|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tetra, Itália troca "calcio" por futebol
Pela 1ª vez sem a Juventus, rebaixada, torneio nacional vê como favorita a Inter de Milão, time com menos italianos
Destaques da seleção campeã do mundo na Alemanha não participam da competição ou são coadjuvantes em seus times
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dia é 9 de julho. Fabio Cannavaro, com o gesto característico, ergue a Taça Fifa e faz o
mundo da bola ficar com sotaque italiano após 24 anos.
Cinco dias depois, a Justiça
Desportiva do país recém-transformado em tetracampeão ratifica o envolvimento da
Juventus no escândalo de manipulação de resultados do
campeonato e determina ao time mais tradicional, popular e
vencedor do país o inédito rebaixamento à segunda divisão.
Resultado prático: no ano do
tetra, mas também do maior escândalo do "calcio" desde o início dos anos 80, começa hoje o
menos italiano dos Italianos.
A competição, que marcará a
primeira ausência da poderosa
equipe de Turim na elite, vê
despontar como a grande favorita ao título a equipe menos
italiana do "calcio".
A Internazionale, grande
candidata a faturar o "scudetto" desta temporada por não
ter a concorrência da Juventus
e, pelo menos no início do campeonato, do Milan, que começará o Italiano com oito pontos
negativos, faz jus a seu nome.
O time tem o elenco mais estrangeiro do país tetracampeão. No plantel formado por
26 jogadores, apenas 5 são italianos. O clube aposta numa base calcada em sul-americanos
(8 argentinos, 4 brasileiros, 2
uruguaios e 1 colombiano).
França, Portugal, Sérvia, Grécia e Suécia também têm um
representante cada um na
equipe de Milão.
Sul-americanos, aliás, estão
em alta. Sobretudo os brasileiros. Eles formam a maior legião
estrangeira na elite: 30 atletas.
Mas a falta do brilho italiano
em seu próprio torneio nacional não pára por aí. As principais estrelas que se destacaram
na seleção vencedora do Mundial da Alemanha, há exatos
dois meses, estarão ausentes ou
"escondidas".
O capitão da Itália e segundo
melhor jogador da Copa, Fabio
Cannavaro, foi desfilar seu talento no rival Campeonato Espanhol, pelo Real Madrid.
Gianluigi Buffon, o goleiro
que saiu do Mundial com status
de melhor do mundo na posição, não sucumbiu à tentação
trocar a Juventus pelo Milan e
a partir de hoje abrilhanta o
campeonato da Série B na Itália
A equipe de Turim, aliás, começa a sua jornada na segunda divisão em Rimini, onde enfrenta
o time da cidade, que se alvoroça só pela expectativa da presença da "Velha Senhora". Os
10 mil lugares do estádio local
estarão todos tomados.
Já os tetracampeões que disputarão a primeira divisão não
estão no mesmo nível dos dois
maiores ausentes.
Pirlo e Materazzi, por exemplo, tiveram grandes atuações
na Copa, mas são coadjuvantes
em suas equipes. No Milan, o
volante tem função vital, mas
deixa o estrelato para Kaká. Na
Inter, o zagueiro protagonista
da final do Mundial é apenas
um reserva de luxo.
Para quem costuma dizer
que na Itália não se joga futebol, mas "calcio", como se fosse
outra modalidade, esta é a temporada ideal para tirar a prova.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: [+] Tributo: Inter de Milão anuncia a aposentadoria da camisa número 3 Índice
|