|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dança de técnicos atinge ápice e evidencia aflição no Nacional
Em 22 rodadas, 23 treinadores deixaram os clubes, em especial na zona da degola
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Visto como salvador no Corinthians, o técnico Emerson
Leão já foi vilão no Palmeiras.
Ainda passou pelo São Caetano.
O comandante corintiano é o
retrato da explosão de troca de
treinadores registrada no Brasileiro-06, que bate recordes.
Até agora, 23 técnicos foram
demitidos ou deixaram seus
clubes ao fim da 22ª rodada. É o
maior número de mudanças
em média por rodada (1,04) e
por time (1,15) nas edições do
Brasileiro por pontos corridos.
Em relação à última temporada, houve um crescimento de
nas trocas de técnicos por rodadas de 53% e por equipe de
69%. No ano passado, quando o
o torneio contou com 22 clubes, 15 técnicos tinham saído.
Em 2004, foram 18. Em 2003,
com 26 clubes, haviam sido 23.
"Acho que a quantidade de times que serão rebaixados influenciou, além da cultura brasileira", opina o diretor da MSI,
Paulo Angioni, em referência
ao fato de caírem 20% dos times, ou seja, 4 dos 20 participantes do Brasileiro.
O Corinthians, parceiro da
MSI, passou 15 rodadas na zona
de descenso. Na crise, mudou
duas vezes de treinador.
Todos os outros clubes que
trocaram duas vezes ou mais o
técnico durante o torneio também se encontram muito perto
da degola. É o caso de Palmeiras, Fluminense, São Caetano,
Santa Cruz e Fortaleza. Recordista, o time do ABC contratou
Hélio dos Anjos como seu quinto técnico após 22 jogos, incluído o interino Dilson Camargo.
Sobre as trocas, o comandante do Palmeiras, Tite, lembrou
que os times mais bem colocados não demitiram. "Não existe
fórmula mágica", afirma, ao defender trabalhos longos.
Dos 7 primeiros no Brasileiro, 6 não mudaram de treinador: São Paulo (Muricy Ramalho), Internacional (Abel Braga), Grêmio (Mano Menezes),
Santos (Vanderlei Luxemburgo), Paraná (Caio Júnior) e
Vasco (Renato Gaúcho).
"Não existe pressão no São
Paulo. Não somos um caldeirão
como as outras equipes", declara o diretor de futebol do clube,
João Paulo de Jesus Lopes.
"Por isso, temos uma cultura de
manter os técnicos." Segundo
ele, conselheiros e torcedores,
que tradicionalmente pedem a
cabeça dos técnicos, não são
ouvidos pela diretoria.
Mas a dança de treinadores
tende a aumentar. Isso porque
a rodada que começa hoje põe
na parede Oswaldo de Oliveira
(Cruzeiro) e Ney Franco (Flamengo). O primeiro, que dirige
há seis rodadas o time mineiro
e amanhã pega o Juventude no
Sul, vive situação desconfortável após somar só uma vitória.
O segundo, cujo time está na
zona da degola, faz clássico com
o Botafogo e, em caso de derrota, deve perder o cargo. "O Flamengo é um clube popular. Está sujeito a essa pressão", diz o
vice de futebol, Kléber Leite.
O desespero no fim da tabela
levou o presidente do Fortaleza, Ribamar Bezerra, a assumir
a escalação do time antes de
contratar Roberval Davino.
Colaborou PAULO GALDIERI ,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Palmeiras dá início hoje à fase 2 do "projeto Tite" Próximo Texto: José Geraldo Couto: Retrato do Brasil Índice
|