São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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BOXE

"A Maravilha Brasileira"

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"As pessoas dizem que, para lutar boxe, tem de quebrar o nariz. Tinham de quebrar o nariz de quem fala isso."
Essa não é a transcrição exata de um dos textos do saudoso Ralph Zumbano, quando fomos companheiros na extinta revista "Ring" (que era uma publicação nacional), mas algo aproximado.
Radical? Eu mesmo, à época, no fim dos anos 80, para ser mais preciso, não apreciava seu estilo.
O achava truculento, mas seus textos (que fazia com o sobrinho famoso, o ex-bicampeão Eder Jofre) eram alguns dos primeiros que lia quando recebia a revista.
Anos mais tarde, quando o conheci, desfiz aquela imagem.
Ralph era uma "moça" (no bom sentido), brincalhão e comunicativo, característica fundamental para que depois fosse deputado.
Mas o mais importante foram suas atuações no pugilismo.
Como amador, representou o Brasil na Olimpíada de Londres-48, onde foi eliminado nas oitavas-de-final pelo futuro campeão mundial Wallace "Bud" Smith. Foi apelidado de "A Maravilha Brasileira". No profissionalismo, foi campeão nacional dos leves.
Como boxeador, Ralph tinha como principal característica a técnica apurada, tanto que ficou conhecido como "o bailarino". Porém não tinha muita pegada.
Depois de pendurar as luvas, Ralph tornou-se treinador. Como tal, seu maior achado foi o pesado Adilson Rodrigues, o Maguila.
"Cheguei a fazer luva com o Ralph, dava para perceber como ele era cerebral, procurava utilizar suas deficiências contra você", recorda Sidney Gomes, ex-treinador da seleção brasileira amadora e ex-assistente de Ralph Zumbano na época em que este era treinador da academia do BCN.
Em 2003, Ralph, que morreu no ano retrasado, aos 76 anos, será objeto de duas homenagens.
Primeiro, a Confederação Brasileira de Boxe organiza, a partir de hoje, às 20h, a edição inaugural da Copa Ralph Zumbano. A primeira rodada acontece no Clube Atlético Ypiranga (rua do Manifesto, 475, no Ipiranga, em São Paulo), com entrada franca e transmissão pela BandSports.
As próximas edições estão previstas para ocorrer no ginásio Sacadura Cabral, em Santo André.
A família de Ralph promete presença em todas as rodadas e presentear o pugilista mais técnico da competição com um troféu.
Alguns treinadores afirmaram que a FPB (Federação Paulista de Boxe) estava boicotando a competição ao ameaçar as academias que participassem da copa de exclusão de seus campeonatos.
O presidente da FPB, Newton Campos, que era amigo de Ralph, no entanto, nega tais acusações e afirma que não haverá castigo para quem participar da copa.
"Isso é uma mentira, não haverá punição. O que aconteceu é que para quem me perguntou sobre o assunto, disse que minha opinião é que não deveriam participar, pois a Confederação [Brasileira de Boxe] nunca nos comunicou nada sobre o assunto."
A segunda homenagem será a estréia neste ano de seu neto, o superpesado Raphael Zumbano, 21, na 62ª edição da tradicional Forja de Campeões, organizado pela FPB. Até agora estão inscritos oito superpesados. O sorteio que definirá as chaves acontece na terça.
(Conforme foi publicado no mês passado por esta Folha, a estréia de Raphael marca o retorno do clã Zumbano-Jofre aos ringues).
Duas homenagens justíssimas...

CMB 1
Na segunda, Sirimongkol Singwancha defende o título dos superpenas do CMB contra Yongsoo Choi, em Tóquio, no Japão. O brasileiro Popó já afirmou que gostaria de lutar por esse cinturão.

CMB 2
Ao analisar 2002, Jose Sulaiman, presidente do CMB, lembrou, em e-mail enviado a esta coluna, que os seguros do CMB cobrem todos os pugilistas das programações que envolvam seus títulos, mesmo aqueles que disputem títulos de entidades rivais. A família do panamenho Pedro Alcazar, que morreu em julho passado, após disputar o título da Organização Mundial de Boxe, foi beneficiado por essa política. A soma de US$ 25 mil será encaminhada à Corte de Nevada, onde a luta foi disputada. Em outro tópico, Sulaiman reconheceu que o CMB não possui, e nunca possuiu, os US$ 31 milhões que tem de pagar de indenização ao alemão Graciano Rocchigiani, para quem a entidade perdeu uma decisão judicial.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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