São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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Vazio

Relacionamento conturbado entre prefeituras e clubes de futebol tem resultado em mudanças de endereço e enfraquecimento dentro de campo

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe o repasse de verba pública direto para os cofres de clubes de futebol.
Ela, entretanto, não impede que prefeituras façam parcerias que ajudem a bancar as despesas das equipes.
O modelo, considerado por alguns como essencial para a manutenção dos times do interior, começa a apresentar sua face malvada.
O Grêmio Prudente, que deixou Barueri no final de 2009, e a eminente saída do Guaratinguetá do Vale do Paraíba são os exemplos mais extremos dessa relação, que geralmente começa com brilho em campo e ascensão política, mas termina com maus resultados e desgaste.
Já em Prudente, mas ainda com a base de Barueri, o Grêmio foi semifinalista do Paulista-10. Um semestre depois, é o lanterna do Brasileiro.
O Guaratinguetá também chegou entre os quatro primeiros do Paulista, em 2008. Após ser rebaixado no ano seguinte, voltará a disputar a elite estadual em 2011.
Contudo os dois clubes do interior paulista não são os únicos exemplos. Fundado em 2005, o Duque de Caxias experimentou o auge no período entre sua criação e 2008. Em pouco tempo, alcançou a elite do futebol do Rio e a Série B do Brasileiro.
Não por acaso, esses anos coincidem com o mandato do presidente de honra da equipe, Washington Reis de Oliveira (PMDB), como prefeito da cidade fluminense.
"Era uma relação altamente cordial", afirma o mandatário do clube, Luiz Carlos Martins Arêas. "Utilizávamos todos os complexos municipais e tínhamos ajuda logística. Agora não temos nada, o atual prefeito [José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB)] ignora o clube", declarou.
A mudança na relação entre uma administração e outra é explicada: Oliveira e Zito são adversários políticos.
"Os empresários têm medo de se aproximar da gente e de sofrer represálias", afirma o presidente do clube.
O prefeito de Duque de Caxias rebate. "Eles treinam no Marrentão, que é um estádio municipal. Quem paga a água e a luz é o município", afirma. "A relação é respeitosa, torço para que a equipe cresça. Mas eu não posso tirar dinheiro para dar para o clube", completa Zito.
Outra equipe que aproveitou sua relação amigável com o poder público para galgar espaço no futebol brasileiro foi o São Caetano.
O time cresceu de forma meteórica no final da década de 90, quando a prefeitura da cidade do ABC era comandada por Luiz Olinto Tortorello.
Entre 1997 e 2004, a equipe foi duas vezes vice-campeã no Brasileiro, chegou a uma final de Taça Libertadores e conquistou um Paulista.
Com a morte de Tortorello, a equipe começou a sofrer. Foi rebaixada para a Série B nacional em 2006 e não conseguiu repetir as boas campanhas de anos anteriores.
Em julho, a prefeitura aprovou lei que municipalizou os clubes da cidade e ordenou que o São Caetano devolvesse a área onde está construída sua sede social. A associação não respeitou o prazo e o caso foi parar na Justiça, ainda sem definição.
A intenção do prefeito José Auricchio Júnior (PTB) é transformar o local em centro cultural aberto à população.
O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza, prefere não relacionar a queda da equipe às relações estremecidas com o governo.
"Ele não me pede nada, eu não peço nada a ele", afirma. "O prefeito não é um cara que gosta muito de futebol. Ele não tem o mesmo pique que tinha o Tortorello", declara.


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