São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2005

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ATLETISMO

Corte suprema se recusa a alterar sentença da federação internacional e põe fim a caso que marcou Atenas-04

Tribunal decide não dar ouro a Vanderlei

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Prejudicado durante a maratona olímpica, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, 35, não ganhará a medalha de ouro dos Jogos de Atenas-04.
Ontem, a Corte de Arbitragem do Esporte, última instância de julgamento, rejeitou o pedido encaminhado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para que o atleta fosse considerado campeão da prova, assim como o italiano Stefano Baldini, o vencedor da disputa.
Vanderlei foi abalroado por um ex-padre irlandês quando liderava a prova. Mesmo assim, retomou a corrida, terminando o percurso na terceira colocação.
"Para falar a verdade, não esperava muito desse julgamento. Se tivesse que mudar alguma coisa, teria que ter sido no dia. O importante é que houve reconhecimento geral. O campeão moral da maratona fui eu", afirmou à Folha Vanderlei, que declara ter a convicção de que venceria a corrida.
"Os outros atletas não conseguiam ver onde eu estava. Além disso, só faltava a parte final do percurso, que era a mais fácil. Falar de maratona é complicado. Mas naquela situação, dificilmente perderia", argumenta o atleta.
Logo após a corrida, o COB encaminhou um pedido de revisão do resultado, que não foi aceito pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).
O tribunal de Lausanne (Suíça), considerou que o pedido brasileiro "criticou somente as medidas de segurança da corrida, mas não demonstrou que regras foram violadas pelo Júri de Apelação em sua decisão de não mudar o resultado da maratona, nem que houve má fé ou arbitrariedade".
Mesmo assim, a CAS "lamentou as circunstâncias infelizes do caso e expressou sua compaixão pelo atleta. Contudo, não teve poder, nesta instância, para remediar sua legítima frustração".
Para Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, o caso pode abrir uma discussão sobre mudanças nas regras de apelação.
"Tivemos menos de meia hora para fazer a apelação. Acho que houve falha na organização. O direito de defesa, em uma situação dessas, é pequeno. Entendemos que o tribunal esportivo, em uma competição, não pode ter decisão absoluta", defende Nuzman.
Para Roberto Gesta de Melo, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, que está em Montecarlo, para reunião da Iaaf, mesmo com a derrota nos tribunais, "os méritos do atleta foram reconhecidos pelas entidades oficiais, pelo povo brasileiro e pela opinião pública internacional".


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