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FUTEBOL
Defensor do dirigente afirma que relatório de CPI do Senado não inviabiliza permanência dele no comando da CBF
Teixeira deve ficar e reagir, diz advogado
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
Ricardo Teixeira deve permanecer no cargo enquanto se defende
das acusações da CPI do Futebol.
Quem afirma é Antônio Carlos de
Almeida Castro, advogado do
presidente da CBF.
"Se depender de mim, ele vai se
defender ocupando o cargo de
presidente da CBF. Acho que no
campo jurídico teremos todas as
chances de nos defender e estabelecer a verdade. O Ricardo está
absolutamente tranquilo", disse.
O ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, e senadores
que fizeram parte da CPI tentam
convencer Teixeira, que está de licença médica, a se afastar de vez
da CBF para se defender de eventuais processos que serão abertos
contra ele na Justiça.
"De agora em diante, seria melhor para ele sair do fogo cruzado
e se defender, porque o Ministério
Público certamente levará adiante
as investigações da comissão",
afirmou o senador Álvaro Dias
(PDT-PR), que presidiu a CPI.
A intenção de Melles e da CPI é
que Teixeira anuncie ainda nesta
semana, provavelmente na quarta-feira, seu desligamento da entidade que preside desde 1989.
Castro disse que há falhas no relatório produzido pela CPI, aprovado por unanimidade (12 a 0) na
última quinta-feira. Segundo o
advogado, o texto não traz acusações graves contra o dirigente e
não prova o envolvimento de Teixeira nos crimes de que é acusado.
O advogado disse ainda que a
comissão desprezou no texto documentos importantes que foram
enviados pela CBF à comissão.
"Os próprios senadores tinham
documentos que podiam comprovar que muitas acusações são
completamente infundadas."
Nesta semana, provavelmente
terça-feira, o relatório da CPI, que
pediu ao Ministério Público o indiciamento de Teixeira por suspeitas de irregularidades em diversas operações financeiras, será
entregue ao procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro.
E o procurador já disse que pedirá ao Ministério Público a agilização das apurações.
Para Castro, isso não será problema. "A CPI é um jogo de emoções. No Judiciário é diferente."
Castro afirmou ter em mãos um
documento, assinado pelo Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que pode desmontar as acusações da CPI sobre
irregularidades que teriam sido
cometidas na chamada "operação" Liechtenstein.
De acordo com o relatório da
CPI, a operação tem fortes indícios de lavagem de dinheiro. Nela,
Teixeira recebeu R$ 2,9 milhões
de uma empresa com sede no
principado europeu.
Outra operação apontada pelo
relatório como tendo indícios de
crime diz respeito a US$ 400 mil
que teriam "desaparecido" da
contabilidade da CBF após terem
sido enviados para o exterior.
Segundo a CBF, o relatório está
errado, pois tanto a saída como o
retorno do dinheiro foram registrados na contabilidade.
Castro, que já atuou para clientes investigados por outras CPIs e
é especialista no tema, obteve
duas vitórias para Teixeira no STF
(Supremo Tribunal Federal), ambas contra as CPIs do Congresso.
Em uma delas, proibiu a divulgação de texto do deputado Sílvio
Torres (PSDB-SP), que foi relator
da CPI da CBF/Nike.
Teixeira está de licença médica
da CBF. Ele permanecerá fora da
entidade pelo menos até janeiro.
Até lá, diz um dirigente ligado ao
presidente da CBF, ele não deixará o comando da entidade.
O presidente não dá entrevistas
sobre o tema CPI desde agosto.
Seus assessores afirmam que
Teixeira está tranquilo porque a
comissão não conseguiu provar
que ele tenha se apropriado de dinheiro da entidade.
A CPI do Futebol disse que todos os documentos enviados pelos investigados foram devidamente analisados e que, se não
constaram do relatório final da
comissão, é porque não tinham
relevância ou consistência.
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