São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2005

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JUDÔ

Luciano Corrêa segue os passos de ídolo e garante o bronze no Mundial com golpe perfeito no último segundo de luta

Novato confirma tradição de pódio no meio-pesado

Rabih Moghrabi/France Presse
Luciano Corrêa, bronze entre os meio-pesados no Mundial, vibra durante a competição no Egito



LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há 16 anos, ele pediu a Aurélio Miguel uma faixa autografada. Ontem, após ganhar o bronze em seu primeiro Mundial, na classe de peso em que lutava o campeão olímpico (até 100 kg), Luciano Corrêa arrancou elogios do ídolo.
A medalha -a 14ª do judô brasileiro no evento, que só perde em importância para a Olimpíada- só foi assegurada no último segundo do confronto contra o iraniano Abbas Fallah, quando o brasiliense de 22 anos conseguiu o ippon (o "nocaute" do judô). Foi a oitava vez o Brasil teve um meio-pesado no pódio de um Mundial.
"Luciano é um judoca extremamente determinado, que sempre se empenha muito nos treinamentos. Ele merece essa conquista. Subir ao pódio de um Mundial adulto no início do ciclo olímpico dará a ele muita confiança em sua preparação", diz Aurélio Miguel, ouro nos Jogos de Seul-88.
Ele acredita que o judoca do Minas Tênis Clube mostrou uma boa evolução técnica, mas aponta sua postura no tatame como fundamental na conquista de ontem, destacando o fato de ele ter vencido quatro de suas seis lutas com golpes perfeitos. "Ele mostrou que tem cabeça de campeão. Enfrentou atletas mais experientes e sempre procurou o ippon. Não se intimidou com o currículo dos outros. Não respeitou o japonês."
O japonês a que Aurélio se referiu é o campeão olímpico -no peso pesado- Keiji Suzuki, único rival que venceu Luciano ontem e que acabou com o ouro.
"Vivo muitas privações por causa do judô: treino duas vezes por dia, durmo cedo, não saio, tenho vida regrada, minha família e amigos abrem mão de coisas para estarem ao meu lado", afirmou, após a conquista, o judoca, que mora numa república com outros três atletas. Em 1999, quando completou 17 anos, Luciano recebeu um convite para deixar Brasília e treinar em Belo Horizonte.
Segundo Floriano Almeida, seu técnico no clube, a distância de casa fortaleceu a determinação do judoca. "É ótimo tê-lo como atleta. É muito disciplinado. Se eu falar que, para ser o melhor, ele tem que pular de um prédio, ele pula. Até nisso ele lembra o Aurélio."
O treinador conta que Luciano costuma levar para o tatame uma garrafa com água benta e destaca seu espírito de grupo: "Certamente, amanhã [hoje] ele vai ao tatame para o aquecimento de Alexsander Guedes e Tiago Camilo".
Além de Guedes e Camilo, Vânia Ishii e Márcia Vieira representam o Brasil hoje no Cairo.

NA TV - Mundial de judô, às 10h26, ao vivo, no Sportv


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