Júlio Baptista. Renato entrou no lugar de Juninho, e Maicon no de Belletti.
O Brasil não foi mais ameaçado, e Ronaldo quase impôs novo castigo a Kahn. Em jogada que lembrou o primeiro gol da final da Copa, ele roubou a bola de um rival e serviu Júlio Baptista, que chutou para defesa do alemão.
Ontem, Kahn levou a melhor. Para Ronaldo, resta esperar o reencontro hoje com a amada, em Madri, e torcer para voltar, com ela, ao Estádio Olímpico de Berlim na decisão da Copa-2006.


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