São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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MOTOR

Mais dois

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A lista de brasileiros na F-1 ganhou mais dois nomes nesta semana, Antonio Pizzonia, na descendente Jaguar, e Cristiano da Matta, na ascendente Toyota. Nenhum em time de ponta, nenhum em time medíocre.
Apesar de viverem momentos opostos, as duas escuderias, pelo menos em tese, têm longa vida pela frente, leia-se dinheiro de montadora para torrar. A dúvida apenas é saber como gastar, e, nesse item, os japoneses parecem mais espertos que os americanos.
Desde o inesperado sucesso do modelo B194, que levou Schumacher ao primeiro título, a Ford não experimenta sucesso de verdade na F-1. Em 1995, o bicampeonato do alemão, já empurrado pela Renault, comprovaria que muito do segredo daquele carro não estava exatamente no velho Cosworth, mas no projeto de Ross Brawn e Rory Byrne.
Mais tarde, a experiência com Jackie Stewart, cheia de altos e baixos, forçou Detroit a uma decisão: continuar faturando pouco como fornecedora de motores para times médios e pequenos ou partir para a briga com as grandes. A segunda opção venceu, e o espólio da Stewart virou Jaguar.
Claro, até agora o negócio não andou direito, a ponto de o seu Ford, no meio da temporada, ter sido obrigado a reafirmar publicamente que o investimento da montadora na F-1 era de longo prazo, que o objetivo era ser campeão mundial, a papagaiada de praxe nesse tipo de ocasião.
É evidente que houve problemas de comando na escuderia, mas o grande pepino da Jaguar parece ser ter que dividir atenção e uma montanha de investimentos com outras unidades do departamento de competições da fábrica -posso estar enganado, mas não lembro de outra montadora que tenha um leque de categorias tão variado como a Ford.
Pizzonia, no entanto, chega em um momento de renovação do time, como afirmou Niki Lauda na última quinta-feira -"se preciso mudar tudo, tenho que começar pelos pilotos". Começou bem, com duas jovens promessas, o brasileiro, alugado de Frank Williams, e Mark Weber, o australiano mais promissor das últimas décadas.
Em melhor momento, creio, chega Da Matta à Toyota, equipe que estreou este ano com orçamento de grande e promete correr muito mais em 2003 -ao lado de Ferrari e Renault, o time com mais gana de investimento em um grid marcado pela crise.
O mineiro trabalha com a fábrica desde que estreou na Indy e ainda contará com um piloto experiente ao seu lado, Olivier Panis. É o quarto campeão da Indy em oito anos a chegar à F-1, mas o primeiro a não desembarcar em um time de ponta. Reflexo do péssimo momento vivido pela Cart?
Muito mais da conjuntura atual da F-1, cujo mercado de pilotos está literalmente trancado desde que a Ferrari renovou com o time inteiro até o final de 2004. E, até lá, o pessoal vai andar de lado ou sair, como aconteceu com Irvine. Já foi assim neste ano.
Da Matta fez um trabalho sólido na Indy, de longo prazo. Apesar da idade, tem 29 anos, terá que fazer algo semelhante na F-1. A missão de Pizzonia também é longa, sobreviver ao incerto desempenho da Jaguar à espera de uma difícil mas pelo menos possível vaga futura na Williams.
Ou seja, não importa com quantos corra no ano que vem, o bananal ainda vai esperar muito para festejar um novo campeão.

Crise atual
McLaren e Williams, dizem, vão perder patrocinadores de peso neste final de ano. A primeira, a Deutsche Telekom (T-Mobile). A segunda, a cervejaria Veltins, igualmente alemã. Alguém ainda acredita que a Ferrari terá rivais em 2003?

Crise futura
Ron Dennis disse à "Autosport" que os times e a FIA vão discutir em dezembro outros mudanças de regulamento, como a volta do pneu slick, o fim da telemetria ativa e medidas para reduzir o "downforce". Disse também que a negociação será bem dura.

Sem crise
A Petty Racing, empregadora de Christian na Nascar, reconheceu que o sobrenome Fittipaldi é um dos grandes atributos de seu novo piloto. Segundo os Petty, ele será responsável por internacionalizar o nome do time e alavancar negócios fora dos EUA.

E-mail mariante@uol.com.br


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