São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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FUTEBOL

Defensor do dirigente afirma que relatório de CPI do Senado não inviabiliza permanência dele no comando da CBF

Teixeira deve ficar e reagir, diz advogado

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Ricardo Teixeira deve permanecer no cargo enquanto se defende das acusações da CPI do Futebol. Quem afirma é Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado do presidente da CBF.
"Se depender de mim, ele vai se defender ocupando o cargo de presidente da CBF. Acho que no campo jurídico teremos todas as chances de nos defender e estabelecer a verdade. O Ricardo está absolutamente tranquilo", disse.
O ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, e senadores que fizeram parte da CPI tentam convencer Teixeira, que está de licença médica, a se afastar de vez da CBF para se defender de eventuais processos que serão abertos contra ele na Justiça.
"De agora em diante, seria melhor para ele sair do fogo cruzado e se defender, porque o Ministério Público certamente levará adiante as investigações da comissão", afirmou o senador Álvaro Dias (PDT-PR), que presidiu a CPI.
A intenção de Melles e da CPI é que Teixeira anuncie ainda nesta semana, provavelmente na quarta-feira, seu desligamento da entidade que preside desde 1989.
Castro disse que há falhas no relatório produzido pela CPI, aprovado por unanimidade (12 a 0) na última quinta-feira. Segundo o advogado, o texto não traz acusações graves contra o dirigente e não prova o envolvimento de Teixeira nos crimes de que é acusado.
O advogado disse ainda que a comissão desprezou no texto documentos importantes que foram enviados pela CBF à comissão. "Os próprios senadores tinham documentos que podiam comprovar que muitas acusações são completamente infundadas."
Nesta semana, provavelmente terça-feira, o relatório da CPI, que pediu ao Ministério Público o indiciamento de Teixeira por suspeitas de irregularidades em diversas operações financeiras, será entregue ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
E o procurador já disse que pedirá ao Ministério Público a agilização das apurações.
Para Castro, isso não será problema. "A CPI é um jogo de emoções. No Judiciário é diferente."
Castro afirmou ter em mãos um documento, assinado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que pode desmontar as acusações da CPI sobre irregularidades que teriam sido cometidas na chamada "operação" Liechtenstein.
De acordo com o relatório da CPI, a operação tem fortes indícios de lavagem de dinheiro. Nela, Teixeira recebeu R$ 2,9 milhões de uma empresa com sede no principado europeu.
Outra operação apontada pelo relatório como tendo indícios de crime diz respeito a US$ 400 mil que teriam "desaparecido" da contabilidade da CBF após terem sido enviados para o exterior.
Segundo a CBF, o relatório está errado, pois tanto a saída como o retorno do dinheiro foram registrados na contabilidade.
Castro, que já atuou para clientes investigados por outras CPIs e é especialista no tema, obteve duas vitórias para Teixeira no STF (Supremo Tribunal Federal), ambas contra as CPIs do Congresso.
Em uma delas, proibiu a divulgação de texto do deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), que foi relator da CPI da CBF/Nike.
Teixeira está de licença médica da CBF. Ele permanecerá fora da entidade pelo menos até janeiro. Até lá, diz um dirigente ligado ao presidente da CBF, ele não deixará o comando da entidade.
O presidente não dá entrevistas sobre o tema CPI desde agosto.
Seus assessores afirmam que Teixeira está tranquilo porque a comissão não conseguiu provar que ele tenha se apropriado de dinheiro da entidade.
A CPI do Futebol disse que todos os documentos enviados pelos investigados foram devidamente analisados e que, se não constaram do relatório final da comissão, é porque não tinham relevância ou consistência.



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