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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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ATLETISMO

Presidente de comissão do COI, Sergei Bubka pede equiparação com comitês dirigentes e maior rigor antidoping

Mito do salto quer mais poder a atletas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas pistas, ele se acostumou a superar barreiras cada vez mais intransponíveis. Fora delas, o ucraniano Sergei Bubka, 39, iniciou a luta para ultrapassar mais uma: dar poder aos esportistas.
Em entrevista à Folha, Bubka defendeu uma participação maior do grupo nas decisões políticas do Comitê Olímpico Internacional.
"Queremos ser um dos quatro pilares dentro do movimento olímpico, ao lado do COI, dos comitês de cada país e das federações esportivas internacionais", disse Bubka, que foi eleito no ano passado para dirigir a Comissão de Atletas da entidade hoje presidida pelo belga Jacques Rogge.
Maior nome da história do salto com vara, Bubka detém o recorde mundial da prova (6,14 m), estabelecido em Sestrieri, nos alpes italianos, há nove anos. Quatro anos depois de ter deixado as pistas, ainda é dono das 13 melhores marcas da história da prova.
Seus perseguidores mais próximos, o russo Maksim Tarasov e o norte-americano Jeff Hartwig, ultrapassaram a marca de seis metros três vezes. Bubka superou essa altura em 17 oportunidades.
Nunca um atleta obteve tal supremacia em uma competição do atletismo. Em Mundiais, é dono de seis títulos (Helsinque-83, Roma-87, Tóquio-91, Stuttgart-93, Gotemburgo-95 e Atenas-97).
Dois norte-americanos conseguiram mais ouros do que Bubka. Michael Johnson, o recordista, obteve nove títulos. Carl Lewis, outro mito da modalidade, é dono de oito conquistas mundiais.
Porém Johnson e Lewis tiveram vitórias em três provas diferentes. Além disso, contaram com o auxílio da supremacia dos EUA nas disputas de revezamento.
Bubka obteve até um pódio em família. No Mundial indoor de Paris-85, levou o ouro e viu Vasiliy, seu irmão, ficar com o bronze.
Atualmente, ele lamenta o baixo nível técnico de sua prova. Neste ano, Giuseppe Gibilisco foi campeão mundial em Paris ao saltar 5,90 m -a marca não está nem entre as 50 melhores da história.
"Vejo hoje a decadência do salto com vara. Infelizmente, de tempos em tempos, isso acontece. Mas temos uma nova geração de saltadores como [Dmitri] Markov, [Romain] Mesnil, Gibilisco, [Okkert] Brits, [Patrik] Kristiansson, [Tim] Lobinger e Hartwig. Desejo toda a sorte a eles."
Para Bubka, a experiência acumulada em 26 anos de carreira agora o auxilia na nova função.
"Conheço as necessidades dos esportistas e o que influencia um bom desempenho olímpico", diz.
Para incentivar o engajamento dos atletas -classe que o próprio dirigente admite ser pouco participativa-, o ucraniano planejou algumas iniciativas a serem implantadas nos Jogos de Atenas.
"Estamos prontos para ouvir a todos na Vila Olímpica ou nos locais de competição. Além disso, pela primeira vez, teremos escritório próprio", disse Bubka, que quer imprimir um jornal no local.
Na capital grega, as estrelas do evento também irão eleger quatro novos membros da comissão.
"Vamos vistoriar tudo para que haja as melhores condições de treino e moradia durante a Olimpíada", declarou o ucraniano.
Preocupado com os recentes escândalos relacionados a novas drogas, ele pede ainda mais rigor nos controles. "Acho que o doping é a maior ameaça ao esporte no século 21. Por isso, é necessário respeito à lista de substâncias proibidas e transparência nos julgamentos", afirmou Bubka.
"Nossa comissão quer participar ativamente da guerra contra as drogas. É importante que os procedimentos antidoping sejam aplicados a todos os esportes e em todos os países", completou ele, defendendo a adoção do código da Agência Mundial Antidoping.


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