São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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sob tensão

Após mortes, Togo deixa Copa Africana

Torneio começa hoje, dois dias após ataque à seleção togolesa, auxiliar técnico e assessor da equipe não resistem a ferimentos e morrem

Delegação do país, alvo de atentado de separatistas da Província de Cabinda, se reuniria ontem para decidir se continua na competição

Joe Klamar/France Presse
Angolano passa pelo mascote do torneio na capital Luanda

RODRIGO BUENO
SANDRO MACEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mais esperada Copa Africana de Nações começa nesta tarde em Angola marcada por três mortes e pela desistência da seleção nacional do Togo.
A edição deste ano da principal competição do continente foi atingida pela violência anteontem, quando a delegação togolesa foi alvo de uma emboscada pouco depois de seu ônibus entrar em Cabinda, Província de Angola rica em petróleo e que é palco de conflitos separatistas há décadas.
Ontem, foram confirmadas as mortes do chefe de comunicação da equipe, Stanislas Ocloo, e do assistente técnico do Togo, Abalo Amelete, baleados no atentado promovido pelas Forças de Libertação do Estado de Cabinda (Flec). Anteontem já fora anunciada a morte do motorista do ônibus -o veículo foi metralhado.
Outras oito pessoas ficaram feridas, incluindo Kodjovi Obilale, goleiro reserva da seleção, que sofreu dois tiros nas costas e foi levado para Johannesburgo, na África do Sul, para uma cirurgia de emergência.
Na noite de ontem, Togo anunciou formalmente a saída da seleção da Copa Africana. "O governo togolês pediu à sua equipe que regressasse. Não podemos continuar na torneio nessas circunstâncias dramáticas. Os jogadores estão traumatizados", declarou o porta-voz do país, Pascal Bodjona.
O ministro dos Esportes de Angola, Gonçalves Muandumba, descartou adiar o torneio. "Apesar disso [do ataque], o campeonato continuará."
Um comunicado no site do evento, que anteontem não noticiara o atentado, diz que "todas as condições de segurança estão criadas", que o que houve em Cabinda "foi um ato isolado" e que o governo angolano oferece "todo o carinho e apoio moral à delegação do Togo".
Os organizadores do torneio, inclusive, confirmaram ontem que Cabinda permanecerá com sede do Grupo B, no qual estava Togo -Costa do Marfim, Gana e Burkina Fasso completam a chave. A organização, no entanto, não informou se haverá mudanças nos jogos desse grupo.
Horas antes da seleção do Togo anunciar sua desistência, jogadores da equipe pediram o cancelamento da disputa.
"É muito complicado para nós ver a competição seguir depois desse atentado. A situação está comprometida", disse o atacante Thomas Dossevi.
Segundo Dossevi, a equipe deixaria Angola na manhã de hoje. Principal estrela da seleção togolesa e jogador do Manchester City, o atacante Adebayor saiu de Cabinda ontem.
Clubes europeus também manifestaram preocupação com as condições em Angola.
"Não podemos correr risco com os jogadores", afirmou Phil Brown, técnico do Hull City, da Inglaterra. O Portsmouth, também inglês, cobrou da Fifa melhorias na segurança do evento. Já a Udinese, da Itália, pediu o retorno de meio-campista ganês Asamoah.
Ainda ontem, a Fifa negou ligações entre a crise de segurança em Angola e a próxima Copa do Mundo, que acontece em junho na África do Sul.
Apesar do atentado, a Copa Africana de Nações terá sua abertura hoje, às 17h, em Luanda, com a partida em que a anfitriã Angola enfrenta Mali -é a primeira vez que o torneio acontece em um país cujo idioma oficial é o português.
Algumas das principais estrelas do futebol mundial e que estarão na Copa do Mundo no meio do ano poderão ser vistas nos gramados angolanos. Drogba, Essien, Mikel, Eto'o e Yaya Touré são alguns dos craques de seleções integrantes da 27ª edição da competição, que começou a ser jogada em 1957.
Das seis seleções africanas que estarão no Mundial, só a África do Sul, anfitriã do torneio, não se classificou para a Copa Africana -Costa do Marfim, Gana, Camarões, Argélia e Nigéria estão em Angola.
Será a edição de maior visibilidade da história do torneio, que tem como favorita ao título a seleção da Costa do Marfim, que está no Grupo G na Copa do Mundo, o mesmo de Brasil, Portugal e Coreia do Norte.


NA TV - Angola x Mali
ESPN, ao vivo, às 17h



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