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TOSTÃO
O craque quase perfeito
Além de possuir habilidade, técnica e criatividade, Kaká é alto, forte, veloz e aguerrido. Símbolo do craque moderno
MÉXICO E Estados Unidos serão bons adversários para
o Brasil. Os americanos
aprenderam a técnica, executam
bem os fundamentos básicos, como
o passe, e são muito disciplinados taticamente. Fazem tudo certo, porém só o que foi ensaiado e programado.
Como a habilidade e a criatividade
não se aprendem na escola -podem
ser aprimoradas-, os americanos
não conseguem passar de um mediano limite. Mas dificultam bastante. Geralmente perdem por 1 a 0 das
principais seleções, como o Brasil, e
ganham de 1 a 0 de adversários que
têm bons jogadores, mas que não estão entre as seleções mais fortes, como o México.
Será que Dunga vai colocar novamente na reserva os dois melhores
jogadores do mundo, Kaká e Ronaldinho? Isso é tão absurdo quanto a
permanência de alguns dirigentes
de clubes e federações por longos
períodos em seus cargos.
A mudança de posição foi um dos
motivos do Kaká ter sido o artilheiro
e o melhor jogador da Copa dos
Campeões da Europa e ser o grande
favorito para ganhar o título de melhor do mundo deste ano.
O Milan jogava com uma linha de
quatro defensores, três armadores e
o Kaká na ligação entre o meio-campo e os dois atacantes. Hoje, Seedorf
é o meia de ligação, e Kaká, um dos
atacantes, com total liberdade no
campo. Assim jogavam os grandes
atacantes (pontas-de-lança) da história do futebol, como Pelé, Zico,
Maradona, Platini e outros.
Kaká tem mais características de
atacante do que de armador. O meia
de ligação é o armador que se destaca mais pelo passe e pela organização das jogadas. O ponta-de-lança é
um atacante, artilheiro, que recua
somente para receber a bola, trocar
passes e partir com ela para o gol.
Na nova posição, Kaká atua mais
perto do gol e não precisa recuar para marcar. Ele fica livre para iniciar o
contra-ataque. Por isso, por passar a
bater pênaltis, por desejar ser um artilheiro e por querer ser cada vez
melhor, Kaká tem feito muitos gols e
se tornado ainda mais decisivo.
Além da habilidade, da técnica e
da criatividade, Kaká é alto, forte,
veloz e bastante aguerrido. Ele é o
símbolo do craque moderno.
Na Itália, ele aprendeu a utilizar o
corpo para sair da marcação e a esperar o momento exato de brilhar.
Antes, ele tentava muitas jogadas
impossíveis, perdia a bola e propiciava o contra-ataque.
O craque quase perfeito seria o
que unisse a fantasia e a visão dos espaços do Ronaldinho com a força física, a disciplina e a agressividade do
Kaká. Os dois possuem excepcional
técnica. O único craque perfeito foi o
Pelé.
Se o Dunga escalar o Ronaldinho,
o Kaká e o Robinho, deveria colocá-los nas posições em que atuam nos
seus clubes, com Kaká mais pelo
meio e mais próximo do centroavante, Ronaldinho pela esquerda e
Robinho pela direita. No Real Madrid, Robinho tem atuado, alternadamente, pelos dois lados.
Os três não deveriam ter posições
fixas, mas precisam ter uma referência em campo.
Formar um ótimo e eficiente conjunto com os três deveria ser um desejo do Dunga e de todos os técnicos.
Parece que Dunga não sonha muito
com isso.
tostao.folha@uol.com.br
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