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MOTOR
Mais dois
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A lista de brasileiros na F-1
ganhou mais dois nomes
nesta semana, Antonio Pizzonia,
na descendente Jaguar, e Cristiano da Matta, na ascendente Toyota. Nenhum em time de ponta,
nenhum em time medíocre.
Apesar de viverem momentos
opostos, as duas escuderias, pelo
menos em tese, têm longa vida pela frente, leia-se dinheiro de montadora para torrar. A dúvida apenas é saber como gastar, e, nesse
item, os japoneses parecem mais
espertos que os americanos.
Desde o inesperado sucesso do
modelo B194, que levou Schumacher ao primeiro título, a Ford
não experimenta sucesso de verdade na F-1. Em 1995, o bicampeonato do alemão, já empurrado pela Renault, comprovaria
que muito do segredo daquele
carro não estava exatamente no
velho Cosworth, mas no projeto
de Ross Brawn e Rory Byrne.
Mais tarde, a experiência com
Jackie Stewart, cheia de altos e
baixos, forçou Detroit a uma decisão: continuar faturando pouco
como fornecedora de motores para times médios e pequenos ou
partir para a briga com as grandes. A segunda opção venceu, e o
espólio da Stewart virou Jaguar.
Claro, até agora o negócio não
andou direito, a ponto de o seu
Ford, no meio da temporada, ter
sido obrigado a reafirmar publicamente que o investimento da
montadora na F-1 era de longo
prazo, que o objetivo era ser campeão mundial, a papagaiada de
praxe nesse tipo de ocasião.
É evidente que houve problemas de comando na escuderia,
mas o grande pepino da Jaguar
parece ser ter que dividir atenção
e uma montanha de investimentos com outras unidades do departamento de competições da fábrica -posso estar enganado,
mas não lembro de outra montadora que tenha um leque de categorias tão variado como a Ford.
Pizzonia, no entanto, chega em
um momento de renovação do time, como afirmou Niki Lauda na
última quinta-feira -"se preciso
mudar tudo, tenho que começar
pelos pilotos". Começou bem, com
duas jovens promessas, o brasileiro, alugado de Frank Williams, e
Mark Weber, o australiano mais
promissor das últimas décadas.
Em melhor momento, creio,
chega Da Matta à Toyota, equipe
que estreou este ano com orçamento de grande e promete correr
muito mais em 2003 -ao lado de
Ferrari e Renault, o time com
mais gana de investimento em
um grid marcado pela crise.
O mineiro trabalha com a fábrica desde que estreou na Indy e
ainda contará com um piloto experiente ao seu lado, Olivier Panis. É o quarto campeão da Indy
em oito anos a chegar à F-1, mas o
primeiro a não desembarcar em
um time de ponta. Reflexo do péssimo momento vivido pela Cart?
Muito mais da conjuntura
atual da F-1, cujo mercado de pilotos está literalmente trancado
desde que a Ferrari renovou com
o time inteiro até o final de 2004.
E, até lá, o pessoal vai andar de
lado ou sair, como aconteceu com
Irvine. Já foi assim neste ano.
Da Matta fez um trabalho sólido na Indy, de longo prazo. Apesar da idade, tem 29 anos, terá
que fazer algo semelhante na F-1.
A missão de Pizzonia também é
longa, sobreviver ao incerto desempenho da Jaguar à espera de
uma difícil mas pelo menos possível vaga futura na Williams.
Ou seja, não importa com
quantos corra no ano que vem, o
bananal ainda vai esperar muito
para festejar um novo campeão.
Crise atual
McLaren e Williams, dizem, vão perder patrocinadores de peso
neste final de ano. A primeira, a Deutsche Telekom (T-Mobile). A
segunda, a cervejaria Veltins, igualmente alemã. Alguém ainda
acredita que a Ferrari terá rivais em 2003?
Crise futura
Ron Dennis disse à "Autosport" que os times e a FIA vão discutir
em dezembro outros mudanças de regulamento, como a volta do
pneu slick, o fim da telemetria ativa e medidas para reduzir o
"downforce". Disse também que a negociação será bem dura.
Sem crise
A Petty Racing, empregadora de Christian na Nascar, reconheceu
que o sobrenome Fittipaldi é um dos grandes atributos de seu novo
piloto. Segundo os Petty, ele será responsável por internacionalizar
o nome do time e alavancar negócios fora dos EUA.
E-mail mariante@uol.com.br
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