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Vazio
Relacionamento conturbado entre prefeituras e clubes de futebol tem resultado em mudanças de endereço e enfraquecimento dentro de campo
LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO
A Lei de Responsabilidade
Fiscal proíbe o repasse de
verba pública direto para os
cofres de clubes de futebol.
Ela, entretanto, não impede que prefeituras façam parcerias que ajudem a bancar
as despesas das equipes.
O modelo, considerado
por alguns como essencial
para a manutenção dos times
do interior, começa a apresentar sua face malvada.
O Grêmio Prudente, que
deixou Barueri no final de
2009, e a eminente saída do
Guaratinguetá do Vale do Paraíba são os exemplos mais
extremos dessa relação, que
geralmente começa com brilho em campo e ascensão
política, mas termina com
maus resultados e desgaste.
Já em Prudente, mas ainda
com a base de Barueri, o Grêmio foi semifinalista do Paulista-10. Um semestre depois,
é o lanterna do Brasileiro.
O Guaratinguetá também
chegou entre os quatro primeiros do Paulista, em 2008.
Após ser rebaixado no ano
seguinte, voltará a disputar a
elite estadual em 2011.
Contudo os dois clubes do
interior paulista não são os
únicos exemplos. Fundado
em 2005, o Duque de Caxias
experimentou o auge no período entre sua criação e
2008. Em pouco tempo, alcançou a elite do futebol do
Rio e a Série B do Brasileiro.
Não por acaso, esses anos
coincidem com o mandato
do presidente de honra da
equipe, Washington Reis de
Oliveira (PMDB), como prefeito da cidade fluminense.
"Era uma relação altamente cordial", afirma o mandatário do clube, Luiz Carlos
Martins Arêas. "Utilizávamos
todos os complexos municipais e tínhamos ajuda logística. Agora não temos nada, o
atual prefeito [José Camilo Zito dos Santos Filho (PSDB)]
ignora o clube", declarou.
A mudança na relação entre uma administração e outra é explicada: Oliveira e Zito são adversários políticos.
"Os empresários têm medo de se aproximar da gente
e de sofrer represálias", afirma o presidente do clube.
O prefeito de Duque de Caxias rebate. "Eles treinam no
Marrentão, que é um estádio
municipal. Quem paga a
água e a luz é o município",
afirma. "A relação é respeitosa, torço para que a equipe
cresça. Mas eu não posso
tirar dinheiro para dar para o
clube", completa Zito.
Outra equipe que aproveitou sua relação amigável
com o poder público para
galgar espaço no futebol brasileiro foi o São Caetano.
O time cresceu de forma
meteórica no final da década
de 90, quando a prefeitura da
cidade do ABC era comandada por Luiz Olinto Tortorello.
Entre 1997 e 2004, a equipe
foi duas vezes vice-campeã
no Brasileiro, chegou a uma
final de Taça Libertadores e
conquistou um Paulista.
Com a morte de Tortorello,
a equipe começou a sofrer.
Foi rebaixada para a Série B
nacional em 2006 e não conseguiu repetir as boas campanhas de anos anteriores.
Em julho, a prefeitura
aprovou lei que municipalizou os clubes da cidade e ordenou que o São Caetano devolvesse a área onde está
construída sua sede social. A
associação não respeitou o
prazo e o caso foi parar na
Justiça, ainda sem definição.
A intenção do prefeito José
Auricchio Júnior (PTB) é
transformar o local em centro
cultural aberto à população.
O presidente do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza,
prefere não relacionar a queda da equipe às relações estremecidas com o governo.
"Ele não me pede nada, eu
não peço nada a ele", afirma.
"O prefeito não é um cara que
gosta muito de futebol. Ele
não tem o mesmo pique que
tinha o Tortorello", declara.
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