São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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TOSTÃO

O craque quase perfeito

Além de possuir habilidade, técnica e criatividade, Kaká é alto, forte, veloz e aguerrido. Símbolo do craque moderno

MÉXICO E Estados Unidos serão bons adversários para o Brasil. Os americanos aprenderam a técnica, executam bem os fundamentos básicos, como o passe, e são muito disciplinados taticamente. Fazem tudo certo, porém só o que foi ensaiado e programado.
Como a habilidade e a criatividade não se aprendem na escola -podem ser aprimoradas-, os americanos não conseguem passar de um mediano limite. Mas dificultam bastante. Geralmente perdem por 1 a 0 das principais seleções, como o Brasil, e ganham de 1 a 0 de adversários que têm bons jogadores, mas que não estão entre as seleções mais fortes, como o México.
Será que Dunga vai colocar novamente na reserva os dois melhores jogadores do mundo, Kaká e Ronaldinho? Isso é tão absurdo quanto a permanência de alguns dirigentes de clubes e federações por longos períodos em seus cargos.
A mudança de posição foi um dos motivos do Kaká ter sido o artilheiro e o melhor jogador da Copa dos Campeões da Europa e ser o grande favorito para ganhar o título de melhor do mundo deste ano.
O Milan jogava com uma linha de quatro defensores, três armadores e o Kaká na ligação entre o meio-campo e os dois atacantes. Hoje, Seedorf é o meia de ligação, e Kaká, um dos atacantes, com total liberdade no campo. Assim jogavam os grandes atacantes (pontas-de-lança) da história do futebol, como Pelé, Zico, Maradona, Platini e outros.
Kaká tem mais características de atacante do que de armador. O meia de ligação é o armador que se destaca mais pelo passe e pela organização das jogadas. O ponta-de-lança é um atacante, artilheiro, que recua somente para receber a bola, trocar passes e partir com ela para o gol.
Na nova posição, Kaká atua mais perto do gol e não precisa recuar para marcar. Ele fica livre para iniciar o contra-ataque. Por isso, por passar a bater pênaltis, por desejar ser um artilheiro e por querer ser cada vez melhor, Kaká tem feito muitos gols e se tornado ainda mais decisivo.
Além da habilidade, da técnica e da criatividade, Kaká é alto, forte, veloz e bastante aguerrido. Ele é o símbolo do craque moderno.
Na Itália, ele aprendeu a utilizar o corpo para sair da marcação e a esperar o momento exato de brilhar.
Antes, ele tentava muitas jogadas impossíveis, perdia a bola e propiciava o contra-ataque.
O craque quase perfeito seria o que unisse a fantasia e a visão dos espaços do Ronaldinho com a força física, a disciplina e a agressividade do Kaká. Os dois possuem excepcional técnica. O único craque perfeito foi o Pelé.
Se o Dunga escalar o Ronaldinho, o Kaká e o Robinho, deveria colocá-los nas posições em que atuam nos seus clubes, com Kaká mais pelo meio e mais próximo do centroavante, Ronaldinho pela esquerda e Robinho pela direita. No Real Madrid, Robinho tem atuado, alternadamente, pelos dois lados. Os três não deveriam ter posições fixas, mas precisam ter uma referência em campo.
Formar um ótimo e eficiente conjunto com os três deveria ser um desejo do Dunga e de todos os técnicos. Parece que Dunga não sonha muito com isso.


tostao.folha@uol.com.br

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