São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A vida vai mudar


Para ganhar a Libertadores do Centenário, Mano tem de fazer o que fez no 1º semestre de 2009, com mais opções

O PREPARADOR físico do Corinthians, Walmir Cruz, falou abertamente sobre ter dois times diferentes durante o primeiro semestre de 2010. Um para disputar o Paulistão, outro para a Libertadores, base da temporada. Na história das conquistas brasileiras no torneio continental de clubes, uma começou com discurso absolutamente idêntico: a do Palmeiras, em 1999.
Naquele ano, Felipão contratou jogadores como César Sampaio, Júnior Baiano e Evair para ter opções durante uma temporada repleta por jogos do Paulistão, Rio-São Paulo e Libertadores. O time já tinha Rogério, Roque Júnior e Oséas. Precisava mais. Anunciou dois times, para dois torneios, o que jamais aconteceu.
"A diferença principal deste ano é que teremos uma quantidade muito grande de opções", resumiu Mano Menezes, no início da primeira semana do ano do centenário. Quer dizer que o Corinthians não precisa ter dois times para duas competições diferentes, como aquele Palmeiras não precisou. Precisa saber usar as peças certas na quarta e no domingo, dependendo do adversário, da importância do jogo, da condição física do elenco, do tamanho de cada competição. Em síntese, para ganhar a Libertadores do Centenário, Mano Menezes precisa fazer exatamente o que fez no primeiro semestre de 2009. Com um leque de opções bem maior.
Parece simples. Não é.
Mano sabe escolher palavras com a mesma competência com que escala jogadores. No início da semana, escolheu as frases certas para dizer por que ter atletas experientes será tão importante em 2010: "Todos nós já vencemos e já perdemos".
Parece óbvio, mas indica que cada um dos mais vividos do elenco passou por situações em que fez tudo certo e os resultados não apareceram. E outras em que fizeram tudo errado e as coisas andaram pior ainda. Eles sabem que só há um meio de tudo andar bem: trabalhar certo.
Nada como ter Ronaldo e Roberto Carlos no grupo, para tratar do assunto com exemplos práticos. O mais recente, a Copa de 2006. Ronaldo fez seu 15º gol em Mundiais, colocou seu nome no livro dos recordes como o maior goleador da história das Copas e ainda assim teve sua atuação na Alemanha catalogada como "fraca". E Roberto Carlos?
Não teve culpa nenhuma no gol de Henry e ainda hoje se aponta o dedo em sua direção lembrando a ajeitada na meia contra a França, em Frankfurt. Talvez tenha faltado à dupla, há quatro anos, a certeza de que mais uma vitória numa Copa mudaria suas vidas. Não mudaria.
Ronaldo já era campeão do mundo e o maior artilheiro das Copas. Roberto Carlos já estava na história do Real Madrid, da seleção brasileira, já podia estufar o peito e gritar para todo mundo: "Sou penta!".
Por mais que se pergunte a Ronaldo e a Roberto Carlos se aguardam a convocação para a África, a Libertadores muda mais a vida dos dois do que o hexa. A Libertadores corintiana muda o tamanho de Mano Menezes, a vida de Danilo, Tcheco, Chicão, William... A Libertadores pelo Corinthians é, acredite, a única linha a se acrescentar às fantásticas biografias de Ronaldo e Roberto Carlos.
Mais do que montar dois times, o desafio corintiano é convencer todo mundo disso.

pvc@uol.com.br


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