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ATLETISMO
Corte suprema se recusa a alterar sentença da federação internacional e põe fim a caso que marcou Atenas-04
Tribunal decide não dar ouro a Vanderlei
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Prejudicado durante a maratona olímpica, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, 35, não ganhará a medalha de ouro dos Jogos de Atenas-04.
Ontem, a Corte de Arbitragem
do Esporte, última instância de
julgamento, rejeitou o pedido encaminhado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para que o atleta fosse considerado campeão da prova, assim como o italiano Stefano
Baldini, o vencedor da disputa.
Vanderlei foi abalroado por um
ex-padre irlandês quando liderava a prova. Mesmo assim, retomou a corrida, terminando o percurso na terceira colocação.
"Para falar a verdade, não esperava muito desse julgamento. Se
tivesse que mudar alguma coisa,
teria que ter sido no dia. O importante é que houve reconhecimento geral. O campeão moral da maratona fui eu", afirmou à Folha
Vanderlei, que declara ter a convicção de que venceria a corrida.
"Os outros atletas não conseguiam ver onde eu estava. Além
disso, só faltava a parte final do
percurso, que era a mais fácil. Falar de maratona é complicado.
Mas naquela situação, dificilmente perderia", argumenta o atleta.
Logo após a corrida, o COB encaminhou um pedido de revisão
do resultado, que não foi aceito
pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).
O tribunal de Lausanne (Suíça),
considerou que o pedido brasileiro "criticou somente as medidas
de segurança da corrida, mas não
demonstrou que regras foram
violadas pelo Júri de Apelação em
sua decisão de não mudar o resultado da maratona, nem que houve má fé ou arbitrariedade".
Mesmo assim, a CAS "lamentou
as circunstâncias infelizes do caso
e expressou sua compaixão pelo
atleta. Contudo, não teve poder,
nesta instância, para remediar sua
legítima frustração".
Para Carlos Arthur Nuzman,
presidente do COB, o caso pode
abrir uma discussão sobre mudanças nas regras de apelação.
"Tivemos menos de meia hora
para fazer a apelação. Acho que
houve falha na organização. O direito de defesa, em uma situação
dessas, é pequeno. Entendemos
que o tribunal esportivo, em uma
competição, não pode ter decisão
absoluta", defende Nuzman.
Para Roberto Gesta de Melo,
presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, que está em
Montecarlo, para reunião da Iaaf,
mesmo com a derrota nos tribunais, "os méritos do atleta foram
reconhecidos pelas entidades oficiais, pelo povo brasileiro e pela
opinião pública internacional".
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