São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Dança de técnicos atinge ápice e evidencia aflição no Nacional

Em 22 rodadas, 23 treinadores deixaram os clubes, em especial na zona da degola

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
RODRIGO MATTOS

DA REPORTAGEM LOCAL Visto como salvador no Corinthians, o técnico Emerson Leão já foi vilão no Palmeiras. Ainda passou pelo São Caetano.
O comandante corintiano é o retrato da explosão de troca de treinadores registrada no Brasileiro-06, que bate recordes.
Até agora, 23 técnicos foram demitidos ou deixaram seus clubes ao fim da 22ª rodada. É o maior número de mudanças em média por rodada (1,04) e por time (1,15) nas edições do Brasileiro por pontos corridos. Em relação à última temporada, houve um crescimento de nas trocas de técnicos por rodadas de 53% e por equipe de 69%. No ano passado, quando o o torneio contou com 22 clubes, 15 técnicos tinham saído.
Em 2004, foram 18. Em 2003, com 26 clubes, haviam sido 23. "Acho que a quantidade de times que serão rebaixados influenciou, além da cultura brasileira", opina o diretor da MSI, Paulo Angioni, em referência ao fato de caírem 20% dos times, ou seja, 4 dos 20 participantes do Brasileiro. O Corinthians, parceiro da MSI, passou 15 rodadas na zona de descenso. Na crise, mudou duas vezes de treinador.
Todos os outros clubes que trocaram duas vezes ou mais o técnico durante o torneio também se encontram muito perto da degola. É o caso de Palmeiras, Fluminense, São Caetano, Santa Cruz e Fortaleza. Recordista, o time do ABC contratou Hélio dos Anjos como seu quinto técnico após 22 jogos, incluído o interino Dilson Camargo.
Sobre as trocas, o comandante do Palmeiras, Tite, lembrou que os times mais bem colocados não demitiram. "Não existe fórmula mágica", afirma, ao defender trabalhos longos. Dos 7 primeiros no Brasileiro, 6 não mudaram de treinador: São Paulo (Muricy Ramalho), Internacional (Abel Braga), Grêmio (Mano Menezes), Santos (Vanderlei Luxemburgo), Paraná (Caio Júnior) e Vasco (Renato Gaúcho).
"Não existe pressão no São Paulo. Não somos um caldeirão como as outras equipes", declara o diretor de futebol do clube, João Paulo de Jesus Lopes.
"Por isso, temos uma cultura de manter os técnicos." Segundo ele, conselheiros e torcedores, que tradicionalmente pedem a cabeça dos técnicos, não são ouvidos pela diretoria.
Mas a dança de treinadores tende a aumentar. Isso porque a rodada que começa hoje põe na parede Oswaldo de Oliveira (Cruzeiro) e Ney Franco (Flamengo). O primeiro, que dirige há seis rodadas o time mineiro e amanhã pega o Juventude no Sul, vive situação desconfortável após somar só uma vitória.
O segundo, cujo time está na zona da degola, faz clássico com o Botafogo e, em caso de derrota, deve perder o cargo. "O Flamengo é um clube popular. Está sujeito a essa pressão", diz o vice de futebol, Kléber Leite.
O desespero no fim da tabela levou o presidente do Fortaleza, Ribamar Bezerra, a assumir a escalação do time antes de contratar Roberval Davino.


Colaborou PAULO GALDIERI , da Reportagem Local


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