São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Por 2012, ingleses "roubam" brasileiro

Jogador de vôlei sem grande destaque no Brasil, Mark Plotyczer passa em peneira mundial e vislumbra Jogos de Londres

Sem tradição no esporte, Reino Unido chama técnico holandês, caça talentos com dupla cidadania e se inspira na escola de Bernardinho

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio está estampado na internet. Basta se enquadrar no perfil, preencher um formulário com informações básicas, e o candidato entra na disputa por uma vaga na Olimpíada.
A simplicidade pode até estar um pouco exagerada, mas não passa muito longe da realidade do processo criado pela federação inglesa para, do zero, criar equipes de vôlei competitivas.
Sem tradição no esporte, o país tem pressa. São só cinco anos para formar os times. Sede dos Jogos de 2012, os britânicos terão vaga em todas as modalidades no programa de Londres.
Além de colocarem o anúncio na internet ("Você está interessado em fazer teste para a seleção britânica?", pergunta o site da federação local), os dirigentes saíram à caça de talentos por todo o Reino Unido e de jogadores com dupla cidadania ao redor do mundo.
Os requisitos: ser alto, com até 25 anos, ter experiência no vôlei e passaporte britânico.
Em uma das empreitadas, encontraram Mark Plotyczer, 20 anos, 1,98 m, brasileiro.
No país em que nasceu, Mark, destaque das categorias de base do Banespa, concorria a uma vaga na equipe do São Bernardo que disputa a Superliga.
Na terra natal do pai, já é apontado como um dos principais nomes do novo elenco.
"Mark tem o perfil que eu procurava: atlético, jovem e com um desejo enorme de ser jogador. Ele está disposto a sacrifícios por isso. Acho que será um dos líderes dentro e fora da quadra", afirma o técnico holandês Harry Brokking, recrutado em fevereiro para tocar o projeto da seleção masculina.
Os britânicos também tentam formar um time feminino e duplas de praia. Apesar de suas regiões serem filiadas de forma independente à federação internacional, o país tem licença para atuar unificado em 2012.
O grupo já tem um polonês. E o técnico está de olho em atletas de França, Canadá e Itália, que receberão convite em abril.
Mark foi chamado por e-mail, enviou um vídeo com suas atuações e assinou contrato. Por um ano, receberá salário e moradia. O sistema funciona como nos clubes. Se ele for bem, renova por mais um ano.
"É uma oportunidade única, conhecer uma cultura nova, jogar na Europa. A estrutura deles é de primeiro mundo", afirma o jogador fluminense.
A primeira parada de Mark será na Holanda. O técnico Brokking colocou seu grupo no campeonato local. A concentração vai até abril, quando o time volta para o Reino Unido.
"Eles aceitaram minha vontade de fazer um programa "full time". Só assim chegaremos mais rápido no "segundo escalão". Estamos jogando na Holanda para ter experiência. Para ser bom, você deve fazer muitas e muitas horas de treino e jogar no alto nível", diz Brokking, em "estilo Bernardinho".
A partir do ano que vem, os jogadores devem também ser encaixados em times europeus. Em 2009, a equipe jogará a Liga Européia (equivalente à Liga Mundial na Europa) e buscará a vaga para o continental.
Brokking tem um estilo parecido com o de Bernardinho quando o assunto é suor nos treinamentos. Fora da quadra, porém, é mais bonachão, "um figura", na definição de Mark.
A admiração pela escola brasileira, aliás, ajudou o treinador a escolher seu novo pupilo.
"Mark aprendeu vôlei no Brasil. Eu sei que eles estão trabalhando duro para melhorar suas armas. Espero que ele traga isso para nós", declara.

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