Rompido com a FPF por causa do episódio da troca do juiz do jogo final do Nacional, clube pensa em boicotar torneio

Usar time de segunda linha na competição organizada pela entidade seria maneira de demonstrar desconforto sem descumprir contratos

RICARDO VIEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O rompimento do São Paulo com a Federação Paulista de Futebol pode ir além da saída de seu representante Ataíde Gil Guerreiro -que se demitiu do cargo de vice-presidente da FPF- e da não participação nas reuniões da entidade.
A indisposição do hexacampeão nacional com o órgão que dirige o futebol no Estado pode levar o clube a usar um time reserva no Campeonato Paulista.
A diretoria do clube cogita colocar a competição em segundo plano e priorizar a preparação para a Libertadores.
Seria uma forma de o São Paulo demonstrar seu descontentamento com a entidade sem descumprir contratos.
"Não temos mais nenhuma relação amistosa com a federação. Mas isso não significa que nós vamos nos desfiliar, que vamos deixar de disputar o Paulista. Até porque temos respeito com os patrocinadores da competição, inclusive uma rede de televisão com a qual assinamos um contrato", disse ontem João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do clube.
Indício de que a ameaça do clube pode ser real é a alteração na programação de 2009. A reapresentação dos atletas, que estava marcada para o dia 8 de janeiro, foi alterada para o dia 12. A estréia do clube no Paulista será no dia 21, ante o Ituano.
O clube tricolor não acredita que a utilização de um time de segunda linha no Paulista possa trazer prejuízo financeiro.
"Nossa torcida não costuma ir em peso no Paulista. Em vez de 5.000 torcedores, teremos 3.000 nos jogos", disse ontem Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do clube.
Na madrugada de ontem, na festa de comemoração do título Nacional em uma churrascaria em São Paulo, a cúpula do clube do Morumbi não escondia a irritação com a FPF.
"Ficamos espantados porque não imaginávamos que a federação, assim como qualquer outra federação com um de seus filiados, teria uma postura como essa. A entidade que criamos tem a obrigação de nos defender", falou Jesus Lopes.
Ontem, em entrevista na FPF, Marco Polo Del Nero, presidente da entidade, afirmou que espera uma reaproximação com o clube tricolor.
"Não temos interesse em romper com nenhum clube. Vamos convidá-los a vir a federação, e eles poderão vir ou não. Mas acho que não vão nos convidar para os festejos."
Na comemoração pelo título, questionado se a possibilidade de reaproximação existia, Jesus Lopes foi irônico: "Se descobrirmos de onde vêm os discos voadores, talvez sim".


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