São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Tetra, Itália troca "calcio" por futebol

Pela 1ª vez sem a Juventus, rebaixada, torneio nacional vê como favorita a Inter de Milão, time com menos italianos

Destaques da seleção campeã do mundo na Alemanha não participam da competição ou são coadjuvantes em seus times


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dia é 9 de julho. Fabio Cannavaro, com o gesto característico, ergue a Taça Fifa e faz o mundo da bola ficar com sotaque italiano após 24 anos.
Cinco dias depois, a Justiça Desportiva do país recém-transformado em tetracampeão ratifica o envolvimento da Juventus no escândalo de manipulação de resultados do campeonato e determina ao time mais tradicional, popular e vencedor do país o inédito rebaixamento à segunda divisão.
Resultado prático: no ano do tetra, mas também do maior escândalo do "calcio" desde o início dos anos 80, começa hoje o menos italiano dos Italianos.
A competição, que marcará a primeira ausência da poderosa equipe de Turim na elite, vê despontar como a grande favorita ao título a equipe menos italiana do "calcio".
A Internazionale, grande candidata a faturar o "scudetto" desta temporada por não ter a concorrência da Juventus e, pelo menos no início do campeonato, do Milan, que começará o Italiano com oito pontos negativos, faz jus a seu nome.
O time tem o elenco mais estrangeiro do país tetracampeão. No plantel formado por 26 jogadores, apenas 5 são italianos. O clube aposta numa base calcada em sul-americanos (8 argentinos, 4 brasileiros, 2 uruguaios e 1 colombiano). França, Portugal, Sérvia, Grécia e Suécia também têm um representante cada um na equipe de Milão.
Sul-americanos, aliás, estão em alta. Sobretudo os brasileiros. Eles formam a maior legião estrangeira na elite: 30 atletas.
Mas a falta do brilho italiano em seu próprio torneio nacional não pára por aí. As principais estrelas que se destacaram na seleção vencedora do Mundial da Alemanha, há exatos dois meses, estarão ausentes ou "escondidas".
O capitão da Itália e segundo melhor jogador da Copa, Fabio Cannavaro, foi desfilar seu talento no rival Campeonato Espanhol, pelo Real Madrid.
Gianluigi Buffon, o goleiro que saiu do Mundial com status de melhor do mundo na posição, não sucumbiu à tentação trocar a Juventus pelo Milan e a partir de hoje abrilhanta o campeonato da Série B na Itália A equipe de Turim, aliás, começa a sua jornada na segunda divisão em Rimini, onde enfrenta o time da cidade, que se alvoroça só pela expectativa da presença da "Velha Senhora". Os 10 mil lugares do estádio local estarão todos tomados.
Já os tetracampeões que disputarão a primeira divisão não estão no mesmo nível dos dois maiores ausentes.
Pirlo e Materazzi, por exemplo, tiveram grandes atuações na Copa, mas são coadjuvantes em suas equipes. No Milan, o volante tem função vital, mas deixa o estrelato para Kaká. Na Inter, o zagueiro protagonista da final do Mundial é apenas um reserva de luxo.
Para quem costuma dizer que na Itália não se joga futebol, mas "calcio", como se fosse outra modalidade, esta é a temporada ideal para tirar a prova.


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