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Por 2012, ingleses "roubam" brasileiro
Jogador de vôlei sem grande destaque no Brasil, Mark Plotyczer passa em peneira mundial e vislumbra Jogos de Londres
Sem tradição no esporte,
Reino Unido chama técnico holandês, caça talentos com dupla cidadania e se inspira na escola de Bernardinho
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio está estampado na
internet. Basta se enquadrar no
perfil, preencher um formulário com informações básicas, e
o candidato entra na disputa
por uma vaga na Olimpíada.
A simplicidade pode até estar
um pouco exagerada, mas não
passa muito longe da realidade
do processo criado pela federação inglesa para, do zero, criar
equipes de vôlei competitivas.
Sem tradição no esporte, o
país tem pressa. São só cinco
anos para formar os times. Sede
dos Jogos de 2012, os britânicos
terão vaga em todas as modalidades no programa de Londres.
Além de colocarem o anúncio na internet ("Você está interessado em fazer teste para a
seleção britânica?", pergunta o
site da federação local), os dirigentes saíram à caça de talentos por todo o Reino Unido e de
jogadores com dupla cidadania
ao redor do mundo.
Os requisitos: ser alto, com
até 25 anos, ter experiência no
vôlei e passaporte britânico.
Em uma das empreitadas,
encontraram Mark Plotyczer,
20 anos, 1,98 m, brasileiro.
No país em que nasceu,
Mark, destaque das categorias
de base do Banespa, concorria a
uma vaga na equipe do São Bernardo que disputa a Superliga.
Na terra natal do pai, já é
apontado como um dos principais nomes do novo elenco.
"Mark tem o perfil que eu
procurava: atlético, jovem e
com um desejo enorme de ser
jogador. Ele está disposto a sacrifícios por isso. Acho que será
um dos líderes dentro e fora da
quadra", afirma o técnico holandês Harry Brokking, recrutado em fevereiro para tocar o
projeto da seleção masculina.
Os britânicos também tentam formar um time feminino e
duplas de praia. Apesar de suas
regiões serem filiadas de forma
independente à federação internacional, o país tem licença
para atuar unificado em 2012.
O grupo já tem um polonês. E
o técnico está de olho em atletas de França, Canadá e Itália,
que receberão convite em abril.
Mark foi chamado por e-mail, enviou um vídeo com suas
atuações e assinou contrato.
Por um ano, receberá salário e
moradia. O sistema funciona
como nos clubes. Se ele for
bem, renova por mais um ano.
"É uma oportunidade única,
conhecer uma cultura nova, jogar na Europa. A estrutura deles é de primeiro mundo", afirma o jogador fluminense.
A primeira parada de Mark
será na Holanda. O técnico
Brokking colocou seu grupo no
campeonato local. A concentração vai até abril, quando o time volta para o Reino Unido.
"Eles aceitaram minha vontade de fazer um programa "full
time". Só assim chegaremos
mais rápido no "segundo escalão". Estamos jogando na Holanda para ter experiência. Para ser bom, você deve fazer
muitas e muitas horas de treino
e jogar no alto nível", diz Brokking, em "estilo Bernardinho".
A partir do ano que vem, os
jogadores devem também ser
encaixados em times europeus.
Em 2009, a equipe jogará a Liga
Européia (equivalente à Liga
Mundial na Europa) e buscará
a vaga para o continental.
Brokking tem um estilo parecido com o de Bernardinho
quando o assunto é suor nos
treinamentos. Fora da quadra,
porém, é mais bonachão, "um
figura", na definição de Mark.
A admiração pela escola brasileira, aliás, ajudou o treinador
a escolher seu novo pupilo.
"Mark aprendeu vôlei no
Brasil. Eu sei que eles estão trabalhando duro para melhorar
suas armas. Espero que ele traga isso para nós", declara.
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