São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Pressão de governadores e CBF barra CPI corintiana

Faltaram só três deputados para que a comissão fosse instalada no Congresso

Líderes de PMDB e PT dizem que investigação iria fugir da idéia original; diretor da CBF ganha passa livre para agir na Mesa Diretora


Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Felipe faz defesa em treino do Corinthians, que no domingo enfrenta o Goiás no Serra Dourada


ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pressão de governadores e da CBF conseguiu inviabilizar a CPI do Corinthians no Congresso, que foi arquivada ontem por falta de apoio. Faltaram três assinaturas para permitir as investigações de denúncias contra o clube paulista e outros times, além de jogadores e empresários do setor.
Os líderes do PT e do PMDB na Câmara orientaram suas bancadas a retirar assinaturas. Muitos deputados disseram que receberam telefonemas de governadores de seus Estados para que recuassem do apoio.
Os defensores da CPI, que chegaram a reunir quase 280 nomes, perderam força nos últimos dias e ontem contavam com 168 deputados e 39 senadores a favor das investigações. Para que a CPI fosse viabilizada, eram necessários 171 deputados e 27 senadores.
Até ontem pela manhã, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) tinha as assinaturas necessárias na Câmara, mas a CBF e congressistas preocupados em perder apoio para seu Estado sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 se articularam e conseguiram retirar 13 delas durante a sessão do Congresso em que o requerimento seria lido.
Ex-funcionário do Senado, o diretor da CBF em Brasília, Vandenberg Machado, circulava pelo plenário e teve acesso à Mesa Diretora durante a sessão. O "passe livre" que lhe permitiu acesso a área restrita aos senadores foi possível porque ele portava crachá cedido pela secretaria geral da Mesa.
A cada novo apoio conquistado pelos defensores da CPI, Machado e deputados contrários convenciam de dois a três a retirarem suas assinaturas.
Ao tomar conhecimento de que a CPI fora inviabilizada, Machado, que não deu entrevista, pegou o telefone. "Conseguimos enterrar por três votos", comemorou.
Os líderes do PT, Luiz Sérgio (RJ), e do PMDB, Henrique Alves (RN), na Câmara orientaram suas bancadas a retirar apoio à CPI. Eles comandam os maiores partidos da Casa. "Ricardo Teixeira [presidente da CBF] conversou comigo e dei toda razão a ele. Se a CPI fosse limitada a investigar o Corinthians não teria problema, mas a gente sabe que não termina assim", disse o peemedebista.
"Orientei e pedi para que os deputados retirassem as assinaturas. A CPI iria jogar holofote sobre algo que já está sendo investigado", disse o petista.
No total, 19 deputados do PMDB retiraram seus nomes; no PT foram 13. No DEM, 14 deputados voltaram atrás no apoio à CPI; no PR, 14.
Minas Gerais foi o Estado que mais retirou assinaturas -o governador Aécio Neves (PSDB) teria articulado a debandada de 22 deputados do Estado. Nove congressistas da bancada de SP voltaram atrás. Os governadores de Goiás, Alcídes Rodrigues (PP), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também atuaram.
Desde que foi protocolada, na última terça-feira, até ontem, 105 deputados e oito senadores retiraram o apoio.
O argumento dos deputados contrários é que, com o fim do rodízio para sediar os jogos da Copa do Mundo, outros países se interessaram por sediar a Copa de 2014 e as investigações poderiam ser usadas pela Fifa para retirar os jogos do Brasil.
"Se o preço para sediarmos a Copa for sufocar o Congresso Nacional, apresentarmos um futebol podre, é melhor que não tenha Copa", disse Silvio Torres, idealizador da CPI.


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